terça-feira, 30 de junho de 2009

Cybermonk


Ilustração no site do Zen Mountain Monastery. Em todo o mundo a internet tornou-se uma das principais fontes de difusão do Dharma...

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Mestre e discípulo


No zen, a transmissão é característicamente entre mestre e discípulo, não são os textos ou poderes sobrenaturais que levam o aluno até ao esclarecimento, quem faz esse papel é o mestre com seus cuidados e com a chamada transmissão mente a mente.
Desconsiderar esse processo é descartar o próprio zen e sua tradição. Cuidadosamente recitamos linhagens de transmissão para lembrar os ancestrais que portaram a lâmpada passando-a de mão em mão. Se filosofia ou estudos são úteis? Podem ser, mas não constituem a essência do zen, eles formam eruditos mas não necessariamente iluminados, os que procuram a luz através do zen precisam baixar sua cabeça para um mestre. Na realidade tocar o chão com ela.

sábado, 27 de junho de 2009

Versos sobre a Fé na Mente


Hsin Hsin Ming – Versos sobre a Fé na Mente
escrito por Jianzhi Sengcan (Kanchi Sôsan Daioshô)
3º ancestral da linhagem chinesa



"O Grande Caminho não é difícil
Para aqueles que não têm preferências.
Quando o amor e o ódio estão ambos ausentes
Tudo se torna claro e sincero.

Fazendo-se a menor distinção entretanto
O céu e a terra são colocados infinitamente distantes.
Se queres ver a verdade,
Então não tenha opiniões a favor ou contra coisa alguma.
Quando o profundo significado das coisas não é compreendido
A essencial paz da mente é perturbada inutilmente.

O Caminho é perfeito como o vasto espaço
Onde nada falta e nada está em excesso.
Na verdade, é devido à nossa opção em aceitar ou rejeitar
Que não vemos a verdadeira natureza das coisas."

Copiado daqui

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Talidade


Portanto, a talidade é perceptível por nós? Sim, mas não com os nossos olhos normais e sim retirando os olhos do nosso rosto e colocando outros olhos, os olhos de Buda , com eles podem se ver as coisas tais como são porque estão completamente isentos de qualquer julgamento, de certo ou errado, bom ou ruim, dos opostos, das dualidades e das interpretações do nosso software mental.

Quando nós nos sentamos para meditar estamos tentando ficar aqui agora sem interpretações, por isso as instruções são: não julguem, não pensem, bom ou ruim, certo ou errado, sobre nada que lhe ocorra, simplesmente volte para aqui e agora e perceba as coisas além do pensar e do não pensar. Sinta que você está aqui agora, se você der um salto você então verá como as coisas realmente são, e não tem nada a ver com uma descrição. Nada poderá ser descrito, nada poderá ser dito à respeito porque se nós a descrevermos a estaremos diminuindo porque de novo estaremos traduzindo para palavras aquela coisa que é indescritível. Então um conhecimento perfeito é possível, mas ele só pode vir de dentro e não pode vir de fora através das informações e das interpretações de nossos orgãos sensoriais e seus aparatos mentais. Isto é o que eu queria dizer sobre talidade.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Rev. Prof. Dr. Eduardo Basto de Albuquerque


Caríssimos Irmãos no Dharma,

Cumpre-me o doloroso dever de comunicar o falecimento, ocorrido ontem na cidade de Rio Claro, SP, do Rev. Prof. Dr. Eduardo Basto de Albuquerque, da Comunidade Budista Soto Zenshu.
Historiador e Professor Livre-docente, especialista em História das Religiões, o Rev. Eduardo lecionava e pesquisava no Programa de Pós-Graduação em História da UNESP, Campus de Assis, SP.
Formado em História pela USP em meados dos anos sessenta, o Rev. Eduardo foi um dos primeiros historiadores brasileiros a se empenhar no estudo e na prática do Budismo Zen. doutorou-se em História Social pela USP, onde defendeu a tese "O Irmão e o Mestre - estudo comparativo do ideal da Pobreza em S. Francisco de Assis e Dôgen".

Prof. Dr. Ricardo Mário Gonçalves

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Devemos meditar sós ou em grupo?


Os dois. Praticar sozinho é essencial para acumular mais práticas. Em grupo porque é mais fácil, cada pessoa dá força à outra em seu propósito e assim pode-se meditar durante períodos mais longos, como sucede nos retiros.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Hipnose


P: A hipnose pode facilitar a entrada em um estado meditativo?

R: Creio que isso pode funcionar, no entanto é algo falso e dependente de terceiros, mal comparando, as drogas eventualmente podem produzir estados alterados de consciência, mas não somos proprietários deles e sim dependentes de uma coisa química, com o agravante de múltiplos efeitos colaterais e ainda a impossibilidade de gerarem uma transformação genuína, na verdade apenas a memória de uma alucinação permanece.
Adicionalmente, depender de terceiros pode ser muito perigoso e desaconselharia fortemente que se procure estados meditativos induzidos por sugestão, seria o contrário da liberdade que o budismo busca.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

A cruz suástica e sua deturpação nazista


Cruz suástica em templo coreano. (Fonte Wikipédia)

O símbolo da cruz suástika foi incorporado, desde a Dinastia Liao, nos ideogramas chineses, com o sinal representativo 萬 ou 万 (wan, em chinês; man, em japonês; van, em vietnamita), significando algo como "tudo" ou "eternidade", mas o desenho 卐 (suástica no sentido horário) é raramente usado. A suástica marca as fachadas de muitos templos budistas. As suásticas (qualquer das duas variantes) costumam ser desenhadas no peito de muitas esculturas de Buda, e freqüentemente aparece ao pé da estatuária de Buda.

Em razão da associação da suástica voltada para a direita com o nazismo após a segunda metade do século XX, a suástica budista, fora da Índia, tem sido utilizada apenas na sua forma (卍 - sentido anti horário).

Esta forma da suástica é comum, também, nas caixas de comida chinesa, indicando que a comida é vegetariana, e pode ser comida por budistas de princípios mais rígidos. Também é bordado com freqüência nos colarinhos das blusas das crianças chinesas, para os proteger de maus espíritos.

Mapas do metrô de Taipei, onde a suástica-esquerda representa os templos, junto à cruz que indica igrejas cristãsEm 1922 o movimento sincrético chinês "Daoyuan" fundou uma associação filantrópica denominada "Sociedade da Suástica Vermelha", copiando a ocidental Cruz Vermelha, que foi bastante atuante na China, durante as décadas de 1920 e 30.

A suástica, usada na arte e escultura budistas, é conhecida dentro da língua japonesa como "manji" (que, literalmente, pode ser traduzido como: caractere chinês para eternidade - 万字), e representa o Dharma, a harmonia universal, o equilíbrio dos opostos. O símbolo virado à esquerda representa amor e piedade; voltado para a direita é força e inteligência.
(Trecho adaptado da Wikipédia)

(A ligação com o nazismo foi tão forte que o antigo significado da cruz suástica ficou olvidado, e praticamente não é mais usada em todo o budismo do ocidente, no nazismo ela foi girada um quarto de volta, mas esta diferença não é suficiente para descaracteriza-la )

domingo, 21 de junho de 2009

Que dizer?


P: O que dizer a quem perdeu um ente querido, como uma mãe?

R: Talvez algo assim:
- Sua mãe está conosco agora. Você se encontrou com ela muitas vidas antes e continuará sendo assim nas próximas. Vocês estão profundamente ligados e por esta razão são cármicamente destinados a se reencontrar...

Porém, eu sei que é magro consolo, porque o que desejamos é permanência, não promessas futuras, muito mais sabendo que os seres que se reencontram são manifestações cármicas que não são os mesmos EUS, que não tem memória alguma do passado.
Por colocarmos nossa felicidade na estabilidade das coisas em um mundo instável o sofrimento das perdas torna-se certo, só colocando nossa felicidade no fluxo da vida seria possível aceitar isto, mas para tanto é necessária uma revolução mental.

sábado, 20 de junho de 2009

Perambulação


P: Quero mudar minha vida, trabalhar em outro lugar fazendo algo diferente, parece que o que faço não dá certo em relacionamentos e profissionalmente, como devo agir?

R: O segredo da vida não é procurar fazer o que se gosta, mas sim achar como gostar do que se faz, saber seguir o fluxo da vida, quando lutamos contra a corrente natural tudo fica muito difícil, é como se as engrenagens estivessem emperradas. Perambular, procurando a felicidade, é justamente o significado da palavra Samsara (perambulação). Por exemplo, não podemos forçar o amor, nem alimentar pretensões demasiadas em um relacionamento, se fazemos isto afogamos o outro com nossas demandas.
Quanto a vida profissional, não se pode trocar de trabalho enquanto não se tem uma outra coisa segura, só se pode pular de um barco para outro, se pulamos e saímos nadando as coisas pioram ainda mais.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Zazen e o Eu


"Voltemos ao nosso tema do eu. Como é que nós treinamos para fazer com que o nosso eu enfraqueça. Como é isso? Primeiro nós sentamos em zazen. Por que sentar em zazen funciona para diminuir a noção de um eu? Porque se você senta e não cogita nem julga você é capaz de olhar, cheirar, degustar, tatear, sem colocar um eu nessas coisas, nem colocar um eu que está apreciando essas coisas. Todo o treinamento do Zen está focado em demolir o eu, é por isso que muitas vezes as pessoas não gostam do treinamento, e se irritam com os professores, porque leram livros sobre o Zen Budismo e quando vêm conhecer um centro do Dharma, um monge verdadeiro ou um seshin, em vez de eles terem oportunidade para se manifestar, para mostrar o seu eu, eles são todo o tempo instados a calar a boca, a fazer tudo junto com os outros, a não corrigir os outros, a não criticar, a não elogiar, a não fazer nada que está ligado ao eu.

São estratégias para diminuir o eu. A primeira estratégia é sentar em zazen e então ouça o pássaro cantar lá fora, mas não pense “um pássaro cantou lá fora”. Não coloque um eu no pássaro. Não há uma identidade no pássaro. Também não há uma identidade que ouve o pássaro. Não diga para si mesmo: eu estou ouvindo um pássaro, como é bonito o canto do pássaro. Todos esses são julgamentos. Nós temos que sentar no zazen, ouvir o canto do pássaro sem colocar nenhuma identidade no pássaro e nenhuma identidade no observador, que somos nós, do pássaro.

O som do canto tem que nos atravessar. Passar por nós de um lado ao outro. Não deixar rastro. Surgir e desaparecer. Estamos conscientes profundamente do canto. Ouvimos com nitidez o canto, mas ele passa por nós de um lado a outro. Nós não agarramos nada nele, não julgamos nada nele, não nos colocamos nele. Não pensamos o que aconteceu antes do canto ou o que vai acontecer depois. Não esperamos o próximo canto. Não cogitamos do canto que já passou.

Ficamos sentados em zazen deixando que o canto dos pássaros aconteça naquele momento, não no passado nem no futuro. Não diga, agora o pássaro cantou, porque agora já é passado. Simplesmente sente e cante com o pássaro. Você é o próprio canto do pássaro. Você é o pássaro. Não é o pássaro que canta. Todo o universo canta. Você canta junto com todos os seres. Não há lá nem aqui. Não há passado. Não há futuro. Há só (estala os dedos) e pronto! Essa é a maior prática.

Se você atingir essa prática não precisa nenhuma outra porque todos os seus sentidos deixaram de funcionar para enganá-lo, para criar a consciência de um eu, você desarmou a armadilha que surge com as percepções e com a instalação da consciência."

Trecho de palestra (Estratégias de treinamento...) disponível em Daissen - Portal do Zen, na secção "Textos", "Monge Genshô".

quinta-feira, 18 de junho de 2009

A unificação de física e consciência


DIMENSÕES ESCONDIDAS
A unificação de física e consciência
B. Alan Wallace Ph.D.

Transpondo a lacuna entre o mundo da ciência e o reino espiritual, B. Alan Wallace Ph.D. introduz uma teoria natural da consciência humana com raizes na física contemporânea e no budismo. A “teoria especial da relatividade ontológica” sugere que os fenômenos mentais são condicionados pelo cérebro, mas não emergem dele. Em vez disso, todo o mundo de mente e matéria, sujeitos e objetos, surgem de uma dimensão unitária da realidade que é mais fundamental que essas dualidades, conforme proposto por Wolfgang Pauli e Carl Jung.

Para testar essas hipóteses, Wallace emprega a prática meditativa budista de samatha, que refina a atenção e a metacognição, para criar um tipo de telescópio para examinar o espaço da mente. Recorrendo ao trabalho do físico John Wheeler, ele propõe então uma teoria mais geral na qual a natureza participativa da realidade é visionada como um circuito auto-excitado. Ao comparar essas ideias com a teoria budista conhecida como filosofia do Caminho do Meio, Wallace explora aspectos adicionais de sua “teoria geral da relatividade ontológica”, que podem ser investigados por meio de meditação vipasyana, ou insight.

Wallace enfoca o tema da simetria em relação à cosmologia quântica e ao “problema do tempo congelado”, relacionando esses assuntos à teoria e às práticas da escola da Grande Perfeição do budismo tibetano. Conclui com uma discussão do tema geral da complementaridade no que se relaciona à ciência e religião.

As teorias da relatividade e da mecânica quântica foram grandes feitos das ciências da física, e a teoria da evolução teve impacto igualmente profundo nas ciências da vida. Contudo, ainda não existem métodos científicos rigorosos para se observar os fenômenos mentais, e o naturalismo tem limites para lançar luz sobre o funcionamento da mente.

Pioneiro na pesquisa moderna sobre a consciência, Wallace oferece um método prático e revolucionário para se explorar a mente, que combina os insights mais perspicazes de físicos e filósofos contemporâneos com as tradições meditativas do budismo consagradas tempo tempo.

Prof. B. Alan Wallace dispendeu quatorze anos como monge budista, ordenado por Sua Santidade o Dalai Lama, e então conquistou graduação em física e filosofia no Amherst College e doutorado em estudos religiosos na Stanford University. Traduziu numerosos textos de budismo tibetano e é autor de várias obras, incluindo Contemplative Science: where Buddhism and Neuroscience Converge, e editor de Buddhism Science. É fundador e presidente do Santa Barbara Institute for Consciousness Studies, dedicado à investigação científica, filosófica e contemplativa da natureza e potenciais da consciência.
O livro pode ser adquirido aqui

quarta-feira, 17 de junho de 2009

O Vazio


"Sua natureza verdadeira é algo que nunca se perderá nos momentos da ilusão, nem se ganhará no momento da iluminação. Ela é da natureza da essencialidade. Nela, não há nem a ilusão nem a compreensão correta. Preenche o vazio em todas as partes e é intrinsecamente da substância da mente única. Como, então, os objetos criados pela mente poderiam existir fora do vazio? O vazio é fundamentalmente desprovido de dimensões espaciais, aflições, atividades, ilusões ou da compreensão correta. Vocês têm que compreender claramente que nele não há nem coisas, nem homens e nem Buddhas, pois este vazio não contém o menor fio de cabelo de qualquer coisa que possa ser vista especialmente. De nada depende e a nada está apegado. A tudo embebe e possui beleza imaculada. Existe em si mesmo, é o absoluto não-criado. Então, como poderia haver a discussão, "se o Buddha real não tem boca e não prega qualquer Dharma, ou se o escutar real não requer ouvidos, quem poderia escutá-lo?" Ah, eis uma jóia que está além de qualquer preço!

Esta mente pura, que é a fonte de todas as coisas, brilha eternamente com a radiação de sua própria perfeição. Mas a maioria das pessoas não está consciente disso e pensa que a mente é apenas a faculdade que vê, ouve, sente e conhece. Cegados pela suas próprias visões, audições, sentimentos e conhecimentos, eles não percebem a radiação da fonte. Se pudessem eliminar todo pensamento conceitual, esta fonte apareceria como o sol, brilhando no céu vazio e iluminando todo o universo."

Trecho de "A Mente Única"
Huang-po Hsi-yun - Contribuição de Zendo Virtual

terça-feira, 16 de junho de 2009

Seshin e cozinha




No fim de semana passado tivemos mais um retiro zen em Florianópolis. Meditação começa as 4:20h da manhã. E aprende-se a viver em silêncio, apreciando os pequenos atos da vida. Preparar alimentos, lavar pratos, pode ser um deles, a faca corta em pedaços, a água escorre pelas mãos, o sol entra pela janela, sem cogitações nem preferências, tudo começa e acaba para uma mente serena.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Por desfolhar-me


Motivo da rosa


Não te aflijas com a pétala que voa:
também é ser, deixar de ser assim.

Rosas verás, só de cinzas franzidas,
mortas, intactas pelo teu jardim.

Eu deixo aroma até nos meus espinhos
ao longe, o vento vai falando de mim.

E por perder-me é que vão me lembrando,
por desfolhar-me é que não tenho fim.

Cecília Meireles

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Buddhismo no Vietnam - Dias vegetarianos



Os budistas no Vietnam seguem o calendario chinês lunar. Eles observam dez dias vegetarianos cada mês. Há dois sistemas. Muitas pessoas comem comida vegetariana quatro dias por mes lunar. Outras, dez dias cada mês, nao corridos. Durante três meses cada ano, comem sem carnes o mês inteiro. Um destes meses é o do nascimento do Buddha, que, de acordo com os costumes do Vietnam é comemorado no mês de maio.

(Jim, relatando, desde Los Angeles, os costumes de seus alunos budistas vietnamitas, não sabemos a origem deste calendário vegetariano, se algum leitor souber por favor nos relate)

quarta-feira, 10 de junho de 2009

“Estágios da Meditação e o Treinamento Buddhista em Dogen”


Mini-curso com Prof. Ricardo Sasaki
Junho 8, 2009 — monjaisshin

Mestre Eihei Dogen
Temos muito prazer em receber o Prof. Ricardo Sasaki (Dhanapala), professor leigo do Darma (tradição Theravada) e Diretor-Fundador do Centro de Estudos Buddhistas Nalanda, de Belo Horizonte, MG, para oferecer um mini-curso sobre “Estágios da Meditação e o Treinamento Buddhista em Dogen”.

Neste mini-curso ele irá expor uma visão da meditação buddhista segundo os textos antigos atribuídos ao Buddha e preservados pela tradição Theravada, alinhavando-os com os dez pontos do treinamento buddhista do grande mestre Zen japonês Dogen

* Quando: 17 e 18 de junho, 2009 (4ª e 5ª-feira)

* Valor: 20,00 por noite ou 35,00 para os dois dias
* Nota: se não puder participar devido ao custo, queira contactar-nos.

Horário: 20h00 às 22h00

Local: “Sangha Aikikai”, Dojô Porto Alegre Aikikai da Associação RS Aikikai
Av. Cristóvão Colombo, 378
Bairro Floresta (em frente ao Shopping Total) – Porto Alegre, RS

Informações e inscrição:
Sangha Águas da Compaixão
aguasdacompaixao [arroba] gmail [ponto] com
tel: (51) 9331-7476

terça-feira, 9 de junho de 2009

Podemos usar âncoras para ativar o estado meditativo?



P: Podemos usar âncoras para ativar o estado meditativo? Eu acho que já se usam âncoras, como a recomendação de tentarmos meditar no mesmos horários e local(como associamos a meditação a certos lugares, horários, posturas...) Então isso talvez nos ajude a entrar nesse estado até conseguirmos cada vez mais ativá-lo voluntariamente, até finalmente nos mantermos mais e mais nele ao longo do dia. E mesmo que saiamos desse estado por sermos assaltados por alguma emoção súbita, consigamos retornar rapidamente, restabelecendo o equilíbrio mental.


R: Sim, é pertinente, creio que algo assim é a memória do próprio estado de samadhi, como se estivessemos as portas de uma experiência de kenshô (insight, experiência mística) e assim pode-se acionar o estado mental meditativo quando se quer. Em geral para isso ainda é preciso um ambiente adequado de concentração, uma caminhada em um lugar belo é particularmente propícia, no entanto isso pode ocorrer em qualquer atividade, mais facilmente se é algo manual, e bem mais difícil se em uma interação social, na qual as palavras de outras pessoas trazem o samsara de volta a todo momento.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Todaiji



Monges limpam a gigantesca estátua de Buda de Todaiji em Nara, Japão. Estátuas não representam seres existentes mas ideais, e servem para inspirar as pessoas a imitar aquele exemplo.

domingo, 7 de junho de 2009

Guardiões


Nas catedrais cristãs vêem-se figuras de expressão assustadora como ornamentos externos, são os guardiões do templo, a mesma tradição aparece nos templos budistas, aqui uma magnífica estátua de protetor no Templo de Todaiji em Nara. Este templo feito em madeira, precede em 500 anos a entrada do zen no Japão.

sábado, 6 de junho de 2009

E se o planeta for destruído?


Cortesia de Flavius, do templo Niyngma de Garopaba, estátua em argila de Buddha com 1m e 10cm feita por artista butanês.

P: Se o planeta for destruído o que sucederá com as ondas kármicas que geram os seres?

R: O universo é imenso e, segundo o budismo, não se limita ao reino da forma, há também reinos de não forma, e mais ainda, o tempo não tem uma forma linear e para ondas, ou mesmo consciências sem forma, tanto faz um segundo ou um bilhão de anos, manifestaçào ocorrerá em algum momento e lugar em que as condições forem propícias para tanto.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Como surgiu o primeiro impulso?



Esse é o tipo de pergunta que Buddha se recusou a responder. Se tudo tem uma causa qual a causa primeira? É um dos argumentos escolásticos para um Criador, mas resta então a pergunta de qual a causa do Criador, um raciocínio de regressão sem fim.

Uma vez perguntei assim a Saikawa Roshi em um mondo (desafio público entre mestre e alunos)

- Como surgiu o primeiro karma?

E o mestre:

- Quando você souber me conte.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Para além da curva da estrada


Para além da curva da estrada
Talvez haja um poço, e talvez um castelo,
E talvez apenas a continuação da estrada.
Não sei nem pergunto.
Enquanto vou na estrada antes da curva
Só olho para a estrada antes da curva,
Porque não posso ver senão a estrada antes da curva.
De nada me serviria estar olhando para outro lado
E para aquilo que não vejo.
Importemo-nos apenas com o lugar onde estamos.
Há beleza bastante em estar aqui e não noutra parte qualquer.
Se há alguém para além da curva da estrada,
Esses que se preocupem com o que há para além da curva da estrada.
Essa é que é a estrada para eles.
Se nós tivermos que chegar lá, quando lá chegarmos saberemos.
Por ora só sabemos que lá não estamos.
Aqui há só a estrada antes da curva, e antes da curva
Há a estrada sem curva nenhuma.

(Alberto Caeiro)
Poema de Fernando Pessoa, sob pseudônimo, que expressa muito bem a atitude de aceitação sem expectativas, preconizada para a atitude do praticante zen budista.
Cortesia de Zendô Virtual.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

No zen deve-se abrir mão do estudo ?


P: Um estudante do Zen deve abrir mão de estudos filosóficos? Até que ponto, e para que, devemos usar a mente?

R: Com estudo não se consegue nada, mas sem estudo não se vai muito longe.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Reinos


"As existências no reino do desejo vão desde os reinos mais miseráveis – os reinos infernais - até os primeiros reinos dos deuses; todos estes estados estão sob o controle do desejo.

Além do reino do desejo, há o reino da forma sutil, que inclui uma hierarquia de dezessete níveis divinos sucessivos. Os seres nestes estados têm uma forma sutil e corpos extremamente grandes, luminosos; suas mentes conhecem poucas paixões, poucos pensamentos; e eles desfrutam de uma felicidade incrível. A paixão predominante é o orgulho sutil - os seres destes reinos acham que atingiram algo superior e vivem um tipo de auto-satisfação.

Estes estados do reino da forma correspondem aos quatro níveis de concentração meditativa, caracterizados pela transcendência progressiva da investigação, da análise, da alegria e do êxtase.

Finalmente, além até mesmo deste quatro níveis de concentração do reino da forma, pode haver o nascimento no reino sem forma. Os seres do reino sem forma não experienciam qualquer sofrimento severo e virtualmente não têm quaisquer paixões; eles permanecem apenas em uma forma extremamente sutil. A impureza que permanece em suas mentes é um tipo de estagnação mental que impede a realização da natureza última da mente. No reino sem forma, a mente tem acesso a quatro estados sucessivos de consciência; absorção do espaço infinito, absorção da consciência infinita, absorção do nada, e absorção nem da diferenciação nem da não-diferenciação.

Os deuses do reino sem forma têm o sentimento de possuir um corpo, mas este corpo é imperceptível. Eles têm apenas o quinto agregado da individualidade - a consciência - ainda presente como uma ignorância sutil que lhes dá um sentimento de existir neste corpo sem forma. Esta consciência finalmente age como uma mãe que novamente dá a luz aos outros agregados.

Deste modo, os deuses do reino sem forma retornam aos reinos inferiores.

Para ser livre do samsara, a consciência em si deve ser definitivamente transformada na sabedoria primordial, a sabedoria da iluminação.



Estes oito estados dos reinos da forma e sem forma pertencem a uma mente positiva, não-distraída; seus estágios sucessivos são progressivamente livres do apego. Todos estes estados dos seis reinos do samsara são transitórios e condicionados: todos eles são parte da roda do samsara.

Apesar de os deuses dos reinos da forma e sem forma terem poucas formas severas de sofrimento, eles ainda estão sujeitos à morte e à transmigração.

Eles não têm o poder de permanecer em sua condição divina e sofrem, tendo de renascer em um reino inferior.

Se acharmos difícil aceitar a noção destes diferentes reinos, vamos simplesmente lembrar que a experiência de cada um é a sua realidade. Quando estamos sonhando, nossos sonhos tornam-se a nossa realidade, e acontece o mesmo com os seis reinos. Por exemplo, água pode ser experienciada de maneiras muito diferentes: para os seres do inferno, ela causa tortura; para os fantasmas famintos, é o que desejam desesperadamente; para alguns animais, é o meio necessário para a vida; para as pessoas, é uma bebida; para os deuses invejosos, é uma arma; e para os deuses, é um néctar sublime.

As profundezas do oceano são o habitat natural dos peixes, mas os humanos não podem viver lá. Os pássaros voam no céu, mas isto é impossível para o corpo humano. As pessoas que são cegas não podem ir aonde querem, enquanto aqueles que têm a visão normal podem se mover livremente por aí. Cada um vive em seu próprio mundo ou reino, sem perceber o dos outros.

Então, o samsara é composto por três reinos: o reino do desejo, o reino da forma e o reino sem forma. Todas as possibilidades da existência condicionada estão incluídas neles.

Tornando-nos conscientes de que todos os seres sofrem neste ciclo de existência, nos inspiraremos a nos liberarmos da ignorância e da delusão onde estamos imersos, a nos libertarmos do samsara, que é um oceano de sofrimento, e a nos esforçarmos para atingir a felicidade suprema do estado búddhico perfeito.

No passado, tivemos incontáveis nascimentos na existência cíclica. Hoje, somos seres humanos; se usarmos este oportunidade sabiamente, poderá ser o ponto de partida para a nossa liberação."

Texto Tibetano, fonte: Shunya

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Tu tens um medo


Tu Tens um Medo

Acabar.
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo dia.
No amor.
Na tristeza
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.
E então serás eterno.
Não ames como os homens amam.
Não ames com amor.
Ama sem amor.
Ama sem querer.
Ama sem sentir.
Ama como se fosses outro.
Como se fosses amar.
Sem esperar.
Tão separado do que ama, em ti,
Que não te inquiete
Se o amor leva à felicidade,
Se leva à morte,
Se leva a algum destino.
Se te leva.
E se vai, ele mesmo...
Não faças de ti
Um sonho a realizar.
Vai.
Sem caminho marcado.
Tu és o de todos os caminhos.
Sê apenas uma presença.
Invisível presença silenciosa.
Todas as coisas esperam a luz,
Sem dizerem que a esperam.
Sem saberem que existe.
Todas as coisas esperarão por ti,
Sem te falarem.
Sem lhes falares.
Sê o que renuncia
Altamente:
Sem tristeza da tua renúncia!
Sem orgulho da tua renúncia!
Abre as tuas mãos sobre o infinito.
E não deixes ficar de ti
Nem esse último gesto!
O que tu viste amargo,
Doloroso,
Difícil,
O que tu viste inútil
Foi o que viram os teus olhos
Humanos,
Esquecidos...
Enganados...
No momento da tua renúncia
Estende sobre a vida
Os teus olhos
E tu verás o que vias:
Mas tu verás melhor...
... E tudo que era efêmero
se desfez.
E ficaste só tu, que és eterno.

Cecília Meirelles