sábado, 31 de maio de 2008

Desespero aproxima birmaneses dos monges budistas e ameaça junta militar


31/05/2008

Reportagem do The International Herald Tribune
Em Kun Wan, Mianmar

Esta cena dificilmente ocorreria se as autoridades nela envolvidas fossem os generais que mandam em Mianmar: quando um comboio de caminhões levando suprimentos para ajuda humanitária, e liderado por monges budistas, passa pelas vilas devastadas pelo ciclone, crianças famintas e mães desabrigadas saúdam os religiosos inclinando o corpo, em um sinal de súplica e respeito.

"Quando vejo essas pessoas, tenho vontade de chorar", afirma Sitagu Sayadaw, 71, um dos mais respeitados monges de Mianmar.

Na clínica improvisada de Sayadaw, nesta vila próxima a Bogalay, uma cidade no delta do Rio Irrawady situada 120 quilômetros a sudoeste de Yangun, centenas de moradores atingidos pelo ciclone Nargis chegam todos os dias buscando a assistência que não receberam da junta militar ou dos funcionários das organizações de auxílio humanitário.

Birmaneses afetados pelo ciclone recebem ajuda em Shwepoukkan, região de Yangun

Eles remam durante horas no rio de águas agitadas, ou carregam os pais doentes nas costas, caminhando pela lama, debaixo de chuva. Todos viajam quilômetros para alcançar a única fonte de ajuda que conhecem e na qual sempre podem confiar: os monges budistas.

O ciclone de 3 de maio deixou mais de 134 mil pessoas mortas ou desaparecidas e 2,4 milhões de sobreviventes que enfrentam a fome à falta de moradia. Recentemente, as pessoas que se abrigaram em mosteiros ou que se congregaram nas estradas, aguardando pela chegada de ajuda, foram novamente deslocadas, desta vez pela junta, que deseja que elas deixem de ser um embaraço para o governo e exige que retornem para as suas vilas "para a reconstrução". Na sexta-feira (30/05), autoridades da Organização das Nações Unidas (ONU) disseram que os refugiados estão sendo expulsos também dos campos de desabrigados administrados pelo governo.

Mas pouca coisa restou das suas casas, e estes indivíduos encontram-se quase tão expostos aos elementos quanto os seus búfalos cobertos de lama. Enquanto isso, a ajuda externa demora a chegar, já que as agências de auxílio humanitário só obtêm gradualmente acesso à região duramente atingida do delta do Irrawady, e o governo confisca os automóveis de alguns doadores particulares birmaneses.

"Em toda a minha vida, nunca vi um hospital. Não sei onde fica a sede do governo. Não posso comprar nada no mercado, porque perdi tudo o que tinha durante o ciclone", afirma Thi Dar. "Assim sendo, apelei para o monge".

Com lágrimas nos olhos, a mulher de 45 anos junta as mãos em um sinal de respeito perante o monge que entra na clínica, enquanto conta a sua história. Os outros oito membros da sua família foram mortos pelo ciclone. Atualmente ela nutre idéias de suicídio, mas não há ninguém com quem possa conversar sobre isso. Certo dia, chegou à sua vila a notícia de que um monge tinha aberto uma clínica a uma distância de dez quilômetros rio acima. Assim, na última quinta-feira, ela acordou cedo e pegou o primeiro barco naquela direção.

Nay Lin, 36, um médico voluntário na clínica Kun Wan, uma das seis clínicas e abrigos de emergência criados por Sitagu na área do delta,
diz: "Os nossos pacientes sofrem de ferimentos infeccionados, dores abdominais e crises de vômito. Eles também necessitam de aconselhamento por causa do trauma mental, da ansiedade e da depressão.

Desde o ciclone, os birmaneses aproximaram-se ainda mais dos monges, e a alienação do povo em relação à junta aumenta. Isso não prenuncia fatos positivos para o governo, que reprimiu brutalmente milhares de monges quando estes saíram às ruas em setembro do ano passado para pedir aos generais que melhorassem as condições de vida da população.

Em todas as vilas atingidas pela tempestade fica evidente quem conquistou o coração do povo.

Alguns monges morreram na tempestade com a população. Agora, outros consolam os sobreviventes, e dividem as moradias enlameadas com eles.

Enquanto o governo era criticado por obstruir as medidas de auxílio humanitário, o mosteiro budista, o centro tradicional de autoridade moral na maioria das vilas desta região, mostrou ser a única instituição na qual o povo pode confiar para obter ajuda.

Os mosteiros no delta - aqueles que ainda estão de pé após a tempestade - encontram-se repletos de refugiados. As pessoas seguem para lá com doações ou como voluntários. Os mosteiros que antes atuavam como centros religiosos, orfanatos e asilos para os idosos, atualmente funcionam também como abrigos para os flagelados.

"O papel dos monges é mais importante do que nunca", diz Ar Sein Na, 46, um monge da vila de That Kyar, na região do delta. "Em um momento de enorme sofrimento como este, o povo não tem ninguém a quem recorrer, exceto aos monges".

Kyi Than, 38, conta que viajou 25 quilômetros de barco até o campo de desabrigados de Sitagu.

"O monge da nossa vila morreu durante a tempestade. Hoje estou muito feliz por ter a minha primeira oportunidade de falar com um monge desde a tempestade. Para nós, os monges são como pais", diz ela. "O governo quer que fiquemos de boca fechada, mas os monges nos escutam".

Enfrentando o mais mortífero desastre natural na história recente do país, os monges mais antigos organizaram as suas próprias campanhas de auxílio.

Todos os dias, os comboios deles passam pelas estradas do delta. Uma figura proeminente nesta iniciativa é Sitagu, cujo nome, ao ser proferido por aqui, gera invariavelmente palavras de reverência ou um sinal de "positivo" com o polegar.

"A meditação é incapaz de remover este desastre. Agora o apoio material é muito importante", diz Sitagu. "Atualmente, no nosso país, não existe um equilíbrio entre o apoio material e o espiritual".

Caminhões carregados de arroz, feijão, cebola, roupas, lonas e utensílios de cozinha, doados por pessoas de todo o país, chegam ao Centro Missionário Budista Internacional de Sitagu, em Yangun, no início de cada manhã. Todos os dias, pouco após o nascer do dia, um comboio de caminhões ou uma barca no Rio Yangun segue para o delta, levando suprimentos e voluntários.

Entre os aldeões daqui, Sitagu parece ter tanta autoridade quanto o papa entre os católicos. Quando ele senta-se em um banco de madeira na sua sede de operações de campo, as pessoas fazem fila para demonstrar respeito. Os aldeões vêm para apresentar listas das suas necessidades mais urgentes. Os monges das vilas vizinhas pedem ajuda para consertar os seus templos. As famílias ricas de certas aldeias ajoelham-se diante dele e doam maços de dinheiro.

No entanto, assim como outros monges experientes, ele precisa manter um equilíbrio cuidadoso. Ele conta com a autoridade moral para falar em nome do povo sofredor, mas precisa também proteger os seus programas e hospitais que fornecem assistência médica gratuita aos destituídos, em um país cujo governo reprova tais iniciativas particulares.

Mas, em uma tarde recente, ao falar no seu abrigo, enquanto uma chuva provocada pelas monções batia contra o telhado, Sitagu parecia estar frustrado com o governo. "Não consigo enxergar um líder político verdadeiro no meu país. A 'via birmanesa para a democracia' pregada pelo general Than Shwe?", questiona ele, referindo-se ao líder máximo da junta militar. "O que é isso?"

Ele defende o levante dos monges de setembro do ano passado, afirmando que o fracasso do governo em proporcionar "estabilidade material" ao povo prejudicou a capacidade dos monges de fornecer "estabilidade espiritual".

Entre os monges entrevistados na região do delta e em Yangun não havia nenhum sinal de protestos organizados iminentes.

Mesmo assim, um monge de 40 anos no campo de refugiados de Sitagu diz que "os monges estão bastante furiosos" com a recente medida do governo no sentido de expulsar os refugiados dos mosteiros, das cabanas à beira das estradas e de outros abrigos temporários, ainda que a mídia estatal esteja repleta de artigos que falam sobre os esforços do governo para ajudar os desabrigados. "O governo não quer mostrar a verdade".

Um jovem monge no mosteiro do distrito de Chaukhtatgyi Paya, em Yangun, prevê que haverá problemas pela frente. "Vocês verão certas coisas voltarem a ocorrer, porque todo mundo está com raiva e desempregado", adverte o monge, que conta que participou da "revolução de açafrão", e que traz uma grande cicatriz sobre o olho direito, provocada pelo espancamento que lhe foi aplicado por um soldado.

Um monge do Estado de Mon, no sul de Mianmar, e que está visitando o delta para constatar os danos e providenciar remessas de suprimentos,
diz: "Para o governo, estas pessoas não passam de animais mortos nos campos".

O confronto efervescente entre os dois pilares atuais da vida em Mianmar - as forças armadas e o clero budista - é evidente nas vilas após a passagem do ciclone.

Pouco após a tempestade, um monge de Myo Thit, uma vila a 30 quilômetros de Yangun, caminhou pelas redondezas com um megafone convidando as vítimas a se abrigarem no seu mosteiro, e pedindo às pessoas que fizessem doações. Os moradores da vila contam que o monge teve que parar, depois que um líder local ligado ao governo ameaçou confiscar o megafone.

A interdependência entre os monges e o povo é muito antiga. Os monges recebem esmolas - comida, remédios, roupas, dinheiro para comprar livros - dos leigos. Em troca, oferecem conforto espiritual. Nas vilas destituídas de escolas do governo, uma educação monástica é freqüentemente a única disponível para as crianças.

"Existe uma relação de reciprocidade entre os monges e o povo", explica Desmond Chou, um estudioso de religiões comparadas, que nasceu em Mianmar, mas que mora em Nova Déli, na Índia. "Se há um incêndio em uma vila de Mianmar, geralmente são os monges, e não os bombeiros, que chegam primeiro ao local para salvar as pessoas".

Cortesia de: Ana Lúcia

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Kannon existe?


Kannon é a expressão em imagem do Buda da Compaixão, é venerada no extremo oriente sob a forma de uma imagem feminina, é como se a qualidade da compaixão se manifestasse sob uma forma compreensível e visualizável e assim pudesse auxiliar os que desejam desenvolver esta qualidade búdica.

Um monge zen perguntou a um mestre:
- Mas, afinal, Kannon existe ou não?
O mestre, sem hesitar:
- Kannon sabe que ela não existe.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Lanternas no mar



Durante cerimônia budista no Havaí lanternas luminosas lembram as vítimas de terremotos e ciclones que tem assolado a Ásia.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Hesito entre a magia e o budismo, o budismo pode salvar da morte ?


Este assunto sempre me preocupa, por uma abordagem diversa: o chamado “caminho do feiticeiro” é um caminho baseado no crescimento de um poder pessoal, ora, por mais poderoso que ele se demonstre é o oposto da libertação de um eu, porque provoca , ao contrário, um grande crescimento da noção de “eu” separado dos outros.
E sim, é verdade que preso a este jogo de poder o carma levará a inúmeras novas manifestações e prisões na armadilha egóica, sempre repetindo o mesmo esquema sem sombra de libertação. Exatamente este “eu” é identificado por Buddha como o grande inimigo, aquele que o enganou a vida inteira.
Veja que no zazen da escola Soto, pede-se que se sente sem ambicionar sequer a iluminação ou qualquer coisa para si.
Sobre a morte, se você considerar que não existe um eu em coisa alguma onde o budismo pretende salvar da morte? Ele pretende , ao contrário, fazer perceber que é a crença em um eu ou uma alma permanente que leva a este medo.
Liberto disto, e encontrando a identidade e unidade de todas as coisas, podemos de outra forma descobrir que morte e nascimento são ilusões, elas simplesmente fazem parte da mente deludida.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Terreno para Templo Zen em Florianópolis



Foto de satélite de terreno cuja área central, o topo de uma colina no norte da Ilha, foi doado por uma praticante zen budista de Florianópolis, para a construção de um Templo Zen e seus anexos. Uma construção provisória já existe no local e faz parte da doação.

sábado, 24 de maio de 2008

Zazenkai



Um grupo de praticantes de Florianópolis em um zazenkai, um dia de prática junto com amigos, com caminhadas, conversas do Dharma, e no qual todos se esforçam para produzir harmonia, não defendendo opiniões, sendo sempre gentis, cozinhando juntos e partilhando o cuidado com as crianças.
O local foi um sítio do praticante Guilherme, em Águas Mornas, com uma paisagem cinematográfica e bucólica, num local onde não chegam nem as ondas dos celulares e o silêncio campestre reina.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

É correto dar esmolas?



O zen budismo, não dá respostas gerais, assim a cada momento você tem que decidir a ação mais correta. Por exemplo, dar ou não uma esmola?
Às vezes será correto da-la naquele momento, naquela situação, às vezes completamente incorreto, e só você pode decidir. Isto é exatamente praticar o Dharma, navegar na fluidez da vida achando a ação melhor e mais compassiva dentro de uma miríade de condições diversas.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Odete Lara




Quem quiser conhecer a nova Odete Lara, aos 77 anos, tem que aquietar o coração, silenciar a mente, esquecer a atriz que apareceu nua nas telas dos cinemas e dirigir-se ao distrito de Coelhos, em Ouro Preto, a 95 quilômetros de Belo Horizonte, no Templo To Guetsu, da monja zen-budista Simone Kei Sen. Por indicação de outra adepta do budismo, a alemã Rita Bön, mestra de sumi-ê, (uma pintura japonesa que funciona como meditação), ela saiu do Rio de Janeiro de ônibus para passar alguns dias em Minas, na companhia da monja Simone.

Entre montanhas azuis, jardins e o repicar de sinos, Odete e Simone acordam cedo, às 5h da manhã, para a cerimônia de meditação. Simone acaba de vestir o manto sagrado para dar início ao ritual que vai até as 6h30, quando as duas tomam o café da manhã ao ar livre, entre cortinas de voal esvoaçantes, enormes almofadas coloridas no chão e um vento que varre as folhas de um inverno muito seco, sem chuvas.

Ordenada monja pela segunda vez, Simone é a anfitriã de Odete Lara e diz que está aprendendo muito com a ex-atriz. Depois de viver uma separação conjugal e de alguns outros percalços na vida, ela ouviu de Odete Lara que deveria "atravessar a dor e seguir em frente". Simone tem recebido "ótimos conselhos dela".

Apesar de nunca ter se preocupado em ser monja, Odete Lara é a própria imagem zen. Amiga do mestre Ryotan Tokuda, hoje um missionário europeu, ela ajudou a construir o Mosteiro Pico dos Raios em Ouro Preto. "Fui uma das obreiras com o mestre Tokuda, a primeira pessoa a falar em ecologia no fim dos anos 70, quando o conheci." Mas Odete não visitava Ouro Preto há 20 anos, o que fez desta vez com Simone, para matar a saudade. "O mosteiro continua lindo, com o painel de Inimá de Paula e o Buda negro que o mestre mandou pôr dentro da mina para reverenciar os negros que morreram lá dentro retirando ouro."

Para Odete Lara, o que importa atualmente é viajar, conhecer outras culturas, paisagens novas, fazer amigos e dizer coisas do tipo: "Beleza é uma expressão da alma. Vem de dentro da pessoa e transparece nos olhos e no rosto. Ilumina tudo".

É por isso que ela continua mais bonita do que quando era símbolo sexual do cinema e do teatro brasileiro nos anos 1960. Indagada sobre as antigas amizades, ela diz que ainda encontra com um ou outro, mas já fez novos amigos. Apesar de morar numa casa de campo em Nova Friburgo, Odete Lara tem um apartamento pequeno, no Bairro do Flamengo, no Rio, em frente à Baía de Guanabara. "Quando está muito frio em Friburgo vou para o Rio, onde faço caminhadas e encontro antigos amigos do meio artístico, troco acenos, conversas, mas estou em outra direção."

Tradutora

Longe do sucesso há 28 anos, Odete Lara não tem celular, telefone sem fio ou TV a cabo e resistiu às tentações do computador o quanto pôde, mas "não tive outro jeito. Uso o computador para redigir as traduções de livros budistas e para enviar e-mail". Afinal, ela já abriu outras janelas na vida. "É muito pisca-pisca e mais de mil janelas que se abrem oferecendo tudo o que você menos deseja." Reconhece, porém, os méritos da tecnologia. "Antes, tinha que despachar tudo pelo Correio e hoje, com um simples clicar do mouse, minhas traduções chegam a qualquer lugar do mundo."

Odete Lara já traduziu oito dos 18 livros do mestre vietnamita, o monge budista Thich Nhat Hanh. "Ele fala direto ao coração das pessoas e mostra que é possível viver em paz, construtiva e eticamente." Odete conviveu com o mestre durante quatro anos no mosteiro da Califórnia, Estados Unidos."

As viagens em busca de um novo sentido para a vida duraram quase 20 anos, desde o primeiro encontro com Tokuda, em 1979. No livro Meus passos em busca da paz, da extinta Editora Rosa dos Tempos e já esgotado, Odete Lara conta toda a sua peregrinação interior e sua passagem pelas várias escolas de meditação oriental, na Índia, Japão, Tibete e San Francisco. Com prefácio do teólogo Leonardo Boff, que diz: "Já se disse que a viagem mais longa e tormentosa não é para a Índia ou o Oriente, nem para a Lua ou para qualquer planeta da esfera exterior. Mas para o seu interior, rumo ao próprio coração".

A ex-atriz é a comprovação de que esse caminho é possível. "Hoje, sou mais observadora, aprendi a dar valor ao que é essencial na vida, a cultivar as sementes boas que cada um tem dentro de si." Perplexa com o mundo em que vive, Odete Lara, porém, faz a sua parte. "É muito consumismo e desrespeito ao próximo. Compreendi que não era feliz, que esse mundo não me satisfazia, pois só pensava em mim, em ganhar dinheiro, me divertir e ter sucesso."

Apesar da turbulência do mundo, onde o dinheiro "é o atual Deus, o único valor considerado, mas o menos importante", ela garante que não quer ter mais do que precisa. E cita Gandhi: "O mundo tem capacidade de produzir para todos, mas não suportará a ganância de poucos".

Sem nostalgia, Odete Lara vive o momento presente. "O melhor é não ficar com a mente no passado nem pensando no que vai acontecer no futuro. Agindo da melhor forma agora, o futuro já está sendo garantido", ensina.

Velhice? Ela afirma que é uma conseqüência natural da vida e que não tem medo da morte. "Para quem viveu a maravilha dos anos 1960 e 1970, já me dou por satisfeita. Já é o suficiente", completa, para se despedir, pois é hora do almoço, com peixe ao molho de manga, batatas cozidas com sálvia, arroz integral, suco de maracujá e a sobremesa elogiada por ela muitas vezes: doce de laranja da terra e queijo-de-Minas, ofertados pela monja Simone.

Déa Januzzi

Fonte: http://www.saudeplena.com.br/noticias/index_html?retranca=06-2708-01a&NN=06-2708-01

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Algumas pessoas me dizem que não "temos" obrigação na vida de fazer alguma coisa e que temos que parar de "ter" que fazer coisas.


Na hora de meditar nada cogitar, voltar ao momento presente. Na hora de planejar fazer sua agenda. Na hora de fazer as tarefas faze-las inteira e concentradamente. Dizer que não temos que fazer as coisas que a vida nos pede é afirmação de quem não entendeu que a vida é para ser vivida plenamente, no que tem de maravilhoso e no que tem de nossas obrigações para com os outros e a sociedade. Um monge tem muitas tarefas e obrigações, mesmo a de responder perguntas, não pode se furtar a isto, mas na hora de ir passear apenas passeia não fica pensando no futuro...

terça-feira, 20 de maio de 2008

O relato da tragédia de Mianmar - Insensíveis os ditadores da "Via Birmanesa para o socialismo"

Um rio com milhares de corpos: o relato da tragédia de Mianmar
Milhares de corpos estão flutuando no delta do Rio Irrawaddy, em Mianmar, mas a junta
Elas desejam transportar para a cidade 70 toneladas de arroz, feijão e água potável engarrafada. As funcionárias da organização foram instruídas a avaliar a situação e fazer os preparativos necessários para a operação de ajuda humanitária planejada. Infelizmente, as duas não foram muito longe. Elas solicitaram uma reunião com as autoridades locais, mas o pedido foi negado.

As funcionárias visitaram campos de refugiados nos quais milhares de pessoas que perderam as suas moradias devido ao ciclone estão em uma situação precária, sofrendo de diarréia, e incapazes de fazer qualquer coisas por si próprias. Elas constataram como os representantes da junta militar vêm até esses campos para contar os vivos (mas não os mortos, que não são mais úteis para o governo).

Soldados entregaram aos sobreviventes cédulas de votação para o referendo constitucional do país. O referendo, que foi adiado na região do delta devido ao ciclone, deverá ser realizado aqui em 24 de maio -apesar de a imprensa controlada pelo governo já ter anunciado o resultado da eleição, que foi realizada na maior parte do país em 10 de maio, conforme originalmente planejado. O governo alegou que 99% dos eleitores votaram, e que 92% do eleitorado birmanês votou a favor da junta.

Elas observaram como folhas de zinco foram distribuídas para famílias de boa situação financeira, para que pudessem consertar os telhados das suas casas de pedra localizadas nas ruas principais, que só foram ligeiramente danificadas pela tempestade. Desta forma tudo terá uma aparência bonita e arrumada quando quer que os generais passarem por essas ruas nas suas limusines pretas.

As funcionárias viram também como os campos foram montados com tendas feitas de folhas de plástico azuis. Mas ninguém está vivendo nessas tendas. Elas serão ocupadas por apoiadores do regime pouco antes de os generais fazerem uma visita, acompanhados da televisão estatal e de repórteres do jornal "Nova Luz de Mianmar", controlado pela junta. Isso é para provar ao povo de Mianmar e do mundo que os generais mantém a situação no delta sob controle.

"Isso teve início com um desastre natural", diz a mulher mais baixa, lutando para conter as lágrimas e controlar a raiva. "Agora a situação diz respeito apenas à política. O que a junta está fazendo aqui é algo tão repugnante que é difícil acreditar".

As mulheres estão sentadas à margem da estrada de concreto próxima a Bogalay porque o desespero fez com que tentassem uma tática diferente.
Em um esforço derradeiro, elas tentam contrabandear os suprimentos de auxílio humanitário para a cidade devastada. Elas fizeram com que o arroz, o feijão e a água fossem acondicionados em caminhões da Cruz Vermelha Birmanesa. Assim os caminhões teriam permissão para entrar na zona de exclusão, já que pertencem a uma organização de auxílio birmanesa.

Mas até o momento nenhum caminhão chegou. De fato, parece que ninguém está vindo para Bogalay. As mulheres temem que o estratagema possa ter sido descoberto. Elas acham que os militares podem ter parado os caminhões em algum ponto do percurso e que os motoristas podem estar impedidos de seguir viagem.

Bogalay fica no delta do Irrawaddy, cerca de cem quilômetros a sudoeste de Rangoon, no meio de arrozais verdejantes. Esta foi a área mais violentamente atingida pelo ciclone Nargis, que abateu-se sobre a região nas primeiras horas da madrugada do sábado, 3 de maio. Ventos de até 230 quilômetros por hora passaram pela região do delta e criaram grandes ondas que subiram o rio. Uma delas atingiu Bogalay, derrubando coqueiros sobre milharais e jogando embarcações contra moradias. Os casebres da população foram simplesmente varridos do mapa.

Há um silêncio sinistro em Bogalay. Não se ouve o som de motosserras, escavadeiras ou tratores. O exército birmanês tem cinco helicópteros, mas durante o dia inteiro nós não vimos nem um deles. Não se ouve sequer pássaros trinando. Os sobreviventes dizem que depois da tempestade os pássaros silenciaram.

Cerca de 200 mil pessoas moram nesta cidade portuária e nas cercas de 500 vilas que ficam em volta dela. A maioria dos moradores é composta de agricultores que cultivam arroz, e que moram em choupanas cobertas com folhas de palmeiras às margens do Irrawaddy e dos milhares de seus afluentes menores no delta. Quase todas as choupanas foram destruídas pela tempestade. Incontáveis corpos flutuam no rio. Dezenas de milhares de seres humanos morreram aqui. O número total de mortos pode chegar a 130 mil. "Por que deveríamos retirá-los do rio?", questiona um sobrevivente. "Mal somos capazes de ajudar a nós mesmos".

Faz mais de duas semanas que Bogalay praticamente não recebe remessa alguma de suprimentos de ajuda. O grau de cinismo demonstrado pelos generais da junta é criminoso. Os sobreviventes têm consciência de que a mídia internacional faz reportagens diárias sobre eles, de que milhões de dólares e toneladas de suprimentos foram doados e de que grande parte desse auxílio já chegou a Mianmar. Mas até o momento eles não receberam qualquer assistência financeira, suprimentos médicos ou sequer arroz para comer.

Mas não são apenas os suprimentos de outros países que estão proibidos em Bogalay; os estrangeiros também estão. A junta colocou soldados de prontidão em postos policiais construídos às pressas. Eles montam guarda em pontes e em entroncamentos de estradas que conduzem ao delta, e inspecionam cada veículo que passa, gritando: "Naingchartar?" ("Estrangeiros a bordo?"). Todos que não forem birmaneses ou que não apresentarem uma permissão oficial são obrigados a sair do veículo.

Nós chegamos à cidade pouco depois do pôr do sol. Tivemos que fazer três tentativas até conseguirmos chegar aqui. No início do dia fomos parados por soldados que anotaram os números dos nossos passaportes, ainda que não conseguissem lê-los (e o fato de segurarem os passaportes de cabeça para baixo provavelmente não ajudou). Eles ordenaram ao nosso motorista que desse meia-volta e retornasse a Rangoon.

Nós vagamos por estradas de cascalho durante horas a fio, vendo apenas arrozais e pessoas esmolando à beira da estrada. Procuramos nos esconder na traseira do táxi no qual viajamos. Os nossos ajudantes birmaneses colocavam casacos e cobertores sobre nós todas as vezes em que surgia um posto policial.

"Precisamos de um telhado sobre as nossas cabeças"
Em Bogalay, fomos acolhidos por um médico que mora em uma rua simples. São 20h e a sala de tratamento está lotada de pacientes. Uma mulher usando um sarong rasgado entra às pressas. Ela é de uma da vilas ao longo do Irrawaddy que foram totalmente destruídas. A mulher viajou quatro horas de barco até chegar aqui. Ela carrega uma criança nos braços. É o seu neto. A filha, cujo bebê ela tenta salvar, e oito outros membros da família foram mortos pela tempestade. Faz uma semana que o neto dela tem febre e diarréia. A criança vomita e começa a chorar.

O médico fala com uma voz alma e reconfortante. Não há muito que ele possa fazer -o seu armário de remédios dá a impressão de ter sido saqueado. Caso uma epidemia de desinteria ou tifo irrompesse de fato aqui, ele não poderia fazer nada, a não ser fugir.

O médico nos leva até um jovem monge de cabeça raspada que usa óculos de estilo antiquado. Ele não pergunta nada e nos recebe com um sorriso gentil. O monge usa um robe vermelho-escuro, e, no mosteiro, está sentado em uma cadeira parecida com um trono. Nos bons tempos os fiéis vêm até aqui, ajoelham-se em frente a ele três vezes, e lhe oferecem esmolas e comida como forma de melhorar o karma. Essas pessoas acreditam que, quanto mais doarem, mais fácil será a próxima vida. E caso aconteça algum desastre, elas crêem que isto se deve a algo que fizeram em uma vida anterior.

À noite, quando todos estão dormindo, o monge coloca um rádio transistorizado junto ao ouvido e escuta a "BBC" e a "Free Asia".
Essas estações foram proibidas pelo regime militar, mas mesmo assim quase todos as ouvem em Mianmar. Bogalay é freqüentemente mencionada nesta noite em particular.

Antes da aurora o monge caminha conosco pelas redondezas. Uma escola próxima ao mosteiro foi transformada em um campo para acolher 1.400 pessoas que ficaram desabrigadas pela tempestade. As pessoas usaram mesas e cadeiras para fazer camas. Elas agacham-se em poças enlameadas de água no refeitório da escola. A água da chuva pinga sem parar do telhado de zinco. Crianças jazem em poças de água escuras e mulheres preparam sopas ralas em fogueiras. Lenha é a única coisa que não está em falta por aqui.

Aonde quer que o monge vá, as pessoas aglomeram-se à sua volta. Elas o convidam para entrar em suas casas destroçadas e fazem chá para ele. Ele as conforma sem falar muito. Ele simplesmente as apóia com a sua presença.

O monge nos leva até o porto. Aqui, também, casas desabaram, telhados foram arrancados e paredes desmoronaram. A barca de Rangoon está atracada em um píer no qual chegou dois dias atrás com produtos "Made in Myanmar". Ajudantes carregam água engarrafada da barca, bem como alguns sacos de arroz e frutas. Os soldados montam guarda no cais, com metralhadoras dependuradas nos ombros, observando atentamente cada movimento. Esta é a cara da junta. "Primeiro eles estocam os mantimentos", diz o monge. "Depois, avaliam cuidadosamente o que distribuirão e a quem. Esse processo pode demorar dias. De qualquer forma, não haverá o suficiente para todo mundo".

O monge fala com o dono de um depósito de barcos, que consegue alguma gasolina e nos ajuda a entrar em um barco de metal enferrujado. O monge agacha-se, segura-se à borda da embarcação e olha para a água amarronzada. De vez em quando ele aponta para a margem, ao enxergar mais um corpo, mas na maioria das vezes não diz nada. Esta é a primeira vez desde a tempestade que ele olha a cidade a partir do rio. Aquilo que ele vê faz com fique em silêncio.

Os corpos estão inchados, com a pele amarela coberta de pústulas negras.
Cada onda leva-os para mais perto da margem. Alguns encontram-se emaranhados nos juncos. Uma perna amputada desponta entre as raízes de uma árvore. Os sobreviventes caminham pela margem, segurando panos sobre o nariz na tentativa de se protegerem do odor adocicado nauseabundo exalado pelos corpos putrefatos. Apenas alguns metros adiante algumas pessoas pescam, lavam as roupas e cozinham as suas últimas reservas de arroz em latas de zinco.

Tha Mynt está em uma pequena ilha feita de terra aluvial. A sua vila consistia de 80 casebres de bambu. Agora só cinco estão de pé. A metade das 400 pessoas que moravam aqui morreu. Tha Mynt está de pé na beira d'água. Ele está descalço e usa uma camiseta rasgada. Vizinhos sentam-se nos caibros do seu casebre, ajudando-o a cobrir de novo o telhado, usando para isso pequenas lascas de madeira em vez de pregos. Eles queimam destroços das cabanas destruídas e arroz estragado pela enchente.

Tha Mynt nos diz que, na noite em que a tempestade atingiu a área, ele não fazia a menor idéia do que estava por acontecer. Não houve nenhum aviso. Não há energia elétrica nas aldeias, e, freqüentemente, também não existe nenhum aparelho de rádio. Quando o vento começou a soprar e a chuva a cair, ele abrigaram-se nas choupanas. Quando estas começaram a desabar, eles pularam no rio, com água pelo pescoço, e agarraram-se a troncos de coqueiros. As mulheres amarraram os seus bebês nas costas com roupas. Mas a tempestade rasgou as roupas, fazendo com que os bebês se soltassem.

Tha Mynt conta que na manhã seguinte eles sentaram-se na margem do rio, paralisados pelo choque e a exaustão. Os seus bens, as suas imagens do Buda, o dinheiro que ganharam com a colheita do arroz e que mantinham em caixas de metal no altar do Buda, tudo foi carregado pela inundação.
Eles mandaram as suas mulheres e os seus filhos para a cidade, para ficarem com parentes, e a seguir jogaram no rio os corpos dos moradores mortos e dos búfalos afogados para que fossem levados pela correnteza.
Não havia mais nada que pudessem fazer.

O que acontecerá agora? Tha Mynt dá de ombros. "Primeiramente, precisamos de um telhado sobre as nossas cabeças e de alguma coisa para comer", diz ele. "Depois, veremos o que vamos fazer". Por que ele não está chorando? Por que não expressa desespero e nem reclama? Por que não está furioso? O monge diz que o povo daqui vê a borrasca como um destino, um sinal de mau karma. Mas eles também culpam a junta militar.

Eles vêem a tempestade como uma punição pelo fato de o exército ter espancado brutalmente e matado monges em setembro passado, quando eles protestaram contra o regime. Mas, no final, como sempre, quem arca com a maior parte do sofrimento é a população em geral.

O monge ordena que o barco continue subindo o rio. Ele quer ter uma imagem da dimensão do horror. Mas agora ele não emite uma só palavra.
O capitão do barco é um garoto de apenas 16 anos. Ele usa um boné de beisebol com a foto de Che Guevara e tem um cigarro atrás de cada orelha. O adolescente diz que mais acima há um numero ainda maior de corpos boiando na água -são tantos que é difícil passar por eles de barco.

Inicialmente os sobreviventes remaram até lá em canoas, procurando por familiares desaparecidos. Agora o odor de corpos podres é tão insuportável que deixa as pessoas nauseadas e incapazes de identificar os mortos.

O jovem capitão diz que cadáveres geralmente não têm nenhum significado para os budistas. Mas até mesmo ele acha a imagem perturbadora.

"Se ninguém ajudar essas pessoas, nós, birmaneses, teremos que ajudá-las"
O capitão pára em um moinho de arroz. O moleiro e a sua família só sobreviveram ao ciclone porque naquela noite refugiaram-se na área de depósito de arroz. Eles sentaram-se no topo de uma pilha de sacas de arroz, aglomerados, tremendo de frio e medo, recitando orações budistas a noite toda. Depois que a tempestade acabou e o sol voltou a surgir -o céu estava azul nos primeiros dias após o ciclone- a filha do moleiro deu a luz a uma criança. O bebê nasceu muito prematuro, mas está saudável, pelo menos por ora.

O monge indica que deseja partir. Ele nos mostra uma trilha sinuosa que leva a uma ponte localizada nos arredores da cidade. Ele abre o seu guarda-chuva, que é vermelho-escuro como o seu robe, sorri para nós e desaparece no lusco-fusco.

Alguns quilômetros fora da cidade, as duas mulheres birmanesas ainda estão aguardando os caminhões carregados de arroz e outros suprimentos.
À noite elas retornarão a Rangoon, extremamente frustradas por não terem conseguido cumprir a missão da qual foram incumbidas.

No caminho de volta, os dois birmaneses que nos acompanharam de Rangoon a Bogalay começam a fazer ligações nos seus telefones celulares. O que eles viram os deixou chocados. Agora eles querem fazer alguma coisa, superar a sensação de impotência.

Eles telefonam para pessoas que têm dinheiro e influência -monges proeminentes, empresários chineses e russos que estão nos principais hotéis internacionais. Eles passam horas pedindo doações em dinheiro, roupas e alimentos. Enquanto estávamos no barco eles tiraram fotografias dos corpos, usando o zoom de suas câmeras para obter imagens em close-up. Não foi algo fácil, mas eles sabiam que precisariam de fotografias para mostrar a possíveis doadores. "Caso contrário eles não acreditarão em nós e não nos darão nada", disseram. No dia seguinte eles querem alugar um caminhão e seguir para Bogalay. "Se ninguém mais ajudar essas pessoas, nós, birmaneses, teremos que ajudá-las".

Podemos ver o Pagode Shwedagon, uma estrutura famosa de Rangoon, com o seu brilho dourado à distância. O dano causado pela tempestade ao telhado foi consertado rapidamente, e à noite ele está novamente iluminado por holofotes amarelos. Pode-se ver funcionários de organizações de auxílio humanitário usando botas pesadas e calças de trabalho sentados e de pé nos saguões dos hotéis. Eles aguardam pelo início de uma missão que provavelmente jamais ocorrerá. Esses indivíduos não podem fazer nada antes que a junta lhes conceda autorização.

Diplomatas ocidentais e delegações da Organização das Nações Unidas
(ONU) apresentam planos para missões e preparam-se para reuniões em Naypyidaw, cidade que foi declarada a nova capital administrativa do país. Eles ainda não desistiram.

O general Than Shwe, o líder da junta, continua passando a maior parte do tempo em reclusão em Naypyidaw. O general é um homem supersticioso que não confia em ninguém, a não ser no seu astrólogo. Ele optou por se isolar do seu povo e do resto do mundo na bizarra nova capital.

Existe pouquíssima informação sobre a vida dele, mas um vídeo de dez minutos do casamento suntuoso da sua filha pode ser visto no YouTube. É um espetáculo decadente, mostrando a filha dele com o cabelo cheio de diamantes e usando um vestido de casamento feito mais fina seda. Vê-se também um bolo de casamento de cinco andares e muita champanha que foi servida aos convidados. Em meio a todo esse esplendor, pode-se ver o ditador empanturrando-se sem nenhuma manifestação de alegria, enquanto lá fora o seu povo passa fome.

Naypyidaw fica 350 quilômetros ao norte de Rangoon, no meio da selva. É como se a cidade estivesse em um outro planeta.

Tradução: UOL
fonte:http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/derspiegel/2008/05/20/ult2682u798.jhtm

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Kyosaku - O bastão da compaixão


O kyosaku é muito mal compreendido, depois que experimentamos seu efeito tratamos sempre de pedi-lo quando sentimos necessidade. Embora pareça algo violento na verdade é relaxante e de grande ajuda em longos retiros.

Antes que alguém pense que só a Soto Zen (minha escola) usa o kyosaku, as diferenças são assim:

Escola Soto: o bastão bate nas costas na altura do trapézio, é usado pelas costas do praticante, este não vê o movimento do bastão.
Escola Rinzai: O bastão é aplicado pela frente, os monges meditam de frente uns para os outros ao contrário da Soto em que se voltam para a parede, alguns acham isto mais assustador.
Escola Son: (zen coreano) Tanto de frente como de costas para a parede, usa-se também bater nos músculos intercostais ao longo da coluna, para isto o meditante que solicita o bastão tem que se inclinar até o chão.
Em todos os casos é muito relaxante para a musculatura das costas, e eficiente para limpar a mente em caso de turbulência e angústia.

domingo, 18 de maio de 2008

Sobre o seqüestro do Panchen Lama


Sobre o seqüestro do Panchen Lama

No próximo sábado, 17 de maio, serão 13 anos do desaparecimento de Gedun Choeki Nyima, o 11o. Panchen Lama do Tibete. Ele foi sequestrado, aos seis anos de idade, pelo governo chinês, três anos após ser declarado Panchen Lama pelo Dalai Lama, em 14 de maio.
O Monastério de Tashi Lhunpo, estabelecido em 1447 pelo primeiro Dalai Lama, aguarda o retorno do 11o. Panchen Lama ao seu monastério. Se você quer ajudar, pode fazê-lo de duas maneiras:
1. Ajude o Monastério de Tashi Lhunpo a divulgar a situação do Panchen Lama, organizando uma visita dos nossos monges ao seu país. Há visitas já organizadas aos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e República Checa. Quem sabe não podemos organizar uma visita ao seu país?
http://tashilhunpo.org/contact.htm
2. Aumentar a recompensa por informações que possam levar ao paradeiro do 11o. Panchen Lama.
http://tashilhunpo.org/amber-alert.htm

sábado, 17 de maio de 2008

Um Centro de Treinamento do Zen Soto será construído



No terreno atrás do Templo Busshinji em S. Paulo, por projeto e iniciativa de Saikawa Roshi, será construído um Centro de Treinamento oficial do Soto Zen para monges e leigos da América do Sul e Europa. O investimento que monta a mais de 1,5 milhão de dólares, terá alojamentos para residentes e toda a estrutura necessária para formação nos moldes hoje só disponíveis no exterior.
A pedra fundamental será lançada domingo, 18 de maio, às 10h com a presença dos Kokusai Fukyoshi (missionários oficiais) presentes especialmente para o evento, assim como representantes da sede internacional do Japão.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

AS OLIMPÍADAS DO TIBET


AS OLIMPÍADAS DO TIBET

Fernando Guedes de Mello, Om
Teólogo zen

Graças ao dogmatismo e conseqüente teimosia dos comunistas chineses, as olimpíadas, que deveriam ser de Pequim, vão se tornando as “Olimpíadas do Tibet”.
Parece que tudo começou com Karl Marx no século XIX. Para ele, a religião era o “ópio do povo”. Era uma crítica à religião que conheceu na Alemanha de seu tempo, erigida em verdade universal pelos marxistas posteriores, que não levaram em conta nem a própria afirmação de Marx, no fim da vida, de que “não era mais marxista”. Mao Tsé-Tung foi mais longe ainda, radicalizando que “religião é veneno”. Foi baseado nessa crença que ordenou a invasão e ocupação do vizinho Tibet, um país tradicionalmente religioso e pacífico.
Para Arnold Toynbee, tido como o maior historiador do século XX, o comunismo era uma nova Igreja, que arrancou do Evangelho a página da justiça social e, em torno dela, edificou o seu sistema de crença. Desse modo, tem tudo de uma religião, com sua hierarquia (o partido único), suas escrituras sagradas (O Capital, o Manifesto Comunista, o Livrinho Vermelho de Mao, etc.), seus santos (Marx, Lênin, Mao), venerados em seus mausoléus, e seus próprios rituais. A classe operária era para Marx o seu novo Messias, segundo seus críticos.
Assim sendo, o comunismo chinês tornou-se anacrônico, pois adotou uma religião européia do século XIX e que não deu certo nem na sua terra de origem, como atestou a queda do muro de Berlim em 1989. Para não ter igual destino, aliou-se ao “capitalismo triunfante”, materialista como ele, cujo dogma fundamental é o deus-lucro. O PC chinês mantém-se hoje no poder graças à repressão a tudo que imagina ser uma ameaça aos seus pressupostos “revolucionários”. A revolução cultural nos anos 70; o massacre do povo na Praça da Paz Celestial, na década de 90, assistido pela TV; e o fechamento do Falun Gong há pouco tempo, um movimento popular espontâneo de resgate de tradicionais práticas taoístas e budistas, são apenas alguns exemplos dentro da própria China. Este último cometeu o “crime” de ter mais praticantes do que membros do PC chinês. Foi considerado uma “seita perigosa”.
O que acontece hoje na China deve servir de alerta para o resto do mundo. Em primeiro lugar, porque se trata do país mais populoso do planeta e o que acontece por lá tem um peso enorme no destino de toda a humanidade. Em segundo lugar, porque, na América Latina, alguns revolucionários retardatários ainda não entenderam (ou se negam a compreender) o que aconteceu com o comunismo europeu e insistem em estabelecer por aqui aquele modelo falido de governo. E finalmente, em terceiro lugar, porque o próprio “materialismo” não faz mais sentido, pois a física moderna já demonstrou que a solidez da matéria é uma ilusão e já não pode servir mais de fundamento a qualquer hipótese científica.
A fórmula de Einstein, E=mc2, significa que tudo no universo é energia, a matéria sendo apenas uma forma de energia concentrada. Tudo é energia nas suas mais diversas manifestações, inclusive psíquicas e espirituais. A hora é, portanto, de resgate das tradições espirituais da humanidade e não de sua destruição, como faz a China no Tibet.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Foto do Debate Público sobre a questão tibetana



Da esquerda para à direita sentados: Rev Joaquim Monteiro, Prof. Tam Huyen Van, Dep. Fed. Fernando Gabeira, Ver. Aspásia Camargo, Rev. Genshô, Rev. Isshin, (está oculto , nesta foto, o Prof. F. Marcondes Vellso na extrema esquerda). O local é o plenário da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro.

Relato do Prof. Tam Huyen Van sobre o debate do Rio


Prof. Tam Huyen Van do Zen Budismo Vietnamita (Thien)

Prezados Amigos,

Ocorreu nesta segunda, às 10 horas, no Plenário da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, o já divulgado Debate Público sobre a questão Tibetana. Gostaria de apresentar minhas impressões sobre o evento, após um pequeno período para reflexão e contemplação dos acontecimentos ocorridos.

Inicialmente, penso que seria importante valorizar e reiterar a importância do evento que, por si só, contribui grandemente para a consolidação da posição buddhista brasileira frente às questões de direitos humanos e valores éticos sociais, e fomenta - principalmente - a divulgação das propostas humanistas do Buddhismo.
O empenho demonstrado pela Vereadora Aspásia Camargo e o Deputado Fernando Gabeira foram, a meu ver, uma clara demonstração de que, apesar dos aspectos profundamente reprováveis associados à instituição política no Brasil e no mundo, não é sábio imputar a falta de respeito aos valores sociais a todos os membros da classe
política indiscriminadamente; existem muitas personalidades políticas cientes de sua responsabilidade na defesa do exercício da ética e da reflexão saudável sobre os graves problemas que afligem a humanidade - seja no Brasil ou no outro lado do mundo.

Lamento, contudo, a pouca participação de buddhistas praticantes e simpatizantes. Embora compreenda plenamente que o dia e horário não contribuíram para facilitar a presença de grande público, o fato de que o evento ocorreu apenas no Rio de Janeiro, e sempre considerando o aspecto não-doutrinário e não-coercitivo que fundamenta o exercício do Dharma (sem falar no fato inegável de que, no Brasil, o número de
buddhistas realmente praticantes é extremamente pequeno - há um número muito maior de pessoas simpáticas ao buddhismo, mas sem nenhuma real identificação com a prática do Caminho em sua profundidade), ainda assim gostaria de chamar a atenção de todos para
a natureza de nossas opções de ação e mobilização em relação ao buddhismo e assuntos buddhistas. É preciso refletir melhor sobre quais ações podem ser realmente úteis e válidas, e quais ações seriam apenas fruto de um entusiasmo puramente romântico ou artificial em relação aos conceitos de esforço correto e ação correta. Espero que,
no futuro, eventos semelhantes possam contar com a presença mais efetiva de pessoas interessadas em valorizar o desenvolvimento das propostas de consciencia e correto discernimento características do exercício ético buddhista na vida.

O caráter simples e despojado do evento, e o seu peso conceitual e reflexivo, foram cruciais para que uma porta fosse aberta no âmbito das ações buddhistas brasileiras. A participação do monge Gensho (em seu grande discurso final, onde penso que foi dada uma resposta adequada e firme às atitudes lamentáveis do Consul Geral da China) e
da monja Isshin (suas palavras gentis e admiráveis, e sua respeitável atitude de respeito humano e fraternidade ao representante chinês no evento), as afirmações contundentes e fortes do Reverendo Shaku Shoshin em defesa do povo tibetano, as ponderações compassivas e coerentes da Dra. Cerys e do Professor Flávio Marcondes, contribuíram a meu ver para apresentar à opinião pública e à classe política do
Rio de Janeiro a força reflexiva e determinação compassiva do buddhismo.

Reafirmo meu apreço pela aceitação, por parte do governo Chinês, do convite de participação enviado formalmente pelo Colegiado Buddhista Brasileiro. A presença do Cônsul Geral Li Baojun representou uma pequena esperança de que a disposição pelo diálogo consciente e honesto entre as partes também ocorra nos setores chineses de
relações internacionais.

Infelizmente, para o meu profundo desapontamento, as ações do Sr. Consul durante o evento não corresponderam àquelas expectativas. Em uma atitude pouco flexivel (a despeito de sua natureza simpática e amigável), o representante chinês limitou-se a apresentar uma versão doutrinária, extremamente alienada, e distorcida da questão tibetana. A atitude, a meu ver, confirmou para mim o caráter claramente difícil
da abordagem humanista e pacífica da questão tibetana em termos de linguagem e intenções, e que eu já havia antecipado em meu ensaio "Tibet - Entre Liberdades e Revoluções".

Não houve margem para o debate. Não houve espaço para a composição e correto esclarecimento das ações corretas ou inadequadas de todas as partes; apenas houve uma apresentação inócua e pouco coerente da versão partidária chinesa; houve uma tentativa de divulgação completamente inacurada dos fatos históricos associados às relações entre o Tibet e a China. Em meio a tudo isso, ao final de sua apresentação o Sr. Consul deixou a impressão de que o exercício de diálogo e abertura política, necessários para que a paz e a justiça prevaleça, ainda exigirá muito empenho e equilíbrio.

Saí do debate convicto de que, como buddhista e professor de dharma, devo ainda mais aprofundar minha prática de paciência e percepção correta em relação aos aspectos insalubres contidos nas mentes doutrinadas, presas a um modelo perverso de interpretação do mundo e da vida, aspectos esses que se apresentam em muitos grupos humanos, seja na China ou no Brasil, ou em qualquer lugar do mundo. A tarefa
de ação hábil e adequada para superar a crueldade das instituições ditatoriais e imperialistas é árdua, pode causar ressentimentos e raiva em muitos de nós, mas não devemos de modo algum sucumbir a tais erros ignorantes.

Neste contexto, gostaria de pedir a todas as pessoas sinceramente interessadas em contribuir para o esforço de liberação dos povos oprimidos, que jamais caiam no erro de perpetuar a ignorância das mentes fanáticas e intolerantes, agindo com raiva ou agressividade. Quanto mais percebemos o grau de insalubridade nas doutrinas
ditatoriais, nos discursos pobres em discernimento, na incapacidade de muitos em saber ouvir e falar com consciencia e maturidade argumentativa, mais devemos nos esforçar para evitar o ressentimento.

Após o debate, percebi que definitivamente não devemos imaginar que a injustiça e a insensibilidade são dos chineses pois tambem eles compartilham sofrimentos e frustrações (neste momento, também o povo chinês está vivendo a dor das perdas de vidas devido ao terremoto ocorrido no dia 12 de Maio), tal erro não pode ser imputado a toda uma nação - ou àqueles que compõem um grupo social, uma instituição
religiosa ou política, ou simplesmente um gênero sexual ou cor de pele. Um erro terrível ocorre quando imaginamos que todo um povo, toda uma classe, todo um grupo, é responsável pelas insanidades de seus governantes ou controladores. Não, a problemática está na incapacidade daqueles que são presas da motivação fanática e da visão egoísta e diferenciadora no mundo de superar sua pobreza de percepção.

Devemos buscar os meios hábeis para superar em nós mesmos esta ignorância destruidora, esta convicção espúria baseada em erros crassos de interpretação e entendimento, e que muitas vezes vemos com mais facilidade apenas nos outros; devemos praticar todos os dias a coragem de não desistir da paz, do cuidado no diálogo, e da meta maior e definitiva, capaz de curar e transformar a humanidade: o amadurecimento de nossa consciência, de nossa sabedoria, de nosso dom de resistir à falta de compaixão correta. Volto a repetir que a atitude compassiva e coerente não é uma atitude ingênua e condescendente: quem é capaz de agir com correta compreensão do
outro, o faz por força de seu discernimento e não por uma ingênua atitude de passiva aceitação.

Assim, sinto que me tornei ainda mais disposto a agir com cuidado e empenho a favor da prática de compreensão no mundo. Quanto mais ouço as palavras tolas daqueles que defendem um modelo de vida injusto e perverso, me sinto mais livre. E percebo que, mesmo através de torturas, terror e assassinatos, apesar do empenho implacável em
difundir delusórias intepretações dos fatos, os homens e mulheres alienados em profundo egoísmo, os poderes controladores e intolerantes, os governos insalubres, as facções terroristas e os movimentos fanáticos jamais prevalecem. Ao final, seus nomes serão apagados na memória da Vida, os atos cruéis e injustificados serão expostos ao tempo e à história com terrível clareza, e as entranhas insalubres de suas convicções jogadas à margem da grandeza humana.

No Dharma,
Tam Huyen Van

Carta do CBB à Embaixada da China


Mãe chora o corpo da filha morta. Habitantes abandonam cidade devastada.

Estimado Sr. Embaixador e membros da representação diplomática chinesa no Brasil,


O Colegiado Buddhista Brasileiro, em nome de seu corpo fundador, conselheiros e membros-colaboradores, vem por meio desta manifestar o seu pesar e solidariedade pelas vítimas do terremoto que atingiu a região central da China. O povo chinês sofre neste momento, e os seres que sofrem são uma preocupação para os budistas de todo o mundo.

Nos solidarizamos com o esforço do governo Chinês em superar este momento difícil de perdas e tragédias. Acompanhamos com alegria quando os esforços de regate das crianças soterradas nas escolas ou de pessoas em edifícios e prédios públicos ou particulares são bem-sucedidos, e lamentamos profundamente quando o trabalho de busca resulta em confirmação de mortes.

Sabemos da grandeza que a nação chinesa possui, e confiamos que o povo chinês saberá superar este momento tão triste.

--------------------------------------
Atenciosamente,
Diretoria do Colegiado Buddhista Brasileiro

Que Todos os Seres Sejam Felizes

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Relato do Rev. Joaquim Monteiro sobre o evento do CBB na Câmara Municipal do Rio


Dep. Fernando Gabeira, decidido apoiador da causa do budismo tibetano perseguido pela tirania do governo da China.



Rev. Joaquim Monteiro, Membro do CBB, Monge budista da escola Jodo Shin

Foi realizado ontem o debate público sobre a questão tibetana na Camara dos Vereadores do Rio de Janeiro. O debate foi realizado sob a presidência da Vereadora Aspásia Camargo e contou com a presença do Parlamentar Fernando Gabeira. Fernando Gabeira estabeleceu laços bastante concretos entre a atual política da 'República Popular da China" e os acontecimentos recentes no Tibet e na Birmânia.
Participaram do evento representando o CBB a Monja Isshin, o Monge Genshô, o Professor Cláudio Miklos e eu.

Participaram também a DRA.Cerys Tramontini, especialista em direitos humanos e na questão tibetana e o Prof.Flávio Marcondes Velloso. Acredito que todos os
participantes deram contribuições importantes em seus aportes e que o evento enquanto tal foi um passo adiante para o reconhecimento da questão tibetana no espaço público de nosso país. Tivemos além disso uma inesperada contribuição da agência "Nova China" que me passou a impressão de estar atuando mais como polícia política do que como órgão de informações e do Cônsul geral da China no Brasil SR.Li Baojun que
ajudou a desmoralizar de vez o governo da "República Popular da China" com suas atitudes pueris e autoritárias.

A Monja Isshin em um ato de imensa maturidade política cedeu seu lugar para permitir a participação do ilustre representante da RPC. No entanto, esse ilustre senhor não só gastou um tempo enorme procurando em seu lap top as informações que deveria possuir através de seu discernimento político como assumiu uma postura essencialmente autoritária se recusando ao diálogo e lendo a cartilha de seu governo sobre a questão tibetana. O conteúdo dessa cartilha se restringia à justificação do genocídio do
povo tibetano através de distorções grotescas da análise histórica. Em particular, pude compreender quais são as fontes da perspectiva apresentada pelo SR.Slavoj Zizek em seu infeliz artigo no "mais".

Tudo isto já é essencialmente deprimente, mas o mais sério é que a política externa de nosso país se deixe influenciar de forma essencial pelas colocações de diplomatas sem formação ética e sem nenhum preparo político ou intelectual, diplomatas que não passam de agentes atravessadores das mistificações do governo de Beijing. Acredito que existe pelo menos uma lição a ser aprendida da questão tibetana por nós brasileiros:já está na hora de romper com essa política externa que serve aos interesses imperialistas do governo de Beijing e que se auto-justifica através de um "pragmatismo" completamente estúpido e irresponsável.

Sem mais-Gashô.
Shaku Shoshin.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Cônsul Geral da China diz que não há vítimas no Tibete


Li Baojun, o que tem que mentir por profissão.

Foi no Debate Público sobre a questão tibetana, promovido pelo Colegiado Buddhista Brasileiro, com o apoio do Deputado Fernando Gabeira e da Vereadora Aspásia Camargo na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. O Cônsul Geral da China, Li Baojun, acompanhado de vários assessores que não se cansavam de ostensivamente fotografar cada orador que se manifestava contra as ações da China no Tibete, estava sentado ao meu lado, na mesa da Câmara, por especial cessão de lugar feita pela Monja Isshin.
O Prof. Marcondes Velloso, que havia proposto uma ação junto ao Tribunal de Justiça Internacional de Haia, propôs um minuto de silêncio pelas vítimas tibetanas, o cônsul levantou-se, arrumou suas coisas, falou com um assessor e retirou-se. Após, em entrevista para a TV Globo, disse que não tinha porque fazer silêncio porque não haviam vítimas no Tibete!
Nada me restou do que dizer aos repórteres que o Cônsul é vítima de seu regime totalitário, que mente sob ordens, que como budistas sentimos muita compaixão por quem tem a tarefa de enganar, e distorcer os fatos para preservar um regime totalitário, repressor e assassino.

Rev. Genshô

O rosto de uma bodisatva

Quando morrer você não gostaria de ter construído um rosto e uma expressão assim? Nosso rosto na velhice é esculpido por nossas emoções, é produto de nosso carma, olhar para esta foto toca profundamente aqueles que sabem ver. (Rev. Genshô)




Uma das grandes heroínas polonesas da Segunda Guerra Mundial, Irena Sendler, que salvou a 2.500 crianças judias do gueto de Varsóvia, morreu nesta segunda-feira (12) aos 98 anos.


Segundo a filha dela, Janina Zgrzembska, Irena havia sido internada desde o mês passado em um hospital de Varsóvia por conta de uma pneumonia.

Assistente social, Irena Sendler trabalhou antes da guerra com famílias judias pobres de Varsóvia.

A partir do outono de 1940, passou a correr riscos ao fornecer alimentos, roupas e medicamentos aos moradores do gueto instalado pelos nazistas.

No fim do verão de 1942, Irena Sendler se uniu ao movimento de resistência Zegota, (Conselho de Ajuda aos Judeus).

A polonesa conseguiu retirar de maneira clandestina milhares de crianças do gueto e as alojava entre famílias católicas e conventos.

As crianças eram escondidos em maletas e retiradas por bombeiros ou em caminhões de lixo. Em alguns casos chegavam a ser escondidas dentro dos abrigos de pessoas que tinham autorização para entrar no gueto.
Fonte: G1

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Budismo e saúde


De 13 a 15/05 - Lama Padma Samten em Florianópolis

PALESTRAS PÚBLICAS

MESAS DE DIÁLOGOS COM IMPORTANTES CONVIDADOS
coordenador geral: Lama Padma Samten, mestre do budismo tibetano
mediador: Monge Genshô, monge zen budista
abertura dos trabalhos: Beloni Pauli Marterer, Fundação Cultural Simpozio

13/05 terça-feira – Saúde e Espiritualidade
Dra. Rosane Teresinha Gonçalves – Médica, neuropediatra, membro da Associação Médica Espírita e colaboradora do Centro de Apoio ao Paciente com Câncer (CAPC), Ribeirão da Ilha, Florianópolis, SC

14/05 quarta-feira – Saúde do Corpo, Fala e Mente
Dra Luigia Affonso Ferreira Nardone - Médica Antroposófica, euritmista e médica escolar, parte do corpo clínico da Clínica Vialis em Florianópolis e docente na formação em Antroposofia Básica e formação de professores para a Pedagogia Waldorf.
Marco Shultz - Formado em Eduacação Física e Ciência do Exercício, é professor de yoga e empresário, praticante de Vipassana e diretor proprietário da Simplesmenteyoga, Florianópolis, SC

15/05 quinta-feira – Ações Saudáveis
Dr. Morongo, médico, empresário e surfista, diretor proprietário da Mormaii, Garopaba, SC
Dra Leila Francischelli, médica da família, praticante budista e orientadora da Dança Mandala de Tara
INFORMAÇÕES

Horário: 19:30h - 21:30h
Local: Fundação Cultural Simpozio - Rua Prof. Huberto Rhoden, 274 – Campeche
Contribuição Espontânea: valor sugerido R$10,00 (por encontro)

CONTATO

floripa@caminhodomeio.org
Tel: (48) 9105-9566 | (48) 9163-9199

domingo, 11 de maio de 2008

Suicídio é aprovado pelo budismo?


A matéria "O céu dos suicidas" tem alguns erros em suas afirmações e apreciações tanto em relação ao Xintoísmo quanto ao Budismo. Nem o Budismo nem o Xintoísmo sancionam a prática do suicídio.

Quem fala em "pecado" no Budismo e no Xintoísmo está tendo uma atitude etnocêntrica
porque está projetando sobre outras visões do mundo conceitos próprios do
universo judaico-cristão. Sendo o Xintoísmo uma religião arcaica de cunho xamânico não tem nem pode ter noção de pecado, mas sim tabus de impureza e pureza. Quem derrama o próprio sangue ou o de outrem não se torna pecador, mas sim impuro. As mesmas noções aparecem também, por exemplo, na Mitologia Grega, onde há muitos relatos de culpados de assassinato (inclusive deuses!) que se dirigem a santuários para serem purificados da poluição produzida pelo sangue derramado.
Quanto ao Budismo, todo ato produz karma, ou seja, toda ação provoca conseqüências e o suicídio não escapa disto, sendo um ato destruidor e provocador de maus resultados. Nos textos dos Sutras Budistas, vemos o Buda Histórico Sakyamuni advertindo contra dois tipos de desejo contrários entre si:

1- O desejo de autoperpetuar-se indefinidamente, ligado à falsa concepção de um eu estável,ou,alma"atman";
2- O desejo de auto-destruir-se (que é o que conduz ao suicídio).


(Carta do Colegiado Buddhista Brasileiro enviada originalmente à redação de Veja sobre matéria com erros sobre o budismo)

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Veja os animais na natureza....


"Veja os animais na natureza...os pássaros são verdadeiramente pássaros, o peixe é verdadeiramente peixe.
Mas seres humanos não são verdadeiramente eles mesmos. Então o Zazen é o caminho para nos tornarmos nós mesmos."

Saikawa Roshi

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Brasil pela Birmania


Brasil pela Birmania

O Centro Buddhista Nalanda (uma entidade registrada, civil e sem fins lucrativos, há 20 anos atuando no Brasil), em associação com o Buddhist Aid Trust (entidade de caridade registrada na Inglaterra), o Myanmar Cyclone Recovery Fund e nossos amigos birmanêses em Londres de um dos maiores portais buddhistas da tradição buddhista, o Nibbana.com, lança agora uma campanha brasileira para recolher fundos para os milhares de desabrigados devido à tragédia do ciclone Nargis.

Nossa campanha se chamará "Brasileiros pela Birmânia/Brazilians for Burma Recovery" e conta com a ajuda de todos vocês que lêem está mensagem. Por favor, contribuam, ainda que 5 ou 10 reais. Cada centavo depositado será repassado ao Buddhist Aid Trust e entregue diretamente às vítimas do ciclone, e independentemente da religião e etnia dos envolvidos. Ou seja, não é apenas para buddhistas, mas para todos que sofrem as terríveis perdas humanas e materiais advindas do ciclone.

Participe dessa campanha humanitária, doando e divulgando!

Aqueles que quiserem fazer suas contribuições diretamente no site da Buddhist Aid Trust, via paypal ou cartão de crédito podem acessar seu site. Mas para facilitar os moradores no Brasil, o Centro Buddhista Nalanda disponibiliza uma conta específica para esse fim. Todos os depósitos nessa conta serão repassados integralmente para nossos amigos da Buddhist Aid Trust, que trabalhará junto com respeitáveis organizações não-governamentais e outros sistemas de distribuição diretamente para as vítimas envolvidas. Não é preciso nos avisar do depósito, pois essa é uma conta exclusiva para esse fim.

Vamos nos unir nessa tragédia mundial. Mesmo que sejamos capazes de doar apenas um pouco, qualquer quantia certamente salvará vidas. Lembrem-se, 1/3 da população da Birmânia vive abaixo da linha de pobreza. Um professor ganha 90 reais ao mês! Qualquer valor que vocês puderem ajudar, certamente conta!

Doem, divulguem entre amigos, sites e listas. E aqueles que possuírem sites de entidades que queiram dar seu apoio nominal à campanha, ou quiserem mais esclarecimentos entrem em contato com nosso email. Endereço oficial da campanha brasileira:

Campanha "Brasileiros pela Birmânia/Brazilians for Burma Recovery"

http://nalanda.org.br/seva/brasil-pela-birmania


Patrocinadores:

Centro Buddhista Nalanda
Buddhist Aid Trust
Myanmar Cyclone Recovery Fund
Nibbana.com
Apoiam a Campanha:
Colegiado Buddhista Brasileiro
Não deixe de participar nesse ato humanitário. Qualquer quantia representa mais dias de vida para alguém.

"Debate Público sobre a Questão Tibetana"

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Tudo tem uma causa? Merecemos o que sucede?


(Foto de Michel Cunha, retiro em Florianópolis)
A meditação é uma poderosa maneira de alterar o carma.

R: É simples, “mérito” é resultado cármico, para o bem e para o mal, tudo é consequência, mas também pode ser alterado, embora isto exija esforço, a medida que você cria uma nova mente através da prática o seu carma se altera e você naturalmente procurará coisas melhores. E melhores coisas acontecerão a você.
Se você está procurando o Dharma é porque tem impulso para tanto, de onde vem este impulso? De mérito, de interesse cármico por já haver acumulado tendências deste tipo em existências passadas. Qualquer coisa que você veja é um resultado de uma causa, mesmo as injustiças. Por isto falamos em mérito ( que vem de merecer) merecemos o que nos acontece pois acumulamos carma que leva a isto, inclusive o carma de ser humano e viver neste tipo de mundo e país, e família, etc... Você não lembra mas o mérito está aí. Desta forma você não precisa acreditar em carma, apenas precisa se dar conta que é lógico que tudo, tudo mesmo, tem uma causa, que nada acontece de graça.
Rev. Genshô

terça-feira, 6 de maio de 2008

Final de retiro em Florianópolis



"Abandonar tudo e apenas seguir..." É isso que fazemos ao ouvir o sinal para a próxima tarefa. Cada toque de sino, cada batida na madeira....Um novo Zazen, uma nova refeição, um novo dia...A realidade intocável, quando tentamos pegá-la ela já se foi...
A prática conjunta, abandonar a nós mesmos e viver em harmonia com tudo o que nos cerca. Fazer tudo em harmonia - com os outros, com os objetos, com o ambiente.
O vendo batendo no rosto, a chuva cai lá fora....tudo já é perfeito.

No Dharma,
Gasshô,
Kashin

Zazenkai com Rev. Saikawa Roshi

Zazenkai com Rev. Saikawa Roshi

A Associação Zen de Campinas tem a honra de anunciar esta atividade aos seus membros e interessados.

* Local: chácara no Distrito de Souzas - Campinas - SP
* Dia: sábado, 24 de maio, com chegada às 8 h e término às 17h30min.
* Inscrições: até 22 de maio, pelo e-mail zencampinas@uol.com.br.
* Contribuição: R$50,00 para associados - R$70,00 para visitantes (almoço e chá incluídos).

A contribuição deve ser feita antecipadamente. Vagas limitadas!
Maiores informações pelo email zencampinas@uol.com.br.

Atenção: Interessados que nunca praticaram zazen devem primeiro entrar em contato para orientação.

O que é um Zazenkai: Trata-se de um encontro de um dia de praticantes Zen com a finalidade de praticar zazen (meditação sentada), ouvindo uma palestra sobre o Zen e recebendo o dokusan (entrevista formal com o Mestre).

Quem é o mestre Saikawa: Nasceu e foi criado em Nagasaki, no Japão. Foi monge Theravada na Tailândia, voltou ao Japão e entrou na tradição Soto Zen Shu. Esteve morando nos Estados Unidos por alguns anos, ajudando no Zen Center of Los Angeles e nos grupos afiliados de Nova Yorque. Ao voltar ao Japão se tornou um dos oficiais professores no Templo Sede de Soji-ji, em Yokohama. Tem alunos e grupos de Zazen nos Estados Unidos, Europa, Austrália e Japão. Dosho Saikawa Roshi é o atual abade do Templo Busshin-ji em São Paulo e, igualmente, responde como provincial à missão da Escola Soto Zen para a América do Sul. Para informações sobre o mestre, acesse o blog Sanghamargha.

Aguardamos sua participação!

segunda-feira, 5 de maio de 2008

China mantem sua postura de aceitar conversar e ao mesmo tempo atacar duramente.

A política da China, que já teve reuniões com emissários do Dalai Lama seis vêzes no passado, parece claramente ser de fingido desejo de fazer algo pela liberdade religiosa e cultural no Tibete. Ao atacar e aceitar conversar passa a mensagem de que pretende somente parecer aberta, mas na realidade continuar com sua insensata política de genocídio cultural do povo Tibetano.

Abaixo notícia publicada em Veja On Line:


China ataca os 'crimes monstruosos' de Dalai Lama

AFP


Em meio às tentativas de manter um diálogo sobre a situação do Tibete, a China acusou o Dalai Lama de cometer "crimes monstruosos". "Após o incidente de 14 de março em Lhasa, o Dalai não apenas se recusou a admitir seus crimes monstruosos como também continuou a perpetrar fraudes", afirmou um artigo publicado por um jornal estatal nesta segunda-feira. O ataque aconteceu um dia depois de um encontro entre representantes das duas partes, que estavam havia quase um ano sem diálogo.

O artigo, que não mencionou a reunião de domingo, disse que a "panelinha do Dalai" está tentando "confundir a opinião pública e incitar o ódio étnico". Na véspera, autoridades chinesas e dois enviados do líder espiritual tibetano se encontraram em um local secreto na cidade de Shenzen, sul do país. Nenhum avanço foi anunciado, mas um novo encontro foi marcado, embora ainda sem data definida, segundo a agência estatal de notícias chinesa Xinhua. As conversações entre a China e o Tibete começaram em 2002. No ano passado, elas foram suspensas pela China.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Sesshin em Florianópolis



Durante este fim de semana os praticantes de Florianópolis estarão em um retiro zen. Apenas meditação, ensinamentos e sutras. Domingo à noite retornaremos.

A imagem é do período Gandhara, influências gregas iniciaram a estatuária buddhista.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Há algum problema em tatuar temas religiosos no corpo?



Costumo dizer que as tatuagens têm o efeito de distinguir a pessoa, torná-la diferente dos outros em algo. Pode mesmo ser bela mas é mais uma armadilha do ego e da identidade que quer se reforçar. Fazemos isso constantemente com as roupas, com os conhecimentos, com os títulos... E tudo isso nos afasta da libertação.
Não importa o motivo da tatuagem, ela tem o mesmo efeito das jóias e de todos os adesivos que colamos a nós mesmos para nos distinguirmos e nos apreciarmos ainda mais como seres especiais, diferentes. Se buscamos nos libertar, para que criar ainda mais reforços egóicos?

Rev. Genshô