sábado, 30 de outubro de 2010

Liberdades e budismo



Em foto da Anistia Internacional, monges do Nepal pedem liberdades de expressão, associação e reunião para a Birmânia. O budismo sempre sofre quando países adotam posturas de censura e políticas totalitárias.
Os budistas brasileiros devem se preocupar quando propostas como "controle social dos meios de comunicação", comitês destinados a policiar ou vigiar a imprensa em mãos dos poderosos que detem força política, ou quaisquer outras formas de censura tendem a se instalar no país. Com o tempo podemos ver as liberdades fundamentais serem destruídas, como mostram os monges budistas da Ásia onde várias nações amordaçam e controlam o pensamento livre e sua possibilidade de expressão.
Da censura ao assassinato dos monges e pensadores livres sempre foram poucos passos, como mostra a história recente da Birmânia.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Ambição e realização


P: Monge, por que é que na vida todos querem ganhar, e ninguém quer perder?

R: Natural. Desde que temos ego queremos amplia-lo, ganhar é dar mais atributos e coisas a si mesmo.

P: Kodo Sawaki escreve que devemos viver sem ambição, que este é o melhor presente que podemos dar ao mundo. Isto é possível mesmo?
Como viver sem ambição?

R: Aceitando as coisas como vem, e sabendo exatamente qual nossa função no mundo e executando-a com não mente. Não há ambição assim, mas somos grandes realizadores desta forma. Aliás como foi Kodo, um grande realizador, estamos nós aqui falando em sua influência.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Transmissão do Dharma


Monges que já receberam a transmissão caminham na neve em Yokoji.

"A transmissão do Dharma é a faceta da relação entre discípulo e mestre que preserva a identidade e integridade da linhagem do mestre. Quando a cognição intuitiva da realidade de um discípulo tem o mesmo conteúdo que a própria experiência do mestre, as mentes de mestre e discípulo são um. O discípulo deve contar com o mestre para autenticar este fato e o discípulo é então "transmitido" através do reconhecimento formal da experiência do mestre. Este processo de transmissão de herdar uma linhagem de Dharma de um mestre único é conhecido como "isshi insho". Está em contraste com a outra forma de transmissão, o herdar da linhagem de Dharma do templo onde o monge reside, conhecido como "garanbo"."

Por Richard Fumyo Mishaga
do Dharma Rain Zen Center

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

O surgimento codependente


Os doze elos do co-surgimento interdependente (sânsc. pratitya samutpada, literalmente "em dependência, coisas surgem") é um ensinamento profundo e maravilhoso, o fundamento de todo o estudo e prática buddhistas. O pratitya-samutpada é às vezes chamado o ensinamento da causa e efeito, mas isso pode ser desencaminhador, porque geralmente pensamos em causa e efeito como entidades separadas, com a causa sempre precedendo o efeito, e com uma causa conduzindo a um efeito. De acordo com o ensinamento do co-surgimento interdependente, causa e efeito co-surgem (sânsc. samutpada) e tudo é um resultado de múltiplas causas e condições. O ovo está na galinha e a galinha está no ovo. A galinha e o ovo co-surgem em dependência. Nenhum dos dois é independente. O co-surgimento interdependente vai além de nossos conceitos de espaço e tempo. "O um contém o todo".

O caractere chinês para "causa" () tem o caractere "grande" () dentro de um retângulo. A causa é grande, porém, ao mesmo tempo, é limitada. O Buddha expressou o co-sugirmento interdependente de modo muito simples: "Isto é porque aquilo é. Isto não é porque aquilo não é. Isto vem a ser porque aquilo vem ser. Isto não vem a ser porque aquilo não vem a ser." Estas frases ocorrem centenas de vezes tanto nos discursos das transmissões do norte quanto nos do sul. São o gênesis buddhista. Eu gostaria de acrescentar esta frase: "Isto é como isto porque aquilo é como aquilo."

Nos sutras, esta imagem é dada: "Três juncos cortados só podem ficar de pé quando estão encostados um sobre o outro. Se você tirar um, os outros dois cairão." Para uma mesa existir, precisamos de madeira, de um carpinteiro, de tempo, de habilidade e de muitas outras causas. E cada uma destas causas precisa de outras causas para existir. A madeira precisa da floresta, do brilho do sol, da chuva e assim por diante. O carpinteiro precisa de seus pais, de desjejum, de ar fresco e assim por diante. E cada uma dessas coisas, por sua vez, tem de ser trazida por outras condições. Se continuarmos a olhar deste modo, veremos que nada foi deixado de fora. Tudo no cosmos veio junto para nos trazer a mesa. Olhando mais profundamente para o brilho do sol, para as folhas da árvore e para as nuvens, poderemos ver a mesa. O um pode ser visto no todo e o todo pode ser visto no um. Uma causa nunca é suficiente para trazer um efeito. Uma causa precisa, ao mesmo tempo, ser um efeito, e cada efeito deve ser também a causa de alguma outra coisa. Causa e efeito inter-são. A idéia de uma primeira ou única causa, algo que não precise de uma causa, não pode ser aplicada.

Íntegra em: http://www.dharmanet.com.br/zen/doze.htm
Cortesia de Aluizio Larangeira.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Heresias no zen


Ora , há que considerar que ninguém pode dizer que está falando em nome da posição mahayana em geral, afinal o mahayana é bastante amplo e abrange muitos escolas. Que o movimento mahayana históricamente parece surgir alguns séculos após o surgimento inicial do budismo é coisa largamente documentada.
Que na Índia nunca chegou a atingir posição predominante também, na época da quase completa erradicação do budismo no sec 13 os visitantes declaram que os mahayana eram minoritários na Índia.
O mahayanismo além de fortemente crítico para com as escolas antigas, as quais depreciativamente chamou de hinayana, também passou a produzir vasta cópia de escrituras que atribuiu ao Buda histórico e que leêm suas escolas, entre as quais a minha, a Soto Zen, cujos mais prestigiados sutras são o Lankavatara, o Surangama e os Prajna Paramitta, algumas escolas passaram a declarar que estes ensinamentos foram dados pelo próprio Buda histórico, apenas ficaram escondidos ou secretos porque não eram para todos os alunos devido a sua capacidade. Assim o mahayanismo adquiria uma legitimidade e uma superioridade declaradas. ( que alguém fique revoltado com esta análise fria será produto apenas de seu desejo de proteger uma crença, e também o de que todos devem partilhar de um ponto de vista único) Outras escolas, para que pudessem produzir novos textos e aprofundamentos aceitavam o que seus grandes mestres escreviam dando a estes o título de sutras (caso de Hui Neng no zen) como se o Dharma continuamente se manifestasse e se ampliasse (bonita proposição) e assim aceitando como legítimos estes sutras claramente séculos posteriores ao Cannon do Terceiro Concílio, e ainda outras escolas declaravam (e o tem como artigo de fé) que textos originais, por séculos escondidos ou ocultos, eram descobertos e revelados por mestres, mas que eram originários do próprio Buda original.
Evidentemente, se usamos uma leitura mística, quaisquer destas alegações pode ser adotada, porém o simples entendimento de que o budismo pode ser uma obra coletiva e de transmissão também simplifica as coisas sem que seja necessário dizer que o mahayana não aceita ser classificado como desenvolvimento, esta é uma interpretação, mas existem outras, e como monge de uma escola mahayana prefiro a postura menos mística e o entendimento de que estamos construindo o budismo a cada momento, por isto surgem escolas novas e mestres que ensinam com métodos adaptados a novas situações, que bom que é assim.
É claro, quando se fala assim, logo surgem acusações de heresia, mas no zen isto é até bem visto, o próprio zen, se tivesse surgido no ocidente, seria uma clara heresia...

(Resposta de Monge Genshô em discussão aberta, em lista budista, em 2005)

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

A compaixão ilumina a questão do aborto


Kanzeon é a representação da compaixão no budismo, não por acaso tomou a forma feminina na China e Japão. Yokoji, inverno de 2010.

A discussão sobre o tema do aborto, adotou um viés legalista, pior ainda, eleitoreiro, com candidatos mudando de opinião ao sabor das pesquisas, pessoas flexíveis, para quem o poder vale qualquer venda de suas convicções.
Quer-se saber se o aborto é um crime ou não, quer-se definir se o estado deve ou não preocupar-se com as centenas de mortes de mulheres vítimas de complicações ou se devem ser socorridas sem ameaças legais, e elas são simplesmente 1 000 000 a cada ano nesta nação.
Existe uma outra forma de olhar as questões humanas que não é a meramente legal, esta pode levar, como aconteceu recentemente, a obrigar uma mulher com um feto sem cérebro, condenado à morte automática após o nascimento, a arrostar toda a gravidez sabendo o que a esperava na sala de parto, porque a lei a proibiu de interromper a gravidez, já que o aborto era “ilegal”, posto que esta eventualidade não estava prevista nas exceções dos legisladores.
O olhar que pode alterar tudo é o de ver os eventos, não da maneira engessada de um texto legal, mas através da consideração do sofrimento que envolve os participantes, o olhar que o budismo propõe.
Se olharmos através desta ótica veremos que lei alguma poderá abranger todas as nuances do que ocorre com a humanidade, e que os casos apresentados precisam de um intérprete flexível com um olhar para o sofrimento. Visto assim, um juiz, com as melhores informações, poderia decidir se o caso acima era, não um crime, mas uma intervenção destinada a diminuir o sofrimento da mãe e de toda a família que circundava uma tragédia, já de per si intensa. Este intérprete não poderia tardar em seu julgamento, sua decisão é urgentíssima e não se presta ao lento trâmite a que estamos acostumados em nosso judiciário, um rito veloz precisa ser criado.
Quanto a grossa maioria dos abortos, usados como método anticoncepcional tardio, basta olhar de novo pela ótica do sofrimento maior, melhor o acesso livre a anticoncepção que a pílula abortiva, melhor a pílula do dia seguinte que um aborto cirúrgico, melhor o apoio a um nascimento do que o remorso de uma vida inteira com uma voz ao fundo da consciência se perguntando, “como seria o filho que não deixei nascer”?
Para o budismo a questão deve ser: "Qual a maneira de agir que provoca menor sofrimento a todos os envolvidos, todos inclui o ser que deseja nascer, e abrange o tempo infinitamente longo das consequências"

Monge Genshô

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Rohatsu Sesshin



Rohatsu Sesshin do Templo Busshinji de São Paulo:

DATA: de 12 a 18 de dezembro
INÍCIO: 13h30min do dia 12/12
FINALIZAÇÃO: madrugada do 19/12 (noite de18 para 19/12)
CUSTO: R$ 300,00 (inclui alimentação e alojamento)

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Gurus e infalibilidade


A Monja italiana Myoren San conversa com o mestre americano Tenshin Roshi em Yokoji. (2010)

P: No zen existe a prática de tomar refúgio em um mestre (guru) e considera-lo como infalível e perfeito?

R: No zen budismo se toma refúgio no Buda, no Dharma e na Sangha, a prática de refúgio no Guru não faz parte das práticas no Zen Budismo.
Assim não há, no zen, estes aspectos de infalibilidade na prática usual junto ao mestre.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

"Quando tudo se desfaz"


Quando Tudo se Desfaz
Texto de Pema Chödrön
extraído do livro "Quando tudo se desfaz"
Traduzido por Helenice Gouvêa

Assim é a vida. Não sabemos de nada. Dizemos que algo é bom, dizemos que algo é ruim mas, na verdade, simplesmente não sabemos.

Quando tudo se desfaz e nos encontramos à beira sabe-se lá de que, o desafio que se apresenta a cada um de nós é o de permanecer nesse limiar, sem buscar alguma ação concreta, O caminho espiritual não tem nada a ver com o paraíso, com chegar finalmente ao céu. Na verdade, esse modo de encarar a vida é que nos mantém infelizes. Pensar que podemos encontrar algum prazer duradouro e evitar a dor é o que o budismo chama de samsara, o ciclo inútil que gira e gira, infinitamente, e nos causa tanto sofrimento. A primeira nobre verdade que o Buda nos apresenta chama nossa atenção para o fato de o sofrimento ser inevitável para nós, seres humanos, enquanto acreditarmos que as coisas permanecem — que não se desintegram e que podemos contar com elas para satisfazer nossa ânsia de segurança. Sob esse ponto de vista, o único momento em que realmente sabemos o que está acontecendo é quando nos puxam o tapete e não encontramos nenhum apoio. Podemos utilizar situações desse tipo para despertar ou escolher dormir. Exatamente ali — precisamente no momento em que ocorre a experiência de faltar o chão — encontram-se as sementes que nos levarão a cuidar daqueles que precisam de nós e a descobrir nossa própria bondade.

Lembro-me muito claramente do dia, no início da primavera, em que perdi tudo o que considerava real. Embora isso tenha acontecido antes que eu tivesse qualquer contato com os ensinamentos budistas, representou o que alguns poderiam chamar de uma autêntica experiência espiritual. Ela ocorreu quando meu marido me contou que estava tendo um caso. Vivíamos na região norte do Novo México. Eu estava parada em frente à nossa casa de adobe, tomando uma xícara de chá. Ouvi quando o carro chegou e o barulho da porta batendo. Então, ele é caminhou até a casa e, sem qualquer aviso, disse que estava tendo um caso e que queria o divórcio.

Lembro do céu e de como ele era imenso. Lembro do murmurar do rio e do vapor que saía da minha xícara de chá. O tempo não existia, não havia nenhum pensamento, não havia nada — apenas a luz e uma quietude profunda e ilimitada. Então, eu me recompus, peguei uma pedra e atirei nele.

Quando me perguntam como acabei me envolvendo com o budismo, sempre respondo que foi porque estava com muita raiva do meu marido. A verdade é que ele salvou minha vida. Quando esse casamento desmoronou, tentei arduamente — muito, muito arduamente — encontrar algum tipo de consolo, alguma segurança, algum lugar que me fosse familiar e onde pudesse repousar. Para minha sorte, nunca consegui. instintivamente, sabia que a destruição de meu velho eu, dependente e apegado, era o único caminho a seguir. Foi nessa época que pendurei o tal cartaz na parede.

A vida é uma boa professora e amiga. Se pudéssemos perceber, veríamos que tudo está sempre em transição. No fim, nada é como sonhamos. Esse estado descentralizado e indefinido representa a situação ideal. Nesse ponto, não estamos presos a nada e podemos abrir nosso coração e mente além de qualquer limite. Essa é uma situação sem agressividade, muito frágil e aberta.

Ficar nesse desequilíbrio — com o coração partido, o estomago apertado, o sentimento de desesperança e o desejo de vingança — é o caminho do verdadeiro despertar. Ficar na incerteza, pegar o jeito de relaxar no meio do caos, aprender a não entrar em pânico — esse é o caminho espiritual. Desenvolver a habilidade de perceber-se, de perceber-se com suavidade e compaixão — esse é o caminho do guerreiro. Gostando ou não, temos de nos flagrar um milhão de vezes e mais uma, quando congelamos em ressentimento, amargura e justificada indignação — quando congelamos de qualquer modo, até mesmo em sentimentos de alívio e inspiração.

Todos os dias poderíamos pensar na agressividade que existe no mundo — em Nova York, Los Angeles, Halifax, Taiwan, Beirute, Kuwait, Somália, fraque — em todo lugar. No mundo todo, há sempre alguém lutando violentamente contra um inimigo e a dor está em franca escalada. Todos os dias poderíamos refletir sobre isso e pensar: "Vou acrescentar mais agressão ao mundo?’. Todos os dias, quando as situações se tornam tensas, poderíamos apenas nos perguntar: "Vou cultivar a paz ou me aliar à guerra?"

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Sesshin de Primavera e retorno de Kumagai Genshu San



Foto do retiro de fim de semana na Reserva Passarin em Paulo Lopes. Kumagai Genshu San, que esteve conosco ensinando cerimônias, retornou prematuramente devido a doença de seu pai no Japão.
A Reserva Passarin possui o privilégio de estar mergulhada na floresta rodeada de riachos de águas límpidas e distante das agitações do mundo. Mais fotos deste local privilegiado e do sesshin estão aqui.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

O refúgio na Sangha


P: Qual a diferença entre o significado do termo Sangha nas diferentes escolas?

R: No Theravada a Sangha se refere aos Arahants, ou seja aos que se realizaram.
No Mahayana em geral a Sangha é a dos monges, (em japonês uma palavra para monge é "soryu" que significa "aquele que entrou na Sangha") mas por extensão assim nos referimos a toda a comunidade.

Quando se toma refúgio na Sangha não o fazemos em pessoas, isto teria o mesmo sentido que pensar que, sendo um motor constituído de pedaços de ferro, pudessemos chamar a estes pedaços de "motor", eles só o são dentro de determinado arranjo e aí tem grande força. Assim o conceito Sangha é muito mais que meramente pessoas, da mesma forma que no símile citado.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Tirar a própria vida



P: O que diz o budismo do suicídio?

R: Um ponto digno de comentário, o suicídio é visto normalmente como uma forma de sair de um estado mental, afinal é tão insuportável o que se está vivendo que melhor conseguir uma maneira de "parar" tudo.
O problema é que na verdade nada cessará, o estado mental presente no momento da morte determina o estado futuro daquela onda cármica, (o que desencadeia vidas e sua consequência, a noção de um EU) e assim será muito influente em qualquer manifestação posterior que venha a ocorrer.
Visto assim o suicídio é a perda de uma oportunidade de solver o presente e uma projeção para o futuro de tudo o que está aqui e de forma bem menos controlável.
Este mesmo argumento pode ser usado para explicar porque a pena de morte não seria uma solução em absoluto para o problema de conduta, simplesmente consolida a situação cármica presente projetando-a para o futuro.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Alienação


P: Onde termina a impermanência e o desapego e começa a alienação e o comodismo?

R: O Desapego significa não colocar um Eu em nada, perceber a unicidade e interdependência de tudo, não colocar o seu eu, meu, minha, nas coisas e pessoas. Assim nada tem a ver com alienação e sim com senso de posse, com o erro da ampliação do seu eu.

P: Ter uma postura compassiva seria equivalente a ter uma postura passiva onde apenas seguimos o que nós é mandando?

R: De maneira alguma, compaixão é ação compassiva, ser a mudança que se quer no mundo e não ficar parado deixando acontecer. Buda não ficou sentado embaixo da árvore Boddhi, levantou-se e agiu no mundo durante 40 anos, tentou evitar guerras, criticou pessoas, falou extensamente, ensinou, agiu, e seus alunos idem. Não foram cordeiros foram pastores. Ele mostrou o caminho com seu exemplo.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

O Rakusu - Quando usá-lo


Professores com seus Rakusus em Yokoji.

Quando usá-lo

A praticidade do Rakusu é que você pode usá-lo sempre, é um mini Kesa. Suas alças permitem usá-lo sobre as vestimentas habituais. Mestre Deshimaru nos aconselhava a usá-lo o mais freqüentemente possível, assim a prática da Via torna-se presente em nosso espírito; a partir do momento em que usamos o Rakusu nossas maneiras se tornam mais belas e automaticamente nossa atitude mais concentrada. Da mesma maneira que um pequeno ponto sucede a um outro para formar uma linha reta, nossa concentração aqui e agora sobre cada um de nossos atos forma uma linha justa e certa da nossa vida. Mas, antes de mais nada, usamos o Rakusu para praticar zazen no dojo. Todos podem costurar e usar o Rakusu, mesmo quando se usa somente uma vez nosso karma é transformado. Pode-se costurar o Rakusu para si ou para um outro, é o mais belo presente que se possa dar.

Antes de usar o Rakusu deve-se colocá-lo em cima da cabeça, fazer gasshô e recitar três versos - Dai Sai Gedapuku. O Rakusu não é algo decorativo, é a transmissão da Via, a transmissão da prática do zazen, respeite-o como vosso mais precioso bem. Assim quando você for ao banheiro ou tomar banho deve tirá-lo. Fora do sesshin, quando você for comer em sua casa ou num restaurante é preferível retirá-lo. Quando você for tirá-lo, guarde-o dentro de uma sacola e ponha-o sempre num lugar alto e apropriado, no ambiente em que você vive, jamais coloque-o no chão.

Fonte: Grands Classiques Zen – Lê Livre Du Kesa. Traduit e commenté par maître Taisen Deshimaru. Paris.

Tradução: Álvaro Leonel da Cunha

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Medicina e meditação no Brasil

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Meditação reduz a ansiedade e o estresse e auxilia na cura de doenças

Pacientes do hospital da Unifesp estão aprendendo a estimular o cérebro através da meditação. Na UnB, uma pesquisa está avaliando os efeitos da meditação no cérebro de pacientes que tiveram câncer de mama.

Globo Repórter, 08/10/2010.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Genshu San em Florianópolis



Genshu San veio do Japão, aos 28 anos internou-se em um mosteiro zen budista, havia trabalhado como operário em fábrica de automóveis, e estudara artes plásticas, não saiu do mosteiro de Sojiji Soin durante sete anos e meio, quando mudou-se para Antaiji um lugar de prática zen focado em meditação intensiva, após quase dois anos veio para o Brasil e após quatro meses no Templo Busshinji em SP foi enviado a passar um mês com o grupo de Florianópolis, ajudando a aperfeiçoar as cerimônias e ensinando detalhes. Na foto Genshu San exibe sua maestria no taiko acompanhando recitações de sutras durante o treinamento especial realizado sábado passado.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Novo Livro Budista - A Roda da Vida


"Se o sofrimento foi criado, construído, ele pode ser dissolvido, desconstruído. Para tanto, é necessário aprender a percorrer o caminho inverso, coisa que Padma Samten ensina com maestria. Mas só isso não é suficiente. A lucidez é alcançada pelo cultivo de uma mente compassiva, associado à realização da vacuidade, termo que não significa vazio, como muitos acreditam. Dizer que tudo é vacuidade é afirmar que os fenômenos – as coisas e as relações – não existem por si mesmos; existem apenas na dependência de; interdependentemente.
O entendimento intelectivo do conceito, entretanto, não implica em sua realização. Quando esta acontece, a visão de mundo é profundamente alterada e a pessoa sente-se conectada com o todo. A verdadeira compreensão da essência da realidade ocasiona uma abertura inigualável para o outro e para o mundo. Com exemplos retirados do cotidiano, Lama Samten explica a vacuidade da forma simples, a fim de tornar o caminho rumo à libertação acessível ao maior número possível de pessoas.

Além de ter a virtude de reunir os mais importantes ensinamentos budistas, apresentando ao leitor noções complexas e sofisticadas, livro tem o mérito de mostrar como esse conhecimento pode (e deve) ser aplicado no dia-a-dia por qualquer pessoa que deseje livrar-se do sofrimento.

O Buda disse que ninguém deveria aceitar suas ideias baseando-se apenas na fé. O praticante do budismo deve testar os ensinamentos e ver se funcionam ou não em sua vida.

“Em termos filosóficos, o budismo é uma religião extremamente sofisticada, mas que pode ser resumida em duas palavras: compaixão e sabedoria. Procurar desenvolver essas qualidades é o que todo budista deve fazer em sua prática em busca da iluminação”, diz Lama Samten. Um conselho útil a todos."
Link aqui

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Apenas o fim do sofrimento



“O que você pensa, você considera que o Tathagata está na forma? ...
Separado da forma? ... Na sensação? ... Separado da sensação? .. Na percepção? .. Separado da percepção? ... Nas formações? ... Separado das formações? ... Na consciência? ... Separado da consciência?"

“Não, senhor.

“O que você pensa, você considera que o Tathagata é o conjunto da forma-sensação-percepção-formações-consciência?

“Não, senhor.

“Você considera que o Tathagata não tem forma, não tem sensação, não tem percepção, não tem formações, não tem consciência?

“Não, senhor.

“Mas, Anuradha, quando você não consegue entender o Tathagata como real e presente nesta mesma vida, é apropriado que você declare, ‘Amigos, o Tathagata – o homem supremo, o homem superlativo, que realizou a realização superlativa – ao ser descrito, é descrito de uma maneira distinta dessas
quatro: o Tathagata existe após a morte; não existe após a morte; ambos, existe e não existe após a morte; nem existe, nem não existe após a morte.’
?”

“Não, senhor.”

“Muito bem, Anuradha. Tanto antes, como agora, eu declaro somente o sofrimento e a cessação do sofrimento.” [SN XXII.86]

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Ele não compete assim ninguém compete com ele

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Entrevista excelente, os que não sabem ler em inglês podem apreciar as meras expressões do rosto, elas são suficientes ...

terça-feira, 5 de outubro de 2010

A vida cotidiana


"Isolar o Dharma da vida cotidiana é a pior falha do budismo hoje. Os mais experientes fiéis parecem não conseguir se libertar da cobiça, da raiva e da ignorância, mesmo os mais letrados na doutrina ainda se flagram fofocando a respeito do que as pessoas consideram certo ou errado.
Se o budismo se alienar da vida real, o Dharma deixa de suprir nossas necessidades e de ser nosso guia; se não enriquecer o conteúdo de nossa vida, sua existência perde o significado. Os ensinamentos do Buda visam à melhoria da vida, à purificação da mente e ao aprimoramento do caráter. É um budismo relevante para a vida e o viver que eu quero difundir.
A vitalidade do budismo depende do quanto conseguimos estar em harmonia com os ensinamentos do Buda enquanto dormimos, conversamos, caminhamos ou exercemos qualquer tipo de atividade. O Buda falou sobre a determinação da mente. Para aplicar tal ensinamento, a mente deve ser resoluta na forma como conduzimos nossa vida diária, nossa maneira de dar e, em geral, nossa maneira de praticar o budismo. Dormir com uma intenção torna o sono mais reparador; ingerir com atenção torna o alimento mais saboroso; andar com resolução torna a estrada mais suave; enfrentar um problema com determinação torna-se um desafio prazeroso.
A determinação da mente é um aspecto do ensinamento do Dharma que é útil na harmonização de todos os níveis de relacionamento humano. Não é apenas uma retórica filosófica. O Dharma deve ser exercido e praticado da forma mais ampla possível. Não há como separar o Dharma da vida." - Venerável Mestre Zen Hsing Yün, em sua biografia Espalhando a Luz, publicada pela Cultura Editores Associados, 2002.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Shohaku Okumura Roshi


Shohaku Okumura Roshi foi um dos professores mais impressionantes de quem tive o privilégio de ouvir palestras, seu conhecimento teórico e profundidade espiritual são marcantes. Simpático e surpreendentemente jovem para seus 62 anos possui um sorriso aberto e uma presença inspiradora. Abaixo uma biografia como consta na página sotozencolombia.org



Nació en Osaka, Japón, en 1948. Estudió Budismo Zen en la Universidad de Komazawa en Tokio y recibió la ordenación de monje de Uchiyama Roshi en 1970. Continuó su práctica con Uchiyama Roshi en Antaiji hasta 1975 cuando viajó al Pioneer Valley Zendo en Massachusetts. Luego de su regreso a Japón en 1982 comenzó la traducción de textos de Dogen y de Uchiyama al inglés, con la colaboración de Tom Wright y otros practicantes americanos. En 1993 regresó a los Estados Unidos y dirigió la práctica por algún tiempo en el Minnesota Zen Meditation Center de Minneapolis. Hasta junio de 2010 ocupó el cargo de director del Centro Internacional del Budismo Soto Zen (Soto Zen Buddhism International Center), con sede en San Francisco. En la actualidad vive en Bloomington, Indiana como maestro de Sanshin Zen Community y continúa traduciendo textos de Dogen Zenji. Entre sus trabajos publicados en inglés se encuentran "Shobogenzo Zuimonki", "Dogen Zen", "Zen Teachings of 'Homeless' Kodo", "Soto Zen. An Introduction to Zazen", "Wholehearted Way: A translation of Eihei Dogen's Bendowa", "Opening the Hand of Thought", "Nothing is Hidden: Essays on Zen Master Dogen's Instructions for the Cook”, "Dogen's Pure Standards for the Zen Community: A Translation of Eihei Shingi" y últimamente “Dogen's Extensive Record: a translation of the Eihei Koroku”. De estos textos, sólo Shobogenzo Zuimonki ha sido traducido al español como: Enseñanzas Zen de Eihei Dogen (s. XIII) (Shobogenzo Zuimonki) por Editorial Miraguano. En junio de 2010 publicó el libro "Actualizing Genjokoan", en Wisdom Publications.