segunda-feira, 2 de abril de 2018

A Verdadeira Prisão


Quando alguém se ilumina, a saída de Buda, “eu vi a vacuidade do meu eu, me liberei disto, meu carma foi todo trabalhado de tal forma que eu não tenho mais impulsos que se agregam a mim, não faço nada pensando em mim, nada, eu simplesmente vivo”, então esgota-se o carma e ele não precisa se manifestar. Mas significa  que Buda desapareceu? Não. Não é isso. Isso seria a mesma coisa de você dizer que quando uma onda quebrou na praia, deixou de existir a água. Não. Na realidade a água sempre esteve lá e sempre estará lá. O aprisionamento é ficar se manifestando. A verdadeira prisão é ter carma e ficar se manifestando,  repetindo vidas, fazendo sempre as mesmas coisas. Este é que é o problema e é este o problema do qual Buda se livrou. É uma perspectiva completamente diferente da nossa cultura geral que quer que o eu sobreviva para sempre. Uma cultura demasiada individualista, que pensa “eu quero existir para sempre”, mas apoiado de uma série de soluções religiosas que tentam chancelar essa noção de um eu permanente, achando que a felicidade é continuar existindo como um eu, ter vida eterna, numa condição boa, que seria a condição, por exemplo, paradisíaca.