segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Budismo, reeencarnação e renascimento



Muitas pessoas confundem o budismo com uma doutrina que crê em reencarnação, mas isso não é verdade, porque não existe reencarnação no budismo, não da maneira como se entende reencarnação. Pois não existe nenhuma alma para reencarnar, nenhum espírito, nenhum eu. Há continuidade, mas não de um eu. Somente nosso karma ou nossos impulsos podem permanecer, como movimento que são. E como são movimento, tentarão se manifestar novamente e gerarão um novo ser muito semelhante a nós, com os mesmo desejos e tudo mais, que também olhará para si mesmo e dirá “eu sou”. Este ser até, na infância, pode ter recordações fugazes da existência anterior, mas a perde rapidamente com a idade, chamamos isto, no budismo, de renascimento, em tudo é semelhante ao conceito de reencarnação exceto pelo fato de não haver um eu pessoal que subsiste.

 (Para os que perguntam sobre a tradição dos tulkus no budismo tibetano, o reconhecimento de renascimentos, ela não conflita com este conceito desde que está claro que não se trata de continuidade de um eu, mas sim de continuidade cármica, se houvesse sobrevivência de um eu não se trataria de budismo, pois Buda negou esta possibilidade)

 E porque continua esse ser iludido criando novas identidades vidas após vidas, sem parar, esse ser não passa de um ser cíclico, repetindo sempre os mesmo atos, as mesmas insatisfações, os mesmos desejos e as mesmas tristezas. Como podemos escapar desse ciclo? Somente se mudarmos nossos olhos, os olhos que vêem o mundo. Porque temos olhos de eu, olhamos o mundo como um mundo que age e interage conosco, quando essa interação também é ilusória. Todas as ações e reações das pessoas, todas as coisas que nós temos, todas, são projeções do nosso eu. Nós projetamos nosso eu sobre todas as coisas e as interpretamos de acordo com nosso eu, e este eu é nosso engano.