sexta-feira, 30 de março de 2007

Rabino Henry Sobel

Conheço o esforço e o discurso de muitos anos do Rabino Sobel. Neste momento queria dizer que não misturo os atos individuais e particulares de um homem com sua fé. Que só posso conceber que uma perturbação mental o levasse a agir contra o que ele profundamente acredita e defendeu toda sua vida. Não foi jamais um vendedor de benesses, nem um comercializador de intermediações divinas. Sofrem muito todos os que durante tantos anos o tiveram como guia. E neste momento angustiante, ponho-me a seu lado como ser humano que sou, falho e vacilante, transgressor e arrependido de muitos atos, e ofereço minha mão de amigo. Porque é exatamente nestas horas em que todos se afastam temerosos de conspurcar suas imagens que podemos manifestar nossa solidariedade humana. Vejo o drama e arrependimento pelas consequências, e quisera que nossos homens públicos tivessem a mesma arrasadora vergonha quando agem da forma que todos vemos, sem corar nem se esconder, optando pela simples negação mentirosa como se ela obscurecesse a nação inteira. A toda a comunidade judaica e ao Rabino uma mão estendida de quem confia nos princípios morais que estão acima da nossa condição humana.

Folhas no Caminho

O blog Folhas no Caminho, que tem link aí ao lado, publicou um antigo texto de sete anos atrás: Meu amigo terapeuta. Naquela época não era ainda um monge ordenado. Mas me comovi novamente ao reler o que foi postado no dia 29 de março.
O proprietário do blog é o Dhammacariya Ricardo Sasaki, um brilhante professor budista, autor de seis livros já. Melhor do que falar sobre ele é ler seu blog.

Genshô

quinta-feira, 29 de março de 2007

Quero rever ...

Um pai que lê o site www.chalegre.com.br/zendo escreveu uma carta que respondi em privado, seu tema é sensível e a estou editando abaixo, protegendo sua privacidade pela omissão de nomes e frases e com minhas respostas:
- Porém a questão "alma" me causa um certo desconforto. Para ser mais preciso, em 2005 perdi a minha filha .... que nasceu prematura (6 meses) e sobreviveu apenas 12 dias.

R: Ao contrário do que possa parecer, sua filha sempre esteve com vocês,
antes de nascer, e agora ainda está aqui. Justamente pelo nascimento e a morte serem ilusões a nossa verdadeira natureza é una. e além desta aparência de surgir e desaparecer.

- Hoje a minha esposa está grávida de novo e estamos muito felizes com a vinda de ....... nossa outra alegria.
Sinto muito amor por nossa filha falecida e eu e minha esposa costumamos imaginá-la como uma expressão da natureza (uma borboleta, ou um girassol). Sempre imagino que quando eu partir poderei estar perto dela outra vez.

R: Se um dia você puder se iluminar, verá que ela estava aqui, com você,
todo o tempo, e que o verdadeiro engano é este de se supor uma pessoa separada. É este eu pessoal nossa maior ignorância, por causa dele sofremos com idas e vindas e sensações de perda.

- Em termos budistas isso não é possível de acontecer uma vez que somos como
uma "onda cármica" evoluindo positivamente e/ou negativamente (por favor me corrija se estiver errado).

R: Você está certo apenas enquanto temos esta consciência de um eu apartado,
mas esta onda só existe assim enquanto tem energia para se ver separada.

- Temos essa consciência no momento de partida?
Ou meu (eu/não eu) simplesmente se "esvai" numa corrente cármica?

R: Sim, isto sucede, e seu carma produz uma nova manifestação que se dá
conta de um novo eu que constrói a medida que pensa. Mas você não sente estranhas conexões com pessoas que nunca viu antes?

- No caso de um bebê prematuro, ele pode melhorar/piorar seu carma uma vez
que não teve tempo de "aprender" e viver?

R: Muito pouco, mas estabeleceu uma forte conexão cármica com seus pais, de
modo que estes encontros se repetem muitas vêzes. NO BUDISMO HÁ UMA HISTÓRIA DE QUE UM HOMEM EM QUE ROÇAMOS O OMBRO NA RUA, JÁ NOS ENCONTROU EM 500 VIDAS.
- Certamente encontrarei estas respostas no momento da minha partida, mas se pudesse escolher, meu sentimento porminha filha e todos aqueles que amo, não morreria.

R: Mesmo que você não queira, mesmo que não se lembre, esta conexão permanecerá,
e você a encontrará muitas vêzes em muitas vidas, até que a ilusão de serem separados desapareça, então nunca mais haverá perdas nem separações.
Agradeço por ler este e-mail. Ainda estou digamos, "absorvendo" o zen e procurando algumas respostas e pode ser que eu tenha interpretado algo que li de forma errada. Apreciaria muito que me orientasse.

R: Fiquei sensibilizado que me contasse sua história de amor. Gosto de pensar
que agora suas vidas ficam também ligadas as minhas e que nos reveremos infinitas vêzes até que nossas ilusões se extingam.

Com reverência,
Monge Genshô

quarta-feira, 28 de março de 2007

Saikawa Roshi faz caligrafias em Florianópolis

Chegando à encosta.

Este blog tem o mesmo título de um livro, que está sendo preparado, e que aborda o caminho espiritual para quem trabalha no mundo, como eu, que sou um monge zen budista da escola SotoZen, ordenado oficialmente por Saikawa Roshi que é o Sookan (principal autoridade) do Zen para a América Latina e meu professor atual.
Espero que ele possa ajudar aos muitos que se perguntam se é possível conciliar o mundo com o caminho espiritual. A resposta é sim, mas o como é o nosso tema.

Monge Genshô