domingo, 31 de maio de 2009

Alan Wallace


Mais informações no site do CEB aqui

Rio de Janeiro | 4 de junho - 19h30
Palestra “Universo Consciente: Onde o Budismo e a Ciência Convergem” ("The Conscious Universe: Where Buddhism and Science Converge")
UERJ | Campus Francisco Negrão de Lima - Teatro Noel Rosa
R. São Francisco Xavier, 524 - Maracanã - Rio de Janeiro - RJ
Inscrições e informações: lgeirado@gmail.com

São Paulo | 6 de junho - 15h
Palestra "Curando a Mente: Onde Meditação e Neurociência Convergem" ("Healing the Mind: Where Meditation and Neuroscience Converge")
UNIFESP | Teatro Prof. Marcos Lindenberg
R. Botucatu, 862 - Vila Clementino - São Paulo - SP
Inscrições e informações: cebbsp@cebbsp.org

Curitiba | 7 de junho - 17h
Palestra "Curando a Mente: Onde Meditação e Neurociência Convergem" ("Healing the Mind: Where Meditation and Neuroscience Converge")
Estação Business School - Estação Embratel Convention Center
Av. 7 de Setembro, 2775 – 5º andar - Curitiba - PR
Inscrições: curitiba@cebb.org.br

Viamão | 9 de junho - 19h30
Palestra "Dimensões Escondidas: Onde a Ciência e o Budismo Convergem"
Abertura e lançamento do livro Dimensões Escondidas: integração entre física e consciência
CEBB Caminho do Meio - Estrada Caminho do Meio, 2600 - Viamão - RS

Porto Alegre | 10 e 11 de Junho
Faculdade de Educacão da UFRGS - Salão de Atos

10/6, às 18h: Painel "Educacão e Espiritualidade: Implicacões deste Diálogo"
Com Prof. B. Alan Wallace, Lama Padma Samten e Profa. Malvina do Amaral Dorneles
Entrada gratuita. Inscrições: fesp2009@ufrgs.br

11/6: Palestra "A Ciência como Instrumento para Aprofundar os Fenômenos da Consciência"
Inscrições e informações: www.amebrasil.org.br

Viamão | 12 a 15 de junho
CEBB Caminho do Meio - Estrada Caminho do Meio, 2600 - Viamão - RS

Lançamento de livro

Durante os eventos, será lançada a edição brasileira do livro Hidden Dimensions: The Unification of Physics and Consciousness (Columbia University Press; 2007) - "Dimensões Escondidas: A Unificação de Física e Consciência".

Alan Wallace

Alan Wallace tem formação em física e filosofia da ciência pelo Amherst College e doutorado em estudos religiosos pela Universidade de Stanford. Como monge ordenado por Sua Santidade o Dalai Lama, treinou por 14 anos antes de iniciar uma integração entre os métodos da ciência moderna e as técnicas das tradições contemplativas. Seus livros, palestras e projetos de pesquisa avançam os estudos da mente e detalham os benefícios da meditação, ajudando a desenvolver o que Wallace chama de "ciência da felicidade".

sábado, 30 de maio de 2009

Daissen, Portal do Zen


O Daissen, Portal do zen, tem um blog em sua primeira página, nele voluntários colocam textos de mestres que acham relevantes, vejam este:

Zagche
A palavra tibetana para emoção é zagche que significa “contaminado” no sentido de ser permeado por confusão e dualidade

NÓS naturalmente vemos certas emoções, como agressão ou inveja, como dolorosas. Mas e o amor, afeto, bondade e devoção, estas emoções bonitas, leves e amáveis? Nós não pensamos nelas como dolorosas; contudo, elas implicam dualidade, e isto significa que,no final, elas são uma fonte de dor.

A MENTE dualista inclui praticamente todos os pensamentos que temos. Por que isto é doloroso? Toda mente dualista é uma mente enganada, uma mente que não entende a natureza das coisas. Como podemos entender a dualidade? Ela é sujeito e objeto: nós de um lado, e a nossa experiência do outro. Este modo de percepção está enganado porque, no caso de diferentes pessoas. percebemos o mesmo objeto de diferentes maneiras. Um homem pode achar que uma certa mulher é bonita, e isto é a sua verdade. Se isto fosse uma espécie de verdade absoluta e independente, todo mundo também a veria como bonita. Com certeza esta não é uma verdade que independe de todo o resto. Ela depende da sua mente; é a sua própria projeção(as emoções não têm uma existência real inerente).

SEMPRE que há uma mente dualista, há esperança e medo. A esperança é dor perfeita e sistematizada. Tendemos a pensar que a esperança não é dolorosa, mas, na verdade, é uma grande dor. Quanto à dor do medo, isto é algo que não precisa de explicação. Muitos de nós confundimos a dor com o prazer – o prazer que temos agora é, de fato, a causa da dor que vamos ter, mais cedo ou mais tarde. Uma outra maneira de ver isto é quando uma dor grande diminui, nós a chamamos de prazer. Isto é o que chamamos de felicidade.

ESTE é o motivo pelo qual, por exemplo, se faz meditação comtemplativa(sem foco) – isto ajuda a afrouxar o nó que as nossas emoções fizeram, e as obsessões que temos por causa delas.
("Buddhismo em poucas palavras" de Dzongsar Khyentse Rinpoche - tradução:Lucas Seigaku)

sexta-feira, 29 de maio de 2009

De onde vem?


No Sutra Mahayana, “Bhavasankranti Sutra”, encontramos : “quando, ao fim da vida, a consciência mental está para desaparecer, então todas as ações realizadas surgem ante a pessoa, assim como a imagem de uma mulher surge nos sonhos para um homem...Assim, ó Rei, quando a consciência desaparece e a futura consciência renasce, ela renasce entre os homens, ou entre deuses, semideuses, espíritos famintos ou em estados de miséria. Imediatamente após o surgimento da futura consciência, ó Rei, uma nova série de pensamentos (citta-santati) surge para usufruir os frutos resultantes que deverão ser usufruídos. Ó Rei, nunca houve coisa alguma que possa transmigrar do mundo presente para o mundo futuro. Porém o fruto e qualquer ação pode ser alcançado no renascimento. Você deve saber, Ó Rei, que quando a consciência passada desaparece, a isto chamamos de morte. Quando a consciência futura surge, a isto chamamos de nascimento. Quando a consciência passada desaparece, ó Rei, não há lugar algum em que ela se esconda. Quando a consciência futura surge, não há lugar algum do qual ela tenha vindo”.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Ações e frutos, karma e vipaka


Roda do Dharma

P: Pensava que era todo o conjunto de nossas ações durante o decorrer da existencia tanto positivas como negativas, que determinavam como seria nosso proximo retorno...

R: Este é um engano, as ações (Karma) produzem frutos (Vipaka) estas surgem quando há condições para tanto, assim como uma semente só brota se houver umidade. Assim as ações produzem um estado mental e este conduz a próxima manifestação kármica, um homem que cultiva ódio projeta uma energia kármica (Vega)que se manifesta em um novo ser, que assume um Eu, em um lugar onde existem conflitos e ódios, uma nação em guerra por exemplo. Não há um retorno automático, como nascer cego por ser cruel, isso necessitaria um julgador externo, alguma administração de justiça mesmo que natural, embora desejemos isso não é assim que funciona, os frutos vem naturalmente ou mesmo podem não vir se não há condições propícias, e portanto podem demorar para surgir.

P: Gostaria de saber do senhor, se adquirimos karma quando temos um pensamento ruim, por exemplo: desejar que alguem sofra etc...

R: Sem dúvida, o efeito em seu estado mental é certo, e é este estado que determina a direção de sua vida, alimentar sentimentos maus é como pegar em brasas para jogar sobre os outros.

P: Gostaria também de saber o que é o ritual Choka, pesquisei no google e nao encontrei nada que falasse sobre ele...

R: Trata-se do ritual matinal, recita-se o refúgio, o Sutra do Coração da Sabedoria, a linhagem desde Buddha, os votos do bodisatva, pode ser curta ou longa dependendo de mais textos serem acrescentados, como Sandokai e Dharanis.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

É o último pensamento que determina a direção de uma nova manifestação kármica?


Creio que se deve dizer não pensamento, mas o estado mental na hora da morte, isso pode ser considerado como o estado geral no momento da inconsciência, se essa inconsciência é produzida por medicamentos, doença ou falta de oxigênio não faz diferença, se ocorreu muito antes da parada do coração também.
Agora, esse estado mental adequado só pode ser produzido por um longo trabalho, se é assim então trata-se da maneira como essa mente foi reconstruída no geral, e não no último pensamento, embora esse seja de alguma forma influente também é produto natural da mente geral, do seu estado.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Templo Busshinji, Sesshin de Inverno 2009


Sesshin de Inverno 2009

Acontece de 22 a 26 de junho no Templo Busshinji o Sesshin de Inverno 2009.

As inscrições estão abertas e o período de cinco dias tem um custo de 150 reais. Avisamos que não dispomos de hospedagens, por isso os interessados devem providenciar alojamentos nos hotéis próximos, pensões ou na casa de amigos.

A Cerimônia de Abertura deve ocorrer no dia 22, às 10hs. Os inscritos devem chegar antes deste horário para os preparativos como entrega e preparo de oryoki, para os que não tiverem, ocupação dos locais de prática, funções, etc.

O retiro será coordenado pela equipe de monges do Templo Busshinji e, como responsável, o Superior Dosho Saikawa.

O Templo Busshinji fica na Rua S. Joaquim, 285, Bairro da Liberdade, São Paulo. Inscrições no local. Tels: (0xx11) 3208-4345/4515

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Karma-Vega



É o estado mental que determina como vai ser a próxima manifestação kármica, e por essa razão o momento da morte é extremamente importante, e não adianta deixar para então uma tentativa de mudar as coisas, porque não é assim que se muda uma mente, naquele momento não há mais tempo,demanda longo esforço mudar nossos impulsos e energias de hábito. Esta energia que se projeta no momento da morte e que determina as características de uma nova manifestação ou nascimento chama-se karma-vega. É importante repetir que ela não leva consigo o EU, que este é uma ilusão construída a cada instante.

Por esta razão tem-se que trabalhar agora porque o tempo passa e a oportunidade se perde.

domingo, 24 de maio de 2009

Modo de viver


De manhã, antes de vestir-se, acenda incenso e medite.
Coma a intervalos regulares e deite-se a uma hora regular.
Coma sempre com moderação e nunca até ficar plenamente satisfeito.
Receba as suas visitas com a mesma atitude que tem quando está só.
E, quando só, mantenha a mesma atitude que tem quando recebe visitas.
Preste atenção ao que diz e, o que quer que diga, pratique-o.
Quando uma oportunidade chegar, não a deixe passar,
mas pense sempre duas vezes antes de agir.
Não se deixe perturbar pelo passado. Olhe para o futuro.

A sua atitude deve ser a de um herói sem medo,
mas o coração deve ser como o de uma criança, cheio de amor.
Ao retirar-se, ao fim do dia, durma como se tivesse entrado no seu último sono.
E, ao acordar, deixe a cama para trás,
instantaneamente,
como se tivesse deitado fora um par de sapatos velhos.

Soyen Shaku (1859-1919) Mestre Zen da escola Rinzai

Contribuição de Zendo Virtual, você pode participar deste grupo de estudos escrevendo para zendo-virtual através dos recursos do site.

sábado, 23 de maio de 2009

Repetição


O sucesso do Curso de Sushi Vegetariano obrigou uma segunda edição dia 7 de junho. Clique no cartaz para amplia-lo.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Aung San Suu Kyi - Birmânia e sua ditadura


Aung San Suu Kyi, líder pró-democracia e vencedora do Prêmio Nobel da Paz, acabou de receber novas acusações dias antes do fim do cumprimento da sua pena de 13 anos de prisão. Ela e outros milhares de monges e estudantes foram presos por desafiarem pacificamente a ditadura brutal de seu país, a Birmânia (Mianmar).
Mesmo correndo o risco de sofrer uma retaliação dos militares, os ativistas da Birmânia estão organizando um movimento global pela libertação de Aung San Suu Kyi e de todos os prisioneiros políticos do país, entre os quais muitos monges budistas. Nós temos apenas 5 dias para ajudá-los a conseguir uma quantidade gigantesca de assinaturas, que serão apresentadas para o Secretário Geral da ONU – Ban Ki Moon semana que vem. A petição pede que ele dê prioridade máxima à libertação dos presos, impondo a libertação como condição para qualquer engajamento com a junta militar. Clique no link para assinar e encaminhe este email para seus amigos, só com um grande número de assinaturas poderemos garantir a libertação de Aung San Suu Kyi e de todos os presos políticos da Birmânia:

http://www.avaaz.org/po/free_aung_san_suu_kyi

No dia 14 de maio, Aung San Suu Kyi foi enviada para o presídio acusada de permitir a entrada de um homem norte-americano em sua casa, violando assim sua prisão domiciliar. A acusação é absurda pois a casa é cercada por guardas militares que são justamente os responsáveis pela guarda do local. Está claro que as acusações recentes são um pretexto para mantê-la presa durante as eleições de 2010.

O regime militar da Birmânia é conhecido pela repressão violenta a qualquer ameaça ao controle militar total. Milhares de pessoas estão presas em condições desumanas, onde não há atendimento médico e onde a prática de tortura e outros abusos são freqüentes. Há uma repressão violenta a grupos étnicos e mais de 1 milhão de pessoas já fugiram do país.
(Copiado do comunicado da Avaaz)

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Cozinha e meditação




No domingo passado ocorreu o curso de sushi vegetariano ministrado pela sushiwoman Bia na cozinha do Daissen Restaurante Vegetariano, que fica embaixo da Comunidade Zen Budista de Florianópolis e a subsidia. Cozinha, tradicionalmente, é arte para o zen, nos mosteiros zen budistas o cozinheiro chefe é um mestre, chamado Tenzo, ele fica hierarquicamente logo abaixo do abade, como nos mosteiros não se pode matar nenhum ser, a cozinha é estritamente vegetariana e desenvolveu um estilo próprio bem elaborado. Continuamente, novas formas de cozinhar, diminuindo o sofrimento no mundo, são desenvolvidas, e, um bom exemplo, é o sushi vegetariano do qual vemos fotos acima.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Karma Vipaka - Os frutos da ação


Karma é “ação” em sânscrito, e “vipaka” é fruto, na verdade estamos falando de karma vipaka, frutos das ações, descartar o karma é admitir que existem consequências sem causa pregressa, e é este o ponto, se existem causas para você ser quem é ou se tudo que você é não passa de aparição espontânea sem causa pregressa.

Consciência, mentalidade-materialidade, os sentidos, contato, sensação (viññana, namarupa, salayatana, phassa, vedana) – Esses são vipaka, os frutos que resultam dos efeitos do karma. Estes se tornam alimento para as kilesa, (Ignorância-desejo-apego) contaminações que geram os impulsos para pensamento e ação deludidas, que se tornam causadores de mais karma alimentando a continuação das manifestações cármicas.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Carma e nascimento


P: E se quando morressemos tudo se extinguisse e nada restasse para uma nova manifestação cármica?

R: Se assim fosse teríamos que admitir a aniquilação completa de tudo que imprimimos no mundo e em nossas consciências, o término completo de tudo, um nihil perfeito de tudo que imprimimos à mente, nossos impulsos etc.. e isso não parece mais absurdo do que admitir que toda ação tem consequência? Que qualquer onda que faças na superfície do mar, atirando uma pedra, modifica a configuração das ondas para toda a eternidade? É só olhar em volta, não há ação sem consequências....e estas são o fruto do carma. E isto é a continuidade que nos faz ser diferentes um do outro. Dizer que nada passa, de uma vida a outra, é nihilismo, dizer que tudo permanece sempre igual é eternalismo, estes os dois extremos que o budismo nega. Nem tudo desaparece sem deixar nenhuma marca nem consequência, nem tudo fica sempre igual, se repetindo sem parar nunca, sempre estável. Nascemos com marcas cármicas, de vidas pregressas, não somos o mesmo eu porque este é construído a cada momento, mas somos essencialmente a mesma criatura de desejos e apegos que nos antecedeu, ou mudamos nossas marcas cármicas ou repetiremos em linhas gerais a vida anterior.

sábado, 16 de maio de 2009

Para uns, isto é só areia e pedras. Mas tem gente que enxerga o mundo



Quando monge noviço no templo Zuioji, em Niihama, Japão, o brasileiro Francisco Handa tinha a tarefa de cuidar diariamente de um jardim zen, um jardim de areia e pedras usado pelos monges para meditação. Ninguém pisava no jardim, a não ser os noviços na hora da limpeza. Ao seu redor, havia uma varanda com salas reservadas de onde os monges contemplavam a paisagem como na maioria dos jardins zen, aliás. Ao contrário da maioria dos trabalhos monásticos, para aprender a cuidar de um jardim zen não havia mestre. Então, como transformar um monte de pedras e areia numa paisagem que acalmasse os olhos e a mente? Vou fazer e você copia, era tudo o que dizia o monge já familiarizado com a tarefa. Então ele dava forma à areia. Com olhar atento, o noviço repetia o feito. Tínhamos que pegar um rastelo e andar fazendo um traço retinho. Se não ficasse bom, o jeito era repetir.Mas ninguém falava onde estava o erro, diz Handa, hoje na Comunidade Budista Soto Zenshu, em São Paulo. Perceber onde faltava harmonia fazia parte do aprendizado.

A única dica era seguir os contornos naturais do jardim. Assim, os desenhos começavam retos, acompanhando as margens, e só perdiam essa forma quando contornavam as pedras. A reta simboliza o pensamento correto, um caminho a ser seguido. ............. Embora seja chamado de jardim, o retângulo de areia e pedras representa o mundo. A areia e os pedriscos representam o mar. As pedras são rochas e ilhas. Portanto, os círculos ao redor das pedras seriam como ondas, que batem na rocha e voltam, batem e voltam, no mesmo movimento contínuo, cheio de altos e baixos, que é a vida. Entender e visualizar essa dinâmica de forças é essencial para conseguir a harmonia necessária para a contemplação.

Contemplação
...........
Paisagens com poucos elementos e cores confortam a mente. Diante de tão pouca informação, o pensamento pára de saltar de um assunto para o outro, como ocorre no dia-a-dia. O equilíbrio visual é o que permite nos concentrarmos. Por essa razão o kazansui está tão ligado à meditação, que nada mais é que a atenção total no momento presente. Assim como no zazen (meditar sentado) é preciso concentrar-se na respiração, na meditação sobre o jardim o foco está na paisagem. É meditar com os olhos. Ou simplesmente contemplar.

Impermanência
...................
Tem que ser devagar, não pode ter ansiedade. Relaxe, preste atenção na respiração e concentre-se totalmente na atividade.

Lembro-me então de quando perguntei ao monge Francisco Handa se arrumar um jardim zen era também um momento de meditação. Com simplicidade, ele me respondeu que não havia diferença entre lavar um banheiro e fazer um jardim. Tudo que se faz num templo é meditação. A mestra Sinceridade já terminava a segunda reta quando me detive no som quase uniforme dos pedriscos sendo puxados pelo rastelo. Sinal de uma velocidade constante que resulta em traços retos, penso eu.

Tento usar a tática na minha vez. Não funciona muito. Comento com a mestra. É preciso treinamento, diz. Tolerância é um dos três ensinamentos do budismo trabalhados na manutenção do jardim zen. Não é fácil. Às vezes, é preciso assumir que não deu certo e tentar de novo, sucessivas vezes, até alcançar um resultado harmônico. Uma harmonia não só visual, e sim da energia representada ali (o mar, as ilhas, lembra?).

............
Não bastasse tudo isso, aquele punhado de areia e pedras ensina ainda que nada é permanente, tudo é dinâmico, pois a cada vez que bate um vento ou se passa o rastelo o jardim é outro. Foi o que aprendi no mosteiro quando, absorta com o rastelo, me detenho ao perceber que vou atropelar o desenho que a Mestra acabara de fazer. Ela me olha e sorri. Passe por cima.Um faz, o outro desmancha e refaz. O jardim zen está sempre sendo construído.

Extratos do texto:
Cortesia de Michel Seikan
Fonte: Vida Simples

sexta-feira, 15 de maio de 2009

O budismo étnico e o budismo nascente



A flor do budismo chegou ao Brasil, com imigrantes japoneses, no início do século XX, este budismo ficou oculto dentro da comunidade de imigrantes e com o tempo estes, na tentativa de se integrarem, foram se convertendo as religiões da maioria dominante. Num segundo momento, nos anos 60, surgiram os primeiros praticantes ocidentais e missionários budistas que se voltaram para os brasileiros. Os novos budistas brasileiros estavam interessados nas doutrinas e na meditação, ao contrário dos japoneses que desejavam conservar tradições e ritos e não eram estudantes da doutrina em sua maioria.
No momento atual cai o numero de autodeclarados budistas no censo, isto se deve a morte dos budistas étnicos, não substituídos por seus descendentes que se assimilam à cultura dominante e suas confissões. Simultâneamente um grupo crescente de simpatizantes do budismo se expande, eles compram livros e alguns tornam-se praticantes de formas de budismo diversas, o Ibope informa que 17% dos brasileiros declara-se simpático ao budismo, numero altíssimo se comparado aos que se declaram budistas, menos de 1%.
Vemos então um movimento interessante, uma simpatia generalizada e crescente, de leitores de livros ou superficialmente informados pela mídia, pequenos grupos nascentes de praticantes de origem ocidental, e uma presença grande na cultura, sob a forma de expressões como: "você está ZEN", significando a serenidade dos meditadores e a prática de atividades e conceitos influenciados pelo pensamento budista.
Em um lugar como Florianópolis, onde temos uma comunidade zen budista, apenas um dos 385 participantes da lista de e-mails da comunidade é nipo descendente, o movimento que assistimos é o nascimento de um zen budismo marcadamente brasileiro, voltado ao estudo e a meditação. Enquanto cai o budismo de imigração pela absorção cultural e morte dos antigos, cresce um budismo altamente influente na cultura. Como o budismo não se dedica a conversões e não tem ritos de passagem para interessados, é extremamente lento que um frequentador de uma comunidade se diga "budista", a assunção de uma identidade tal nem é tentada nos centros zen budistas, e tardará a surgir nos censos, enquanto a influência cultural budista se espalha firmemente.
O cálculo da influência budista, desta forma, só pode ser feito de outra forma, e não sob a contagem de "conversos", objetivo a que se dedicam outras confissões e que é estranho ao budismo tradicional.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Um pássaro é verdadeiramente um pássaro...



Um pássaro é verdadeiramente um pássaro, um peixe é verdadeiramente um peixe...somente os homens não são verdadeiramente homens...

(Saikawa Roshi comentando o mundo de sonhos e ilusões que retiram os homens da consciência plena)

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Shisshi (O Leão Lendário)



Komainu (Canino Guardião dos Templos) / Shishi (Leão Lendário) - Nas entradas dos templos japoneses são colocados um par de imagens de komainu. Komainu significa cão proveniente de Koma (os antigos assim chamavam a Península Coreana).
Dizem que, para ser mais preciso, deve-se chamar de Komainu a imagem com um chifre, e de shishi o outro o que não o possui chifre. Dizem que é também chamado de "Aun no shishi" (leão de "aun", ou seja, a primeira e a última vogal, ou o princípio e o fim, a inspiração e a expiração), estando um com a boca aberta e o outro não.

História - Na Índia, terra onde se originou o budismo, colocava-se duas imagens de leão em frente à imagem de Buda. Este costume foi transmitido ao Japão juntamente com o budismo. Até por volta do século 9, estas imagens tinham um aspecto adaptado à visão chinesa e nada parecido com os leões de hoje, e eram tidos como animais espirituais, guardiões dos templos com poderes para proteger o Buda e impor uma atmosfera solene.
Pensa-se que o leão, rei dos animais, tenha sido transformado em shishi na China. Posteriormente, uma das imagens passa a ser komainu. A maioria é confeccionada em pedra, mas dentre os mais antigos são comuns também os feitos de madeira.

O pedestal onde Buda se coloca é chamado de shishiza ou o assento de shishi, e o veículo de Monju Bosatsu (Mañjusri) também é um shishi (foto acima).

Texto do Jornal SP Shimbun (2002)

terça-feira, 12 de maio de 2009

Sempre sentamos no Soto Zen em frente a paredes?



Nem sempre...muitos monges no passado não tinham paredes disponíveis em suas peregrinações, Buddha, em sua iluminação, tinha o solo e as estrelas à sua frente, no momento de seu despertar via a estrela da manhã, uma boa confirmação do metodo de meditar zen de olhos abertos.
Um famoso mestre zen disse que um bom lugar era uma ponte com muitas pessoas passando, mas isso é para mestres, iniciantes precisam começar com o mínimo de estímulos. Em geral a natureza pode ser um bom lugar e grandemente inspirador.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Karatê e Zen em POA




Monja Isshin, que é praticante de artes marciais, tem facilidade em falar para os karatecas também. Aqui com um grupo de praticantes que nasceu com o mestre Takeo Suzuki no remoto ano de 1974, na Academia Kidokan em Porto Alegre. Todos fizeram um retiro de zen e karatê no fim de semana passado.

Igarashi Roshi, foto antiga em POA



Foto, de 1992, o hoje Igarashi Roshi ( residente no Japão após doença cardíaca), então Monge Ryotan Tokuda, aparece ladeado por Petrucio Chalegre, em cuja casa se hospedava em P. Alegre (hoje Monge Genshô) e Alfredo Aveline (hoje Lama Padma Samten do Budismo Mahayana Tibetano)ambos à época praticantes do zen budismo, nas origens do CEB.

sábado, 9 de maio de 2009

Nomes do Dharma


P: Como se dá a escolha dos nomes que os monges passam a usar após as ordenações, e os leigos depois de investiduras e votos?

R: No Zen, a ênfase na obtenção do nome é particular. Ela implica uma definição de aceitação do doador do nome como mestre do aluno nomeado. Dessa forma, é necessário que tanto mestre, quanto discípulo estejam certos de que devem aceitar um ao outro.

No Zen Budismo, o nome de praticante só é dado depois de um razoável tempo de prática. O aluno tem de fazer um objeto especial, (rakusu, foto acima), muito trabalhoso para costurar, uma peça que será carregada ao pescoço com inscrições feitas pelo mestre e com o seu nome de praticante.

Não basta pedir para ter um nome, é preciso que o professor entenda que o aluno está maduro para recebê-lo e assumir os compromissos de portador. É fácil receber uma recusa e a próxima oportunidade demora normalmente um ano em minha linhagem. Assumir um nome sem estar preparado pode ser simplesmente um mau caminho.

O monge não perde seu nome de praticante, que tem duas sílabas, e ganha mais um nome. Então, seu nome completo terá quatro sílabas. O Mestre Zen pensa muito sobre o nome que vai dar. Vi um mestre passar três dias pensando sobre o nome adequado para uma pessoa. O nome indica caminhos de realização e traça um rumo. A responsabilidade de dar e portar um nome no Dharma é muito grande.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Ordenações monásticas no Via Zen em POA



Coen Sensei ordenou recentemente mais duas noviças em Porto Alegre, elas aparecem na foto à esquerda da mestra. São, da esquerda para a direita, Shoden San e Kokai San, o Via Zen tem agora uma plêiade de noviços que dão força, com seu compromisso, à prática da comunidade e que agora se iniciam no monasticismo, é longo e trabalhoso o esforço, mas cheio de compensações espirituais.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

A iluminação elimina o carma?


Yôkô San, caminha, à beira mar, em retiro zen em Florianópolis.


P: Por meio da iluminação o carma não é eliminado? Se um iluminado é vítima de Alzheimer continua sendo vítima do carma? Pela degeneração do sistema nervoso ele "perde a iluminação"?

R: Na iluminação completa não se gera mais carma, porque não há um eu ao qual ele possa aderir, no entanto o carma passado continua agindo, Buddha fala em sofrer efeitos de atos seus no passado. Assim essa iluminação do ser que fica doente ou morre não é perdida, mas os efeitos do carma não cessam.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Passamento

Recebemos, hoje à tarde, a notícia do falecimento da mãe de Saikawa Roshi, no Japão. Sabíamos da avançada idade e fragilidade da Sra. Saikawa. Ouvimos do Roshi, que lá está, a narrativa de que foi ela que o colocou no caminho do Dharma, contando-lhe histórias budistas na infância. Temos assim por ela uma dívida de gratidão sempiterna.

Sushi Vegetariano em Florianópolis




Curso ministrado pela sushiwoman Bia San no Daissen Restaurante Vegetariano, anexo a Comunidade Zen Budista de Florianópolis, ensina a incluir a especialidade da culinária japonesa no cardápio.

Nada de salmão, atum, polvo ou camarão. A proposta agora é apostar no sabor delicado de legumes e verduras ao dente, cogumelos, frutas e outras guloseimas. O sushi vegetariano, opção para quem não quer abrir mão do sabor exótico do sushi, é assunto do curso ministrado no domingo (17.05) no Daissen Restaurante Vegetariano com o apoio da Comunidade Zen Budista de Florianópolis.

Sushiwoman há oito anos, Bia San indica o sushi como uma opção leve, com poucas calorias e fonte de experimentações diversas. “Gosto de trabalhar com ingredientes que, em outros pratos, são secundários. No sushi, no entanto, ganham vida e se tornam estrelas, garantindo todo o sabor”, aponta e sugere as inusitadas combinações de sashimi de abóbora flambada com saquê e gengibre ou Nigiri de Hiratake Salmão.

A criatividade para combinar ingredientes distintos e a sensibilidade para equilibrar sabores delicados é o segredo do sushi vegetariano. Parece complicado, mas Bia San discorda. “Basta prezar pela harmonia entre os ingredientes. Além disso, o arroz permite criações diversas – seu sabor é delicado e valoriza o elemento principal escolhido”, analisa.

Harmonia e equilíbrio parecem ser as palavras chaves até mesmo do curso, que acontece no Restaurante Vegetariano Daissen - localizado no andar de baixo da Comunidade Zen Budista de Florianópolis. Praticante do zen budismo, Bia San estudou a culinária Zen Budista e vai utilizar os preceitos no curso.

Para Bia, o maior objetivo do Curso de Sushi Vegetariano é demonstrar que o sushi pode ser incluído no cardápio cotidiano. “Todos os ingredientes são fáceis de encontrar e já o conhecemos bem. São os pequenos detalhes que garantem um visual interessante – a estética é fundamental – e um sabor diferente. É só experimentar!” garante.

Breve história do sushi

O sushi nasceu de uma antiga técnica japonesa para conservar peixes. Para transportar o pescado entre as regiões, acondicionavam os filés salgados entre camadas de arroz cozido. Os japoneses sabiam que o arroz liberava o ácido acético e láctico que garantiria a qualidade por mais tempo. Assim o peixe fermentava naturalmente, adquirindo um sabor ácido. A técnica também era usada pelos pescadores em alto mar, criando-se assim o sushi prensado.

Por volta do século XIV, os japoneses passam a consumir não só o peixe como também o arroz, antes que este fermentasse. Surge assim o namanarizushi, que originou os tipos de sushi conhecidos na atualidade.
Mais aqui

QUANDO: Domingo, 17 de maio, a partir das 14h às 16h

ONDE: Daissen Restaurante Vegetariano, Praça Getúlio Vargas, 126, Centro

INVESTIMENTO: R$ 120,00 com desconto de 15% para clientes do Daissen

INFORMAÇÕES:

Daissen: 3225 8896

Bia San: 3206 7486 | 8416 7486

Assessoria de Imprensa: Patricia Ramos

terça-feira, 5 de maio de 2009

Oficiar casamentos




Oficiar casamentos é uma das mais belas tarefas para o monge budista. Há felicidade no ar, emoção genuína, e um sentimento de agradecimento entre as famílias. No ritual zen, os noivos entregam flores aos pais do seu consorte, e os abraçam agradecendo terem cuidado daquele que é seu amor desde pequeno.
Prometem apoiar um ao outro e declaram seus sentimentos em público, oferecem incenso em frente ao altar de Buddha, trocam alianças e ouvem os sutras. Muitas vêzes a emoção reinante transborda o casal envolvendo os presentes.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Monja Jishun


Na tarde de domingo, dia 3 de maio, a Sra. Haruko foi ordenada pelo Monge Jiten, Haruko San já vem ajudando um grupo de interessados a praticar meditação no Templo de Rolândia, no Paraná. Recebeu o nome monástico de Jishun. Na foto aparece com a típica cabeça raspada dos que optam por abdicar da vaidade e dedicar-se prioritariamente ao Dharma, com membros do templo e amigos.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

O que fazer com as intrusões de pensamentos na meditação?


Em um retiro, em Florianópolis, uma praticante toca uma placa de metal em formato de nuvem, ela é usada no final de certos horários de meditação, e o ritmo usado no seu toque expressa a impermanência e o tempo limitado que temos para despertar.
Atrás o vasto céu deixa passar as nuvens sem ser alterado.

R: A intrusão de pensamento é o problema de todo mundo, a técnica é não lutar com isto, as sensações estão ali e são boa coisa, o julgamento sobre elas é que é o erro, basta sentar e sentir plenamente tudo em volta, mas sem fazer considerações, sem achar bom nem ruim, quanto aos pensamentos não segui-los, não elaborar, não fazer novas associações, deixar que venham e vão sozinhos, “o vasto céu azul não é perturbado pelas brancas nuvens que passam”, você deve se colocar como este céu.