quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Como meditar com meu vizinho fazendo barulho?

Nestes momentos o que é preciso fazer é tornar-se "um com o barulho" deixar que ele lhe penetre completamente, bater junto com ele, não se opor em nada.
Se você quiser boas condições para praticar como manterá a mente tranquila na hora da morte?

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Ora tenho lucidez, ora desânimo de ir em frente..

Esta barreira é uma ambição que você está carregando, tem o objetivo de alcançar algo. Isto é comum no praticante, agora relaxe, sente descartando esta ambição que é no fundo egoísmo, você quer obter algo, um sucesso, uma coisa qualquer com a prática. Passe a apenas sentar, sem desejar mais nada. Esta barreira só existe porque você a está sustentando com sua ambição.
Assim são os amores e paixões, nós os sustentamos acreditando neles. alimentando-os com nossos desejos e ambições, por esta razão quando surge um novo amor o antigo morre, é porque não há mais ilusão a sustenta-lo.

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Ibiraçu terá “Caminho da Fé”

Ibiraçu terá “Caminho da Fé”

Portal Folha do Litoral

O município de Ibiraçu, no Norte do Estado, vai ganhar em 2007 a “Rota da Sabedoria e da Fé”, a exemplo do caminho de Santiago de Compostela, na Espanha. O estudo que irá definir o percurso para peregrinação e caminhadas de contemplação da região está em fase de conclusão.

A “Rota da Sabedoria e da Fé” visa incentivar o turismo espiritual, cultural e ecológico, através da visitação pública ao Mosteiro Zen Budista Morro da Vargem e 27 igrejas católicas da região, além de cachoeiras, fazendas, paisagens naturais e pontos turísticos localizados na zona rural de Ibiraçu. O estudo está sendo feito por técnicos da prefeitura, Sebrae-ES, secretaria de Estado do Turismo e representantes da Diocese de Colatina e do Mosteiro.

De acordo com o abade do Mosteiro, monge Daiju Bitti, o roteiro poderá ser feito de carro, moto, cavalo ou a pé e contará com mais de 100 quilômetros de caminhos pelo interior de Ibiraçu. Os turistas poderão conhecer várias capelas católicas construídas na época da colonização italiana na região. Uma delas fica localizada na divisa com o município de Santa Teresa, a cerca de 700 metros de altitude.

O monge explicou que a idéia surgiu após o resgate de um mapa com todo o trajeto que foi percorrido por ele há mais de 20 anos pelas capelas do município. “Há mais de 20 anos percorri esse trajeto como prática espiritual, inspirado no caminho de Santiago de Compostela, na Espanha, que atrai milhares de turistas em busca de alto conhecimento e sentido para a vida”, justificou Daiju Bitti.

O projeto está sendo elaborado com o objetivo de melhorar a estrutura de hotelaria, restaurantes, sinalização e instalação de postos de informação turística. Com a implantação da rota, a prefeitura pretende ainda estimular o agroturismo, através da instalação de postos de venda de produtos da terra, entre outras atividades que possam gerar renda alternativa aos produtores rurais.

As igrejas que integração o roteiro da fé são as de Picuá, Rio da Prata, Pedro Palácios, Palmeiras / Itapira, Piabas, Alto Piabas, São Pedro, Rio Lempê, São Benedito, Santo Alexandre, Alto Bérgamo, Morro Alto, Santo Antônio (Igrejinha da Pedra BR-101), Santo Antônio, Valada Maffei, Santa Maria D'Angola, Monte Seco, Caboclo Bernardo, Seminário Nossa Senhora da Saúde, Aricanga, Guatemala, Taquaraçu, Igrejinha de Santo Antônio (Dival Curto), Cascata (São Miguel) e Mosteiro Zen.

Fonte:http://www.ibiracu.com/noticia.php?id=59

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

O Cristianismo também pretende a iluminação?

O objetivo no cristianismo tradicional não é a extinção do ego, a iluminação, é a salvação da condenação pelos pecados, esta é conseguida pela intermediação do Salvador, que carrega os pecados do mundo sobre si, para que o arrependimento seja suficiente, sem que a punição sobrevenha.
Neste diferente contexto a alma vai diretamente ao paraíso, os que recusam a salvação são condenados por toda a eternidade ao inferno. A alma é individual e isto jamais muda, o paraíso é estar na presença de Deus.
Como já vimos a iluminação budista é a extinção do eu individual, a descoberta de nossa verdadeira natureza. Não há uma divindade envolvida nisto, nem alma, nem mandamentos, nem pecado, nem salvadores, nem castigos divinos nem prêmios divinos.

domingo, 26 de agosto de 2007

Cerimônia de preceitos

Saikawa Roshi ministra a cerimônia de Jukai em que leigos assumem os preceitos budistas. Templo Toguetsu, Minas Gerais.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Por que o mestre respondeu assim?

"Ao encontrar um mestre Zen em um evento social, um psiquiatra decidiu colocar-lhe uma questão que sempre esteve em sua mente:
"Exatamente como você ajuda as pessoas?" ele perguntou.
"Eu as alcanço naquele momento mais difícil, quando elas não tem mais nenhuma questão para perguntar," o mestre respondeu. "

Respondendo sua questão:

O mestre provavelmente se refere ao fato de que só é possível alcançar a mente de alguém quando sua mente fica vazia de conceitos preconcebidos, quando mesmo que procure uma pergunta para fazer esta lhe parece uma tolice imensa.
Nesta hora o mestre pode ajuda-lo, antes é inútil, e qualquer explicação encontra muitos mas e porem, e opiniões e argumentos vários. Por esta razão tantas vezes os mestres viram as costas, ou nada dizem, ou ainda mandam o discípulo varrer o pátio ou lavar sua tigela.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Meu filho quer saber, quem é o Buda atual?

Não existe algo como o Buda atual. O fundador do budismo foi Sidharta Gautama Shakyamuni, ele é chamado o Buda histórico. Podem ser chamados de Budas todos os seres que despertam das ilusões, pois Buda significa "acordado". Em outra forma de dizer todos somos budas em potencial, só não o somos porque permanecemos em um sonho de ilusões.

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Wa - A harmonia

Em japonês Wa significa harmonia, é um valor muito estimado na prática do zen. Dizemos "a Sangha, o lugar da harmonia", porque é nesta que praticamos a fala correta que se origina do pensamento correto. Cuidamos o que dizemos e prestamos completa atenção em nossas reações, de onde vem os sentimentos que nos assaltam? De nosso apego? De nosso orgulho? De nosso sentimento de posse? Do desejo de controlar? Sejam quais forem tem sempre origem em nosso grande ego. Assim a prática da harmonia exige que demos cada vez menos valor a nosso ego e suas exigências sem fim.

sábado, 18 de agosto de 2007

Templo Toguetsu em MG

Participantes do sesshin de treinamento de Minas. À esquerda nossa hospedeira Monja Simone Keisen, ao fundo Saikawa Roshi ao lado da tradutora Marta San.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Por que meu destino é infeliz?

Não há destino, tudo é ação e consequência, no entanto marcas cármicas obtidas em uma vida se manifestam em outra vida, com outra identidade e com suas consequências. Mas o que é importante é que você pode mudar o karma que gerou sua vida e identidade atuais, pode modifica-lo com as ações corretas. Boas ações produzem belas consequências cedo ou tarde.
Portanto desconsidere qualquer outra explicação e olhe para a frente. Se tomar as iniciativas corretas, se agir determinadamente, naturalmente os rumos da vida se alterarão.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Monge, sempre aceito mais tarefas e não tenho tempo para nada...

Entrar em novos empreendimentos é uma maneira de se aprisionar na lógica circular de envolver-se em coisas para então estar muito ocupada e se houver alguma folga envolver-se em algo mais de modo que nunca se esteja realmente livre...
Libertar-se passa obrigatoriamente por não aceitar novos empreendimentos e tratar de viver de outra forma, pode ser que simplesmente não vejamos a posssibilidade de viver de uma forma mais livre, com menos compromissos, e isto mesmo parecer ameaçador por não sabermos como usufruir deste modo mais suave de viver.
Isto é o que se chama de ser um workoolic, uma forma de embriaguez na própria atividade incessante, sem pausas, para não ter tempo de pensar-se mais profundamente. O único espaço que resta então é o das próprias emoções, mas elas são um sonho ilusório, não a clareza de uma mente desperta.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Sobre o suicídio

Em 2004 a Revista Veja publicou uma matéria intitulada O Céu dos Suicidas, em que dizia que o budismo via sem restrições o suicídio, e este seria um motivo para a frequência da prática no Japão. O Rev. Prof. Dr. Ricardo Mario Gonçaves escreveu um texto que serviu de base para a carta abaixo , que remetida pelo CBB, infelizmente não obteve publicação:

"A matéria "O céu dos suicidas" tem alguns erros em suas afirmações e apreciações tanto em relação ao Xintoísmo quanto ao Budismo. Nem o Budismo nem o Xintoísmo sancionam a prática do suicídio.

Quem fala em "pecado" no Budismo e no Xintoísmo está tendo uma atitude etnocêntrica porque está projetando sobre outras visões do mundo conceitos próprios do universo judaico-cristão. Sendo o Xintoísmo uma religião arcaica de cunho xamânico não tem nem pode ter noção de pecado, mas sim tabus de impureza e pureza. Quem derrama o próprio sangue ou o de outrem não se torna pecador, mas sim impuro. As mesmas noções aparecem também, por exemplo, na Mitologia Grega, onde há muitos relatos de culpados de assassinato (inclusive deuses!) que se dirigem a santuários para serem purificados da poluição produzida pelo sangue derramado.
Quanto ao Budismo, todo ato produz karma, ou seja, toda ação provoca conseqüências e o suicídio não escapa disto, sendo um ato destruidor e provocador de maus resultados. Nos textos dos Sutras Budistas, vemos o Buda Histórico Sakyamuni advertindo contra dois tipos de desejo contrários entre si:

1- O desejo de autoperpetuar-se indefinidamente, ligado à falsa concepção de um eu estável, ou, alma"atman";
2- O desejo de auto-destruir-se (que é o que conduz ao suicídio)."

terça-feira, 14 de agosto de 2007

O Dharma é ensinado gratuitamente?

Na verdade nada se obtem gratuitamente. Sempre alguém está pagando para que o Dharma seja ensinado, mesmo quando aparentemente é de graça abnegados doadores estão pagando para que isto aconteça, providenciando salas, comida, passagens.
Desta forma o verdadeiro problema não é se é gratuito, mas quem está pagando. Os que ouvem o Dharma de graça tem alguém que paga por eles.

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Saltar no Abismo - Carta a um Aluno


Estava lendo sobre o caminho óctuplo, a seqüência de passos ensinada por Buda para a extinção do sofrimento. O primeiro passo é a visão correta. Significa perceber a impermanência de todas as coisas, a ilusão do eu pessoal.

Ao ler, dei-me conta do quanto nossa conversa tem esbarrado na dificuldade do primeiro passo. Encarar a impermanência e a ilusoriedade do eu é essencial. O primeiro passo é abandonar o apego à existência cíclica.

Ora, estamos apegados às nossas crenças, identidade, amigos, etc. Quando pensamos em abandonar qualquer dessas coisas a que nos agarramos, surge imediatamente um temor. Esse medo e aflição são produto do mecanismo de auto-proteção do ego. O ego está agarrado àquilo tudo e parece que ele equivale àquelas coisas, crenças , afetos , pessoas.

Nosso eu sempre está querendo se ampliar, somar coisas à sua identidade, memórias, amigos, prazeres; quer ser eterno, não abre mão de uma permanência impossível, quer continuar o sonho, como um louco agarrado à sua fantasia. É preciso coragem para largar todo esse apego . É saltar em um precipício sem nada saber sobre o que está lá embaixo.

No entanto, aquele que salta descobre-se subitamente liberto de inúmeras amarras e condicionamentos, que eram nossos donos. Acreditávamos que nós éramos exatamente aquele conjunto de apegos. Como as pessoas que dizem: 'eu sou assim'. Como se esse 'assim' criasse uma identidade que ele chama pelo seu nome.

A nossa verdadeira identidade está muito mais acima desse sonho de peça escolar, é uma identidade luminosa, abrangente, que percebe a inseparatividade de todas coisas, que é ilimitada, não condicionada pela existência cíclica, pelas identidades individuais, compreendendo tudo, percebendo com nitidez sua eternidade não sujeita à mutabilidade de um mundo submerso em condições.

Quero te encorajar a dar este passo. Estás com o pé na beira do abismo e tens medo de saltar. Este medo, sobre o qual escreveste, indica que estás pronto para o salto. É como quando temos medo de descer em uma montanha russa. Mas quando a queda acontece, há uma experiência libertadora e, ao fim, há o prazer de notar que o receio era apenas nossa imaginação e, agora, estamos livres do medo completamente. Nesse momento sentimos uma exaltação, uma euforia por havermos nos libertado daquele medo. Não é diferente espiritualmente, embora a metáfora seja obrigatoriamente pobre, saltar é preciso. E, de preferência, com os olhos abertos.

Veiculado em 04/08/2003 em www.chalegre.com.br/zendo

domingo, 12 de agosto de 2007

sábado, 11 de agosto de 2007

Altar em frente ao mar

Altar buddhista, montado para o casamento de Fábio e Flávia, em frente a praia de Itapema SC.

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Monge, um ente querido se foi...

À luz do Dharma sofremos porque desejamos que as coisas impermanentes, como a vida, sejam permanentes. A solução para este sofrimento é a liberdade e o esclarecimento da iluminação. Com ela perceberemos que não houve esta morte que você lamenta, que na verdade seu ente querido, assim como todos os seres, estamos aqui para sempre, pois partilhamos de uma unidade perfeita, sendo o nascimento e a morte nada mais que ilusões.
Esta compreensão, quando perfeita, nos liberta de todo o sofrimento. Olhe pela janela, junto com as folhas das árvores, ali, está seu ente amado, olhe suas mãos, ele é você, nada está perdido, porque nada surgiu, tudo sempre esteve aqui e nada vai embora da unidade.
Mas compreendo seu sofrimento, também sofro as perdas, e é preciso sofre-las sincera e plenamente. Entendo o pesar de todos que amam, e também me entristeço de que haja tais tristezas no nosso mundo, nós as criamos com nosso desejo de estabilidade e nossa compreensão falha.

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

O Castelo

A chave do castelo
Dentro de mim construí um castelo.
Ali, tenho tudo de bom, tenho tudo de belo.
Nele vibro a um pensamento
todos os acordes de música divina.
A um desejo, sinto todos os sabores
e a um olhar posso conquistar rindo
todos os amores.
Minha pele, contato eterno com o universo infindo,
sente texturas da vida que é, da que foi, da que está vindo.
Os versos mais lindos não se rebelam a meu comando;
sou incansável rei da inspiração
(mas, confesso baixinho:
brincar de ser escravo da musa não me cansa
a inspiração me torna assim,
criança...).
Não, não me perguntes
a cor de torres, muros e telhados,
nem batalhões de guardas
e de fiéis criados,
vastidão de meus domínios,
fundas arcas,
a derramar pelo chão ouro, pedras, prataria,
que relampejam à incerta luz da lamparina,
e entorpecem de cobiça a quem as vê à luz do dia.
Não, essa ilusão que aos homens perde
e que os leva a sofrer angústia e medos
custa pouco para mim e a crio sempre
a um estalar de dedos.
A moeda é outra aqui.
Entrar em meu castelo
percorrer meus domínios,
pisar a maciez de nuvens destas ruas,
contemplar as mil cores de meus arco-iris,
suspirar ao som de acordes musicais
ainda não ouvidos,
vibrar no corpo todo, sensações alucinadas,
como beijos de anjos desafiando os sentidos,
sentir-se irmão da pedra,
filho das nuvens,
pai e mãe das flores,
parceiro de animais,
sabor de manga,
água corrente,
calor da terra,
ser tudo, estar em todos.
Confundir o tempo. Fundir-se à eternidade.
Ah, fruir estes tesouros do castelo!
É preciso ter chave,
e essa chave é ser belo.
Desumanizado
para ser e entender a essência humana.
Entregar-se à vida.
É preciso ser chave.
Para entrar em meu castelo.

Ivo Cardoso (Editor do Jornal Vida Integral)

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Para quem vou tentar difundir o Dharma nestes tempos decadentes?

E você está pronto para ouvir o Dharma? Não pense em realizar algo, em ser bem sucedido com os seres que ajudar, somente ajude, não espere que dê certo, tente, tente, não tenha estes objetivos, apenas caminhe sem fim, " o caminho é infindável, mas me comprometo a segui-lo". Se você pensar que é difícil, porque há poucas pessoas realmente interessadas, você realiza a decadência, se andar, você realiza o Dharma vivo.

Eu perguntei a Saikawa Roshi, qual deve ser meu objetivo? e ele me respondeu, - apenas ande, o caminho se mostra a cada momento. - Abra os olhos.

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Casamento budista

Fábio e Flávia, casam-se em Itapema, em uma cerimônia budista. A tônica emocional e de promessas mutuas faz do casamento budista um rito emotivo.

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Uma coisa só

Mesmo as pessoas que estão no mundo profano devem se concentrar em uma coisa e aprendê-la o máximo possível, para poder realizá-la perante os outros, em vez de aprender muitas coisas, ao mesmo tempo, sem realizar verdadeiramente nenhuma delas. Isto é tanto mais válido para o Dharma de Buda, que transcende o mundo profano e nunca foi aprendido ou praticado a partir do começo sem começo. Nós ainda não estamos familiarizados com ele. Além disso, nossa capacidade é pobre. Se tentarmos aprender muitas coisas a respeito deste majestoso e ilimitado Dharma de Buda, não realizaremos nada. Mesmo que nos dediquemos a apenas uma coisa, devido a nossa natureza e capacidade inferiores, teremos dificuldade de esclarecer o Dharma de Buda completamente em uma vida. Discípulos, concentrem-se em uma coisa só..

Dogen Zengi

sábado, 4 de agosto de 2007

Sesshin em Minas Gerais

Da esquerda: Flávio Joshin, instrutor de meditação, Monge Genshô, Coen Sensei, a mais eminente monja e professora do Zen Soto no Brasil, Shumaia Sodô, postulante a monja em SC instrutora de meditação na penitenciária de Florianópolis, Jane Denkô, Tenzo, redatora e bibliotecária da Comunidade Zen em Florianópolis.

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Origens da meditação

Quando o Dr. Ravindra Panth diz em seu artigo que sila, samadhi e pañña *não* constituem a contribuição peculiar do Buddha à humanidade, isso abre, imediatamente uma ponderação muito interessante. Isso porque, leitores mais superficiais, e mesmo apressados, dos ensinamentos buddhistas estão acostumados a considerar essa tríade como fundamental. No entanto, ainda que fundamental, a afirmação acima nos leva a indagar: 'Qual, então, é a contribuição única do Buddha?'; 'O que Ele realmente ensinou de diferente em relação ao que já existia, permitindo que doravante as pessoas se referissem ao seu ensinamento como algo diferenciado?'

Outra idéia que se deduz de tal afirmação é que sila, samadhi e pañña já existiam, pelo menos numa certa forma, anteriormente à chegada do Buddha no cenário espiritual da Índia. Alguns, por exemplo, não se conformam com a idéia de que a meditação já existia antes do Buddha, ou que a meditação buddhista tenha origem nas antigas tradições hindus, até afirmando que não existiriam registros a respeito. Entretanto, o Dr. Panth diz que: "Existem, também, outras referências que mostram que o conceito e a prática do samādhi também não era algo novo; era conhecido na época como um método de aquietar e controlar a mente. O melhor exemplo disso é o do bodhisatta Siddhattha Gotama que, antes da sua iluminação, aprendeu os mais profundos samādhis conhecidos na época - o sétimo e oitavo jhānas – dos professores Ālara Kālama e Uddhaka Ramaputta. Isto prova que o âmbito do samādhi certamente existia anteriormente ao Buddha. Isso não era algo novo, descoberto por ele".

E ainda que nem sempre seja fácil ter uma idéia precisa das técnicas envolvidas, dizer que não é possível afirmar uma origem da meditação buddhista nas antigas práticas anteriores ao Buddha parece uma afirmação sem qualquer embasamento histórico, similar a dizer que a prática meditativa foi algo absolutamente novo trazido pelo Buddha. Diante da pergunta: "(A meditação buddhista) É a mesma meditação que encontro no Yoga Hindu ou em outras religiões?", o site do CBB responde: "Historicamente, a Meditação (em sânscrito, Dhyana) como técnica específica tem origem nas antigas tradições hinduístas", ratificando aquilo dito pelo Dr. Panth e pelos vários historiadores que já se debruçaram sobre o assunto. Dizer que algo tem origem, entretanto, não significa que esse algo é idêntico. Eu tenho origem em meus pais, mas obviamente não sou idêntico a eles. Lacan tem suas origens no pensamento freudiano, mas obviamente não são idênticos. Daí que a partir desse ponto o site do CBB esclarece a meditação buddhista "conforme a abordagem derivada dos conceitos espirituais demonstrados por Buddha e já apresentada em suas características buddhistas particulares".

Alguns poderiam ficar surpresos ao ver o termo sânscrito "Dhyana" ser usado aqui para a meditação. Etimologicamente, o termo sânscrito "dhyana" está conectado ao termo pali "jhana", o que leva pessoas que não conhecem o sânscrito ou o contexto filosófico do uso desses termos a pensar, enganosamente, que dhyana é idêntico a jhana! Isso é comum ocorrer com estudos superficiais com relação ao Buddhismo, que acabam achando que dhyana é igual a jhana, dhyana é igual a samatha ou samatha é igual a samadhi, e assim por diante, numa verdadeira confusão de palavras e significados.

(Comentários do Professor do Dharma Ricardo Sasaki em seu blog, Folhas no Caminho (link ao lado) )

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Fotolog Daissen Zendô

Por uma cortesia e esforço contínuo de Jane Denkô, podem-se ver fotos de eventos do zen em http://www1.fotolog.com/daissen_zendo na data de hoje uma excelente foto de Saikawa Roshi olhando o pôr do sol perto de Ouro Preto, sobre as montanhas.

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Final de sesshin em Minas Gerais

A vontade como obstáculo

"Quem busca o encontro com Deus, a realização de si próprio, em primeiro lugar tem que ter a energia para buscar a direção da simultaneidade original, o lugar onde está Deus, imóvel, quieto: esta é a direção a percorrer. Mas, paradoxalmente, a dificuldade de chegar até lá está justamente na própria existência dessa vontade. Quando se tem essa vontade, há a idéia de que "eu estou aqui e algo absoluto está lá". Isto é, há a dualidade, há "eu e o absoluto". Fica tudo dual, todas as coisas ficam separadas. É preciso transcender isso, ou seja, na busca, a própria vontade é obstáculo para a realização. Mas se não há a vontade, como chegar lá? Indo, indo, indo e repentinamente reconhecendo que a vontade, ela mesma, é um obstáculo. Aí começa-se a abandonar tudo. Em vez de buscar, é então necessário esquecer, abandonar, cortar, morrer, perder. Dentro da experiência mística, esse tipo de morte não pode faltar. Chama-se "via negativa". A via negativa é depois sucedida pela via positiva, mas primeiro sempre vem essa via negativa. O processo é doloroso mas e necessário passar por ele pois a presença do ego é sempre muito forte. (...)

M. Tokuda
Fonte: www.bodisatva.org