sexta-feira, 30 de julho de 2010

Sou meu eu?


Novos monges noviços de Florianópolis e os participantes com rakusus da Sangha, em foto com Saikawa Roshi.

R: Você precisa do seu eu para transitar neste mundo, não tente elimina-lo. Use-o. Apenas quando voltar para casa não imagine que seu eu é você mesmo, ele, como uma roupa, é apenas uma identidade de que você necessita para operar no mundo.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Palestra e Zazenkai no Rio de Janeiro



Organizada pela Sangha do Rio de Janeiro ligada à Comunidade Zen Budista de Florianópolis, a palestra acima será seguida no domingo por um zazenkai, um dia de prática, como descrito no cartaz abaixo:


Clique nas imagens para ampliar.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Final de sesshin e novos monges noviços


Clique na imagem para ampliar.

Foto do final do sesshin de inverno, da Comunidade Zen Budista de Florianópolis, com a participação de Saikawa Roshi, autoridade geral do Zen para a América do Sul, no qual foram realizadas as primeiras ordenações de monges noviços alunos de Monge Genshô. Foram eles Shumaia Sodô San, Altair Tokushi San, e Rafael Jüshin San (lê-se Jiushin).
Também fizeram investiduras leigas mais três praticantes.

Mais fotos aqui

terça-feira, 27 de julho de 2010

Estátuas tem seus olhos abertos



Saikawa Roshi oficia a cerimônia Abertura dos Olhos, à frente de uma imagem de Manju Bosatsu, na Comunidade Zen Budista de Florianópolis.

Um album de fotos está aqui

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Como tatuamos por dentro


Sesshin de inverno, ou sobre como tatuamos por dentro...


Dois pernoites na casa Vila de Fátima, entre os dias 23 e 25, no alto de um morro entre o silêncio da lagoa do Peri e o som das ondas da praia da Armação. Totalizaram-se cerca de 9 horas intervaladas de meditação shikantaza (termo em japonês que significa “apenas sentar”), além de cerimônias e recitação de sutras. Estes primeiros dias são os piores, pois é como disciplinar o corpo e a mente para um novo comportamento e rotina, tão habituados ao comportamento automatizado do dia a dia. Um retiro budista da escola soto zen (ou sesshin) é algo único.
O único barulho que escutávamos, além dos miados, uivos, ronronados e latidos peristálticos característicos de cada um de nós (especialmente as 4 horas da manhã), era um tic de um relógio que marcava outro tempo estranho… seu ponteiro dos segundos se entregava à gravidade silenciosamente, e alertava apenas sua subida, para então cair de novo em silêncio. Comportava-se como o constante som das ondas do mar, marcado também pelo silêncio e pelo som. E passava a comportar-se como minha mente. Ou tudo isso de trás pra frente e vice-versa! O que quero dizer é que houve uma sintonia de silêncios e ruídos. E do lado, bem do lado mesmo, o absoluto zen da lagoa do peri. Como que um norte para a calma e a paz, o silêncio total existia ali por dentro e por fora.

Tudo no sesshin é feito em silêncio. O voto de silêncio é rompido apenas por uns sorrisos ou palavras que escapam, meio que acompanhando a insistência da mente em querer se manifestar a todo custo.

Nesta casa de retiros, compartilhávamos nosso tempo, mas não nosso espaço, com um retiro de praticantes de yoga. Achei graça de uma refeição que fizemos no início. O refeitório dividido: de um lado o silêncio quase comparável a um velório (para um olhar desinformado), de outro, gargalhadas orgásticas. Introversão e extroversão lado a lado.

As refeições no zen são rituais, e nunca se come a comida quente como ela chega. E o tempo para se comer é outro… rápido, por incrível que pareça. No desjejum e almoço, as refeições são feitas em um oryoki (“apenas o suficiente”).Abrir e fechar um oryoki exige sincronicidade e atenção, e seguem um procedimento único. Comer, acordar, levantar, meditar… tudo é sincrônico. Como o monge Genshô lembrou, o grupo comporta-se como um cardume de peixes ou um bando de pássaros no ar: todos se movimentam juntos, como um organismo apenas. A atenção é total.

O sutras são escrituras sagradas recitadas em coro. Um em particular, o sutra do coração, contém a essência do pensamento budista. Particularmente acho gostoso cantá-lo em japonês, a partir do livro de sutras de onde acompanham-se as recitações. Tem um efeito especial. Mas em uma refeição recitamos sua tradução. Confesso que cantá-lo assim, traduzido, foi doloroso…. É como cantar “garota de ipanema” em japonês. Perde-se não apenas a musicalidade, mas talvez uma força histórica contida naquelas palavras centenárias contidas no sutra. Essa força eu sinto quando estou meditando, e digo para mim mesmo “zazen!” quando o macaco louco que todos temos em nossas cabeças insiste em agarrar-se nos galhos que vão passando. O macaco respeita essa palavra, e aquieta por alguns segundos (é, ainda domestico esse bicho!). E é muito diferente de quando digo “medite!”, ou então “silêncio!”… A palavra “Zazen” parece carregar força, intenção. Pode parecer meio místico, mas percebo que essa “força da palavra” existe em sua forma original, e não em sua tradução. No centro Zen Budista que pude participar na Nova Zelândia, os sutras eram recitados em inglês. A sensação foi a mesma. Penso que os sutras esterilizam-se quando são traduzidos…

Uma resposta adequada a pergunta “foi bom pra você” ao final de um retiro sempre ficou como um mistério pra mim… O retiro em si não é algo prazeiroso. Aliás, está longe disso. Um retiro é como fazer uma tatuagem: enquanto não acaba, dói. Mas não sofremos com isso. É pura dor física com hora pra acabar. Quando terminamos a tatuagem, fica aquela sensação de leveza, de alívio. O final de um retiro é igualmente um alívio, que perdura por dias. E se na tatuagem é a pele que fica marcada pra sempre, no retiro é algo aqui dentro de nós que guardamos pra sempre. E é uma tatuagem ao contrário. Em vez de preencher, ela esvazia.

E outra…. como uma tatuagem, quando terminamos um retiro, já estamos pensando no próximo.

Gasshô!
Thales

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Os 16 preceitos das ordenações


Nas ordenações os praticantes do zen se comprometem a seguir os preceitos abaixo listados. Domingo pela manhã, às 9h, Saikawa Roshi ordenará monges e oficiará a investidura leiga (Jukai) em Florianópolis, na Casa de Retiros do Morro das Pedras, como final do sesshin. As ordenações são cerimônias públicas abertas.


Os Três Refúgios

1. Eu tomo refúgio no Buda.

2. Eu tomo refúgio no Dharma.

3. Eu tomo refúgio na Sangha.


As Três Resoluções Gerais


1. Eu decido evitar o mal.

2. Eu decido fazer o bem.

3. Eu decido libertar todos os seres sencientes.

Os Dez Preceitos Cardeais

1. Eu decido não matar, e sim cuidar de toda forma de vida.

2. Eu decido não tomar o que não é dado, e sim respeitar a propriedade alheia.

3. Eu decido não utilizar mal a minha sexualidade, e sim ser cuidadoso e responsável.

4.Eu decido não mentir, e sim falar a verdade.

5. Eu decido manter a minha mente clara, não abusar do álcool ou outros intoxicantes, e nem levar os outros a fazê-lo.

6. Eu decido não falar sobre as falhas de outros, mas sim ser compreensivo e solidário.

7. Eu decido não enaltecer a mim mesmo e desfazer os demais, mas sim superar as minhas próprias limitações.

8. Eu decido não sonegar ajuda espiritual ou material, mas concede-las gratuitamente quando necessário.

9. Eu decido não me entregar à raiva, mas sim praticar a paciência.

10. Eu decido não desrespeitar os Três Tesouros (Buda, Dharma e Sangha), mas sim nutri-los e apoia-los.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Daissen Restaurante



Saikawa Roshi, Sookan da SotoShu para a América do Sul, Mestre Zen, almoçará hoje no Daissen Restaurante em Florianópolis, juntamente com os praticantes que forem até lá às 12h.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Genpo Roshi


Genpo Roshi encaminha-se para dar uma de suas aulas aos alunos do Angô de certificação de professores em Yokoji, 2010.

"Genpo Roshi é formado em educação pela University of Southern California e ordenou-se monge Zen em 1973. Recebeu Inka – o selo final de aprovação como um Mestre Zen – em 1996, tornando-se assim um dos poucos ocidentais reconhecidos como Mestre das tradições Zen Soto e Rinzai. Em 1982 Genpo Roshi começou a ensinar pela Europa e fundou a Kanzeon Sangha, uma comunidade Zen com sede em Salt Lake, com centros na França, Bélgica, Holanda, Alemanha, Polónia, Inglaterra e Malta. É igualmente presidente da White Plum Asanga, uma comunidade que compreende todos os sucessores de Taizan Maezumi Roshi.

Em 1999 desenvolveu o Big Mind Process, um método directo e poderoso para mudar a perspectiva de uma visão egoísta limitada para uma perspectiva sem ego. Genpo Roshi escreveu cinco livros: The Eye Never Sleeps, Striking to the Heart of Zen; Beyond Sanity and Madness, The Way of Zen Master Dogen; 24/7 Dharma, Impermanence, No-Self, Nirvana; The Path of the Human Being e Big Mind, Big Heart."
(Blog Bigmind)

Ambição


P: Kodo Sawaki escreve que devemos viver sem ambição, que este é o melhor presente que podemos dar ao mundo. Isto é possível mesmo?
Como viver sem ambição?

R: Aceitando as coisas como vem, e sabendo exatamente qual nossa função no mundo e executando-a com não mente. Não há ambição assim, mas somos grandes realizadores desta forma. Aliás como foi Kodo, um grande realizador, estamos nós aqui falando em sua influência.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Dedicação


A Comunidade Zen Budista de Florianópolis convida à todos a participarem da Cerimônia de Dedicação da Sede de sua Comunidade, situada na Praça Getúlio Vargas, 126, (praça dos bombeiros) no centro de Florianópolis, com a presença do mestre zen Saikawa Roshi. Será nesta quinta feira (22/07) às 19:30h, quando o mestre fará uma palestra e realizará a "Cerimônia de Abertura dos Olhos da estátua de Buda".

domingo, 18 de julho de 2010

Retiro Zen Budista com o mestre zen Saikawa Roshi


Casa de Retiros. Morro das Pedras
(clique na imagem para ampliar)

O Sesshin, retiro zen tradicional, é uma oportunidade para aprofundarmos na prática através da introspecção e observação profunda
Num retiro zen budista, tentamos criar as condições exteriores e interiores que nos permitem afastar a agitação e dispersão da nossa mente. Num ambiente envolvente, observamos e praticamos o silêncio, procurando falar somente o indispensável durante as atividades coletivas. A rotina de um sesshin envolve períodos de zazen (meditar sentado), intercalados com períodos de kinhin (meditar caminhando), teisho (palestras formais), oryoki (refeição em plena atenção), samu (atividades de limpeza do sodô), caminhadas meditativas e recitação de sutras.

Um retiro oferece à oportunidade de experienciar a vida de uma forma mais leve e receptiva. Ao estarmos mais atentos e conscientes de tudo, das nossas relações de interdependência com os outros, refinamos a nossa habilidade de vivermos no "aqui e no agora".


Local: Vila Fátima - Casa de Retiros Morro das Pedras - sul da Ilha de Sta. Catarina

Data: 23 à 25 de julho
Início: às 19hs do dia 23/06
Término: 13hs do dia 25/06

Valores: 140,00 - membros / 170,00 - contribuintes / 190,00 - não contribuintes (podemos parcelar com cheque)

Inscrições e informações com Juliana: juliana@chalegre.com.br - 9971.1323 ou 3225.8896


Saikawa Roshi escreve rakusus antes das investiduras leigas. Florianópolis, 2006.


Saikawa Roshi, mestre Zen: Nasceu em Nagasaki, Japão. Tem alunos e grupos de Zazen nos Estados Unidos, Europa, Austrália e Japão. Dosho Saikawa Roshi é o atual abade do Templo Busshin-ji em São Paulo, sendo Superior da Escola Soto Zen para todos os países da América do Sul.


Como chegar:

De ônibus: (direção rodoviária interestadual – casa de retiros)
O terminal urbano de Florianópolis fica bem próximo da rodoviária ( 300m ). Neste terminal tomar os ônibus cujos destinos finais sejam o terminal de Integração Rio Tavares ( são várias linhas com diversos horários). Ao chegar no Rio Tavares embarcar nas linhas que passam pelo Morro das Pedras ( linha 490- interpraias sul, linha560- Armação, linha 562 – Costa de cima, linha 563 – Costa de Dentro, linha 564 – Pântano do Sul.

De carro: (direção centro – casa de retiros)
Seguir para o Sul da Ilha, passando pelo túnel que leva para a Avenida Beira- mar Sul, indo em direção ao Rio Tavares, Armação e pântano do Sul, entrando no Morro das Pedras.

De carro: (direção aeroporto – casa de retiros)
Seguir em direção as Praias do Sul ( Pântano, Armação...), passa pelo Rio Tavares segue em direção Morro das Pedras SC 406, Nº 2210.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

A paz a cada passo


Praticantes de Florianópolis oram antes da refeição em zazenkai realizado em Águas Mornas.

"A. J. Muste, líder do movimento pacifista em meados do século XX nos Estados Unidos, que inspirou milhares de pessoas, disse uma vez, "Não há caminho para paz. A paz é o caminho." Essa frase nos diz que podemos concretizar a paz aqui e agora com nosso olhar, nosso sorriso, nosso pensamento, nossas palavras e nossos atos. O trabalho pela paz não é um meio. Cada passo que damos deveria ser a paz. Cada passo que damos deveria ser a alegria. Cada passo que damos deveria ser a felicidade. Se tivermos determinação, podemos fazê-lo. Não precisamos do futuro. Podemos sorrir e relaxar. Tudo que desejamos está aqui no momento presente."

Extraído do livro "Paz a cada Passo", de THICH NHAT HANH.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

O zen é sem regras?


Monges retornam implementos à cozinha após a refeição. Yokoji, angô, 2010.

1) O zen é uma escola budista. Baseia-se nas escrituras do Triptaka e não pode ignora-las. Destas escrituras consta o Vinaya, as REGRAS para os monges, as quais são bem severas, dizer que o zen não estabelece preceitos de conduta é ignorar toda a base das escrituras originais.

2) Para a inclusão na comunidade dos praticantes zen é padrão assumir-se os primeiros cinco preceitos: Não matar, Não roubar, Não enganar, Ter conduta sexual que não cause sofrimento aos outros, Não usar substâncias que alterem a consciência.

Será que poderíamos dizer do zen que ele se omite quanto a isto??

Um trecho do grande Mestre Zen Dainen Katagiri:
"No buddhismo Zen há um ritual para se entrar no caminho de Buddha.
Consiste em expressar o arrependimento informal, em buscar refúgio no tesouro triplo e em jurar praticar os três preceitos coletivos puros e os dez preceitos proibitivos. Esse ritual baseia-se na idéia de arrependimento, que significa, no buddhismo, total abertura de coração. se nos abrirmos completamente, consciente ou
inconscientemente, estamos prontos para ouvir a voz silenciosa do universo." [...]

terça-feira, 13 de julho de 2010

O objetivo final


P: Na prática, quais são os primeiros passos a serem dados para se chegar ao
objetivo final, que é a iluminação?

R: Na prática do zen seria esquecer este objetivo, desenvolver a compaixão por todos os seres, abandonar a si próprio, para isto começamos pela prática da meditação silenciosa tratando de silenciar o eu.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

A vacuidade de todos os fenômenos


Em uma festividade de encerramento, monges tentam entender as manipulações de um praticante budista mágico amador interno no mosteiro de Yokoji.

A vacuidade de todos os fenômenos: tudo é interdependente, interconectado e sem um eu próprio, sem uma existência inerente independente do restante, inclusive nós mesmos, apenas existimos neste oceano de manifestações, nós somos o oceano da miríade de existências.

"As pessoas que estudam genuinamente o caminho não agarram buddhas, bodhisattvas ou arhats; não agarram os atingimentos de excelência especial dentro do mundo tríplice. São transcendentes, livres e estão por si mesmos — não são constrangidos pelas coisas. Até mesmo se a terra e o céu forem virados de cabeça para baixo, elas não estão em dúvida. Se todos os buddhas das dez direções aparecerem diante delas, elas não sentem alegria. Se [todos os tormentos] dos fantasmas famintos, dos animais e dos seres nos inferno aparecerem diante delas, elas não sentem medo. Por que são assim? Eles vêem a vacuidade de todos os fenômenos, que existe através da transformação e não existe sem ela. Vêem que o mundo tríplice é apenas mente e que a miríade de coisas são apenas consciência. Portanto, por que se preocupar em agarrar [as coisas, que são apenas] ilusões e aparições, semelhantes a sonhos?"

The Recorded Saying of Linji. Traduzido por J.C. Cleary. Berkeley: Numata
Center for Buddhist Translation and Research, 1999. Lin-chi
Extraído da página: http://www.dharmanet.com.br/zen/nomes.htm

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Costurando Rakusu


"A vida se manifesta em cada costura.
Alinha, concentra, alinhava, sobe e desce, respira.
Depois de cinco linhas, observa-se que está torto.
Se o mal não é cortado pela raiz, o que é torto continua torto e torna-se impossível manter o trabalho harmônico.
Então você retorna, recomeça e concentra-se. Respira e a coisa anda, que beleza! Então o ego se empolga e de repente a linha estoura!
E começa-se tudo outra vez, desde o início, aceitando-se a realidade tal como ela é. Respira, começa, pra cima, pra baixo, na busca da perfeição. Então você precisa terminar porque o tempo está acabando e a ansiedade aparece.
Ai... Pra quê?
Adivinha: arrebenta e todo o tempo que você se preocupou perde a razão de ser quando é preciso retomar tudo de novo - a ansiedade deixa as linhas tortas.
É só o primeiro retalho e a convicção de que a atenção precisa ser ao momento presente se torna fatídica."
Do blog de uma praticante zen budista de Florianópolis:
Ana Pozza

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Carma e individualidade


Akiba Roshi, Mestre no Angô de Yokoji, sai do Hattô com seu oryoki.

P: Por que se retrata o corpo humano como altamente difícil de obter e o único útil para a transcendência?

R: Porque é uma condição em que estão presentes simultâneamente tanto o sofrimento quanto a possibilidade de entendimento, a dificuldade de obter um nascimento humano é uma questão de olhar a multiplicidade de manifestações cármicas em comparação com os nascimentos humanos.

P: Neste caso, considera-se que o carma permanece oscilando entre reino animal, reino dos deuses, etc e reino humano de forma aleatória, rodando, até que um dia surja o desejo por liberação? É completamente ao acaso? O carma não se desgasta seguindo uma lógica?

R: Parece que você retorna sempre a tentativa de ver o carma como individual ou como uma espécie de unidade, não é assim, somos produtos cármicos não indivíduos que carregam carma, mas existe parcela de influência cármica coletiva, de país, de época, de nosso planeta etc...a forma de manifestação de um quantum cármico depende de condições de amadurecimento para tanto, assim também as condições para o desejo de liberação. Os carmas tendem a se esgotar sim.

P: Pelo que tenho estudado, cada um de 'nós' somos carmas que têm perambulado eternamente, desde um momento que não tem início. Mas embora esses carmas individuais não tenham início, eles terão um fim.

R: Não, não são carmas individuais, manifestam-se como indivíduos mas não são indivíduos. Aí há uma compreensão linear do tempo, com início ou fim, este não é assim, na verdade, segundo Dogen, tudo é tempo condensado em um único ponto.

P: Como assim? Quando os carmas individuais são dissolvidos, no Nirvana, eles se juntam a outros carmas que estiveram perambulando eternamente em samsara?

R: Quando há Nirvana é porque o carma se esgotou. Não há nada a ser juntado, não há nada com que se unir.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

O que é mérito?


Monge serve café no mosteiro de Yokoji.

Mérito (punya) é a força que resulta de um ato gerador de bons frutos cármicos (karma-vipaka). Portanto ter méritos ou gera-los resultara em algum momento em bons frutos cármicos, bons acontecimentos, condições favoráveis etc...em curto ou longo prazo.

Porém agir com a intenção de acumular mérito é um materialismo espiritual que não dá bons frutos, por esta razão Bodhidharma disse ao imperador da China que seus atos não haviam gerado mérito algum, já que ele perguntava quanto disto havia acumulado nos céus.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Carregando os oriokys



Uma americana, um francês, um peruano, monges em treinamento carregam suas tigelas em meio a neve, Monastério de Yokoji, inverno de 2009/2010.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Sesshin com Mestre Zen Saikawa Roshi - 23 a 25 de julho



Neste sesshin serão ordenados três postulantes a monge na qualidade de noviços, todos da Comunidade Zen de Florianópolis, além de serem realizadas as investiduras leigas (rakusu) de 4 praticantes que farão seus votos budistas. Estas ordenações e investiduras são um passo muito importante para a Comunidade que assim ampliará sua condição de ajudar a todos os seres.
Mestre Saikawa apenas pode nos dedicar alguns dias a cada dois anos, tantas Sanghas precisa visitar em todos os países da Améria do Sul, assim todos devem fazer o maior esforço possível para participar de um sesshin como este, ouvir seus ensinamentos e ter a oportunidade de entrevista privada com ele como é costume nos sesshins zen.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

De onde ela vem?


Monges em Yokoji, após meditação no sodô.

P: Mas tenho uma dúvida: e quando surge uma emoção? No meu caso percebo uma espécie de 'angústia'. Deixo onde está? Procuro o que a causa ?

R: Pergunte-se, de onde ela vem? Provavelmente você concluirá que vem de uma marca cármica fácil de identificar, como "meu orgulho", quando reconhecer isto apenas a rotule: "orgulho". E volte para o momento presente. O simples reconhecimento de sua origem lhe tira a força progressivamente.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Zazenkai com filme


Zazenkai de Julho

NESTE SÁBADO(03/07)


A Comunidade Zen Budista de Florianópolis gostaria de convidá-lo a participar do "Zazenkai de Julho" que será realizado na sede de sua comunidade em Florianópolis neste sábado, dia 03 de julho.

O Zazenkai é um retiro curto e está aberto a todas as pessoas, inclusive para iniciantes. A alimentação será vegetariana.

Neste Zazenkai teremos a exibição do filme Fancy Dance no nosso Dharma com Pipoca comentado e explicado por Monge Genshô.

ZAZENKAI literalmente significa "vir junto para a meditação" é um retiro zen budista de menor intensidade e de duração mais curta do que um sesshin. É uma reunião de praticantes leigos que praticam regularmente juntos, mas será aberto a todos que quiserem participar. As práticas em si são pontuadas e guiadas através do uso de sons.


Valores: 30,00 sócios - 40,00 contribuintes - 50,00 não-contribuintes.

Não deixe de confirmar sua inscrição, precisamos saber o numero de pessoas para providenciar o almoço adequadamente.
Inscrições: daissenrestaurantevegetariano@gmail.com ou 3225 8896 / 9971.1323

Apoio: Daissen Restaurante Vegetariano