segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Zen e artes marciais


Imagem de Manjushri Bosatsu com a espada que corta as ilusões em suas mãos.

P: Como se explica a ligação entre o zen e as artes marciais se o budismo é avesso a violência?

R: O zen budismo , onde pôde, inflenciou a cultura amenizando-a, transformando-a, Isshin Sensei explica bem em seu blog (link ao lado):


Do blog de Monja Isshin Sensei:

Os dois ideogramas da palavra “Bu-dô” juntos significam “o caminho” (dô) de “deter a violência” (bu). O ideograma “bu” representa duas lanças cruzadas e uma pessoa sentada com a palma da mão levantada fazendo o sinal “pare”. Transmite a idéia de “parar com as lutas”. O ideograma “dô” significa “caminho espiritual”.
Algumas pessoas questionam a associação do Budô com o Zen Budismo, embora, de acordo com a tradição, tanto um quanto o outro já estavam vinculados ao Primeiro Ancestral Mestre Bodhidarma, no Templo Shaolin, na China antiga.

O Budismo nunca pregou a violência – sempre pregou as consequências cármicas de todos os nossos atos. A aproximação dos Samurais japoneses com o Zen se deu principalmente depois a unificação do Japão, com o início da era Tokugawa, ou Período de Edo (1603-1867) – uma longa era de paz. Os Samurais, antes guerreiros, passaram a ser policiais e burocratas e, agora com condições de cultivar a espiritualidade e o caráter, as técnicas marciais (Bu-jutsu) se transformaram em artes marciais (Bu-dô), caminhos espirituais. Mais ainda, um templo budista acolhe a todos, sem discriminação nenhuma, na esperança de transmitir os ensinamentos budistas, e também levar a Paz e a Tranquilidade a todos. Assim, os monges receberam os samurais japoneses na antiguidade, da mesma forma que hoje em dia recebem policiais e militares, junto com profissionais de quaisquer outras áreas – sem discriminação.

Os ensinamentos do Budô buscam o cultivo da ‘espada que dá vida’ – a força interior que permite ‘vencer’ um conflito sem a necessidade de luta ou violência. Em tal situação, não há ‘vencedor’, nem ‘derrotado’, e a harmonia é reestabelecida. No treinamento Zen Budista, na Cerimônia de Combate do Darma, é usada uma espada simbólica e, quando o Mestre pergunta: ‘Para quê vai usar essa espada?’, o aluno responde: ‘para dar vida!’

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Como a mente gera o carma?


Visita de Fukuda Osho à Comunidade Zenbudista de Florianópolis, Reserva Passarim, set 2011.

P: A mente, antes de entrar na ignorância, não tem carga cármica , então se ela entra em ignorância, está exercendo livre arbítrio.
Se estou aprisionado à ignorância, isso é, em parte, conseqüência de uma escolha feita pela mente em tempos imemoriais.Está certo?

R: Primeiro é o carma que gera uma mente. Segundo, livre arbítrio não existe, sempre somos conduzidos por condições e pelo carma passado, existe um pequeno espaço de manobra em que exercendo nossa vontade e esforço podemos alterar o carma.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Kumarajiva


Introduzido na China no ano 65 d.C., o budismo em breve deixou de ser uma religião exótica de mercadores e monges estrangeiros para começar a criar raízes na sociedade chinesa. Tal implantação só se concretizou graças ao extraordinário e árduo trabalho de uma plêiade de eruditos e abnegados tradutores que verteram os textos sagrados budistas do sânscrito para o chinês. Desse esforço, que se estendeu até o século XII, resultou o Tripitaka Chinês, compartilhado pelos coreanos, japoneses e vietnamitas, povos para os quais chinês literário funciona como uma língua internacional de cultura, tal como era outrora o latim na sociedade ocidental.

As primeiras traduções eram bastante imperfeitas, pois, ao se defrontarem com uma sociedade totalmente diferente da indiana, os tradutores encontraram grandes dificuldades para encontrar na língua chinesa vocábulos adequados para traduzir os termos específicos do budismo. O primeiro método adotado, longe de ser satisfatório, foi o chamado ko-i (kakugi em japonês), que consistia em utilizar o vocabulário técnico do taoísmo, doutrina percebida como próxima do budismo. Kumarajiva foi o primeiro tradutor que conseguiu criar um vocabulário chinês adequado para a transposição dos conceitos budistas, produzindo traduções fiéis aos originais que ainda hoje são utilizadas na China e no Japão.
Trecho de palestra do Rev. Ricardo Mário Gonçalves, íntegra aqui

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Apego e desapego


- Por que os homens cultivam este sentimento, qual a raiz dele, o que o alimenta? É egoísmo?
R: É a forma de expandir seu ego, agregar a si mais coisas, sentir-se maior mais amplo, evidente que o egoísmo é uma forma de expressar isto.

- Quais as consequências negativas do apego?
R: Sofrimento. Como as coisas são impermanentes é evidente que sofreremos quando as perdermos.

- Quais, são os tipos de apego mais difíceis de trabalhar? Apego a coisas materiais; apego das mães pelos filhos; apego amoroso , apego ao passado (sentimentos de culpa, momentos felizes, mas que já passaram, mágoas, etc); apego a amigos, etc
R: Os apegos mais fortes são os provenientes dos afetos, basta notar que quando se tem um filho doente as pessoas dariam tudo que tem para salvar a sua vida.

- Por que é tão difícil exercitar o desapego, mesmo racionalmente sabendo que ele faz mal para nossa vida?
R: Porque de qualquer forma sentimos que precisamos agregar coisas a nós mesmos para nos sentirmos valiosos, por essa razão o caminho da realização espiritual é esquecer de si mesmo, mas isto é para os que querem se dedicar mais profundamente.

- Como é possível exercitar o desapego (material, sentimental, etc)? De que forma as pessoas podem buscar isso?
R: Primeiro há que entender a impermanência de todas as coisas, se admitirmos isso já teremos dado um grande passo, colocar nossa felicidade na estabilidade das coisas é um grande erro em um mundo onde tudo está sempre mudando.

- O que o desapego (livrar-se do apego) traz de bom para a vida?
R: Uma felicidade tranquila.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Tathagata


Tathagatha é um dos nomes de Buda.
Vamos falar pouco sobre as motivações originais de Buda, porque suas motivações originais são as motivações de todos nós. Quando paramos para pensar, aqueles que pensam mais profundamente se perguntam se a vida é só isso. Uma vez vi uma criança perguntar “Por que eu caí nesse mundo?” Se refletirmos um pouco, nos daremos conta de que precisamos de um sentido e de um valor para a vida; se achamos que nossa vida não tem um significado, nos sentimos perdidos e deprimidos. Parece que a depressão é um dos grandes males de nossa era, porque, repentinamente, a pessoa tem a impressão de que sua vida não tem significado e que não faz sentido viver.
Nós não podemos ser somente uma máquina de processamento de alimento, uma fábrica de adubos. Este não pode ser esse o único sentido da existência. Surge, então, a necessidade de divertir-se, de distrair-se ou de entreter-se. Estas expressões são usadas a todo o momento, como se isso desse sentido à vida. Saímos, vamos a festas, bebemos e conversamos, para nos transformarmos em pessoas alegres, e de alguma maneira, nos sentirmos vivos. Isso pode ser embriagador durante algum tempo, mas, depois, vem um grande sentimento de vazio, de solidão; nos sentimos perdidos. Procuramos então amores, para buscar dar significado à vida. De novo, em vez de o significado da vida estar dentro da pessoa, ele está no outro. Como procuramos em outra pessoa o significado da nossa vida, em algum momento, inevitavelmente, haverá sofrimento e infelicidade. O outro não pode ser suficiente, pois ele também tem suas demandas, e também os amores acabam, e na melhor das hipóteses, a morte nos separa.
Todas essas considerações ocorreram a Buda. Embora ele fosse um homem rico, filho de um pequeno rei em um pequeno principado e tivesse tudo como membro da classe dominante: tinha mulheres, comida, palácio, empregados, enfim, tinha todos os confortos que se poderia ter um homem em sua posição. Mesmo tendo tudo isso, Buda se perturbou com o fato de haver velhice, doença e morte. Sabendo disso, ele se questionava sobre o significado de sua existência naquele palácio, com sua esposa, seu filho, nas artes de guerra que havia aprendido. Buda era da classe Kshatriya, uma classe de guerreiros imediatamente abaixo dos Bramanes. Ele não conseguia ver significado na sua existência, em uma vida que terminava, inevitavelmente, em velhice, doença e morte, pois, sendo assim o fim, tudo o que fizermos parece vão.
.....................
Início de nova palestra de Monge Genshô publicada no site www.daissen.org.br na secção "textos", íntegra clique aqui

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Qual a diferença entre ilusão e delusão?


Ilusão: Você vê e sabe que é, ex: cinema, é uma ilusão de ótica, você sabe como funciona, 24 quadros por segundo etc... Existe uma realidade subjacente da qual você tem conhecimento, pode escapar dela por mero raciocínio.
Delusão: Você vê mas não consegue perceber uma outra realidade subjacente. A delusão engana a experiência e impede qualquer outro raciocínio. Ex: Uma pessoa "vê" um fantasma, era um fogo de santelmo mas ela corre e se desespera, mesmo que se explique a pessoa não consegue se acalmar. A realidade que vemos é assim, mesmo que expliquemos que são nuvens de átomos, impermanentes, interdependentes, a ilusão nos toma completamente e não conseguimos nos livrar dela, é o caso do EU, você sabe que é construído, mas não adianta, ele está sempre tomando conta de você. Isto é delusão, é muito mais seriamente enganador.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Lá é meu mosteiro


Vimalakirti

(Monge Genshô) - Esta é a história de Vimalakirti, um famoso comerciante discípulo de Buda. Ninguém podia vencê-lo em debate. Os discípulos de Buda o encontraram, quando iam para o mosteiro, e perguntaram a ele, que vinha após ter visitado Buda:
- Aonde vais, Vimalakirti?
Respondeu: Vou para o mosteiro.
– Para o mosteiro? Mas a direção que você vai é a da cidade!
E Vimalakirti, calmamente, disse:
- Sim. Lá onde eu trabalho é que estão as pessoas que sofrem, precisam de empregos, de ajuda e ensinamentos, lá precisam de mim. Lá é meu mosteiro.

(Monge Genshô) - Entendeu?
- Não sei... então o comerciante era melhor que os monges ascetas?
(Monge Genshô) - Este é o budismo Mahayana e tem uma forte corrente laicizante. Este Sutra (diálogo acima) de Vimalakirti deve ser datado de depois do séc I e reflete uma postura mais aberta à sociedade como um todo. O zen moderno tem isto bem marcado, seus monges não são, em sua maioria, ascetas. Respondendo à pergunta, o “Sutra” realmente exalta o leigo Vimalakirti.
- Então Vimalakirti é um modelo para o senhor?
(Monge Genshô) - Para qualquer um que queira conciliar o Dharma (vida espiritual) com a vida profana, é sim um grande modelo.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Retiro aberto em Novembro - Florianópolis


Clique na imagem para ampliar.

RETIRO ABERTO NO MORRO DAS PEDRAS

O Sesshin, retiro zen tradicional, é uma oportunidade para aprofundarmos na prática através da introspecção e observação profunda.

Num retiro zen budista, tentamos criar as condições exteriores e interiores que nos permitem afastar a agitação e dispersão da nossa mente. Num ambiente envolvente, observamos e praticamos o silêncio, procurando falar somente o indispensável durante as atividades coletivas.

A rotina de um sesshin envolve períodos de zazen (meditar sentado), intercalados com períodos de kinhin (meditar caminhando), teisho (palestras formais), oryoki (refeição em plena atenção), samu (atividades de limpeza do sodô), caminhadas meditativas e recitação de sutras.

Um retiro oferece à oportunidade de experienciar a vida de uma forma mais leve e receptiva. Ao estarmos mais atentos e conscientes de tudo, das nossas relações de interdependência com os outros, refinamos a nossa habilidade de vivermos no "aqui e no agora".

Local: Vila Fátima - Casa de Retiros Morro das Pedras - sul da Ilha de Sta. Catarina

Data: 11 à 15 de novembro de 2011
Início: 19hs do dia 11/11
Término: 14hs do dia 15/11

Valores: 300,00 - membros / 400,00 não contribuintes (podemos parcelar com cheque)

Inscrições e informações com Rosana: rosana@daissen.org.br - (48) 8824.1022

Comunidade Zen Budista de Florianópolis
www.daissen.org.br

terça-feira, 18 de outubro de 2011

O zen e a fotografia



O Zen e a fotografia, este é o encontro que aqui acontece. O zen e seu foco na atenção, na abertura da mente, e logo, do olhar, para cada instante.

A fotografia, uma ferramenta eletrônica para fixar o que também se chama instante.

Estar realmente presente é ter um olhar estético para o que se passa à volta. É o trabalho da fotografia - do fotógrafo. A prática do Zazen, a meditação vazia, nos traz para o momento atual, sempre, sempre aqui e agora. Assim treinamos a atenção plena. Não estar mais tão preso ao “filtro” da realidade, que são os nossos pensamentos, nos deixa livres para perceber a própria realidade como ela é. A máquina fotográfica passa a ser apenas uma ferramenta para enquadrar e fixar o Olhar sensível.

Além da prática da meditação Zen e de saídas para fotografar, o curso NADA NA CABEÇA E UMA CÂMERA NA MÃO irá apresentar ao público fotógrafos e suas obras, conceitos de composição associados à pintura e noções de luz e exposição fotográfica digital.

O curso é aberto para o público em geral, tanto fotógrafos iniciantes ou amadores, como para profissionais. Qualquer câmera fotográfica poderá ser usada.

Orientação: Bruno Mitih. Fotógrafo, videomaker e monge zen

Informações: com Seigen pelo email: brunoviana@uol.com.br

http://www.zenfotoconsolacao.blogspot.com/
Comunidade Zen Budista de Florianópolis
www.daissen.org.br

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Há alguem?


P: Neste diapasão é correto afirmar que o carma contém a identidade e uma vez extinto restará extinta qualquer sombra de identidade?

R: Correto afirmar que o carma gera um ser que pensa, por pensar produz uma identidade, e sim extinto o carma não há como produzir a ilusão de uma identidade.


P; Haverá então consciência (após a morte), em termos absolutos, do deleite e da eterna alegria na fusão com o Vazio?

R: Não. Até porque o Vazio é uma qualidade da forma não algo que existe além das formas ou um substrato delas. O Vazio se manifesta como forma, a forma é vazio o vazio é forma.

P: Em caso positivo "Quem possui tal consciência"?

R: Não há alguém para possuir.

P: Me refiro a um Buda que extinguiu todo o carma não mais fazendo distinções entre ele e os outros.

R: Ele se extingue. Não se manifestará mais.

P: Caso contrário, como quem perde a memória, também a consciência é dissolvida? Ou seja o estágio final é um estágio inconsciente?

R: Não há alguém para ficar inconsciente.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Certo e errado


pergunta: [...] como podemos determinar o que é certo e o que é errado para nós em termos de disciplina moral?

Chagdud Rinpoche: Em primeiro lugar, examine a sua motivação e depois, os resultados das suas ações. Se os venenos da mente aumentarem por causa de algo que você está fazendo, a atividade é perniciosa. O que é certo reduz o apego, a aversão e a ignorância, e o que é errado os aumenta.
Chagdud Tulku Rinpoche (Tibete, 1930 – Brasil, 2002)
“Para abrir o coração”, parte III

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Nambei Sesshin



Nambei Sesshin
Retiro de treinamento para monges da América do Sul.

Inscrições abertas.

O Templo Busshinji de São Paulo realizará no período de 31 de outubro a 04 de novembro de 2011 o Nambei Sesshin - Retiro para Treinamento de Monges da América do Sul.

O Templo Busshinji dispõe de 30 vagas para acomodação que serão disponibilizadas de acordo com a ordem de efetivação das inscrições.

Aos interessados solicitamos que encaminhem as informações abaixo por email para o seguinte endereço:

busshinji_sp@hotmail.co.jp

Nome :
Email:
Tel.
Cel.
Restrições Alimentares:
Nome Búdico:
Mestre:
Data da Ordenação:
Templo ou Dojo:
Número de vezes que participou de Sesshin no Templo Busshinji de São Paulo:


Regras Fundamentais:
0 - O Nambei Sesshin destina-se aos monges e para todo aquele que deseja seriamente se tornar monge;
1 - O Nambei Sesshin 2011 inicia no dia 31 de outubro às 12h e vai até o dia 04 de novembro às 10h30;
2 - O valor é de R$ 350,00 (trezentos e cinquenta reais);
3 - Os inscritos devem ingressar até as 10 horas da manhã do dia 31 de outubro;
4 - Após o ingresso no Sesshin, a permanência é obrigatória até o dia e hora de encerramento no dia 04 de novembro;
5 - Em caso de desistência, após a inscrição ou no decorrer do Sesshin, o valor pago não será devolvido;
6 - Não há a possibilidade de participação intercalada durante o Sesshin;
7 - Convidamos a todos os praticantes a participarem do Sesshin. Mas, desestimulamos àqueles que não tenham treinado zazen suficientemente;
8 - É obrigatório manter silêncio durante o Sesshin, inclusive nos momentos de outras atividades;
9 - Não será permitido utilizar o telefone, inclusive os celulares (Em casos de extrema necessidade, o templo fará o recebimento das ligações e o devido encaminhamento);
10 - O alimento oferecido durante o sesshin é fresco e vegetariano, todos devem aceita-lo sem discriminação;
11 - Durante o período do Sesshin, não será permitido deixar o local para cuidar de assuntos pessoais;
12 - Recomendamos o uso de roupas pretas com calças mais largas, dogui ou similar;
13 - O templo não disponibilizará roupas de cama, portanto recomendamos que tragam lençóis e manta (as temperaturas costumam cair bastante à noite). Recomendamos também, para uso pessoal, toalhas, um par de sandálias de borracha, produtos de higiene pessoal e outros de sua necessidade;
14 - Com exceção do dia 31 de outubro, as atividades terão início às 5h45 e término às 19h30;
15 - O despertar será às 5h30 e o recolhimento às 22h00.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

As muitas práticas


Monge Fukuda, está saindo do Templo Busshinji e indo residir nos EUA, fará o sesshin desta semana em Florianópolis como visitante.

Pergunta – No zen budismo, além da meditação, existe outra prática que a gente possa fazer para manter o equilíbrio?
Monge Gensho – Muitas. Mas a meditação é a principal, pois ela cria estabilidade e um conhecimento de sua mente. Então, você pode retornar a essa mente do zazen quando o mundo criar movimento. No zazen, se você estiver realmente, como um espelho, refletindo todas as coisas, sem fazer quaisquer considerações, sem passado ou visitas ao futuro, você não está produzindo carma. O zazen corta o carma. Se você conseguir, em algum momento de sua vida, através de plena atenção, da prática das ações, da prática do caminho óctuplo, que são as oito práticas ensinadas por Buda - ação correta, fala correta, meio de vida correto etc., se você fizer essas práticas, elas extinguirão seu fogo. Haverá, em primeiro lugar, mais calma e serenidade, o que, depois, poderá conduzir você cada vez mais profundamente, até um grande esclarecimento. Quando você vir sua verdadeira natureza, quando vir, com clareza, a vacuidade de todas as coisas, quando enxergar o vazio de seu próprio eu, você não poderá mais ser ofendido. Se você vir tudo isso, ainda sentirá compaixão por todos os seres, porque todos os seres se percebem como “um”. Sendo assim, você será incapaz de fazer coisas que causem sofrimento, e isso se chama mente de Bodhicitta. Se você criar esse tipo de mente e fizer esse tipo de prática, vindo a alcançar um grande esclarecimento, chamaremos esse esclarecimento de iluminação, e essa iluminação é o fim de toda dor. Se você extinguir as energias cármicas que movem você, seu redemoinho cessará e você não será obrigado a voltar, a menos, evidentemente, que queira. Mas só existe um motivo para querer, que é a própria mente de Bodhicitta, compaixão pelo pesadelo dos outros seres, o desejo de acordá-los. Por isso, a palavra buda vem da raiz bud, “desperto”, e Buda significa “aquele que acordou”. Se você acordar, acordará do sonho e desejará acordar do sonho os outros que gemem e sofrem.

Trecho de palestra do M. Genshô 'publicada hoje no site Daissen http://www.daissen.org.br/hp/index.php?id=0&s=textos&txt_id=123

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

As bolhas que dizem "eu sou"


Quando surge um universo, dentro dele há naturais irregularidades,essas irregularidades acabam provocando fenômenos, por sua vez esses fenômenos num crescendo de complexidade fazem surgir vidas, essas vidas quando atingem consciência, dizem a si mesmas, “eu sou”. Mas o que são os fenômenos? Um bom exemplo é o que são bolhas dentro de uma garrafa. Dentro de uma garrafa de champanhe, por exemplo,há gás carbônico dissolvido no líquido, quando diminuímos a pressão tirando a rolha, formam-se bolhas, essas bolhas surgem, expandem e formam espuma, mas as bolhas em si, quando nós as olhamos, são fenômenos, mas são vazios de um eu. Esse conceito, vazio de um eu é muito importante. Vamos examinar o que é a bolha. A bolha é gás carbônico dentro da água,nós a olhamos e ela tem superfície, é como se tivesse um invólucro, é como se ela fosse algo, no entanto ela é nada mais que um fenômeno provocado pela interação entre o gás expandido dentro do líquido, que tem uma forma, surge, cresce e desaparece, deixa de existir como fenômeno.
Podemos imaginar que uma bolha pense, “eu sou independente das outras bolhas,
sou separado, sou algo, eu existo”. Mas ela é interdependente, interconectada com todo o gás e todo líquido. Ela é dependente das outras coisas para existir. Nós também somos assim, nós somos fenômenos, somos forma extremamente mais complexas do que uma bolha numa garrafa de champanhe, mas somos fenômenos no universo, dizemos a nós mesmos, “eu sou”.
O que o budismo essencialmente ensina é que isso é uma ilusão, não poderíamos dizer “eu sou”, porque todos os fenômenos no universo são vazios de um eu, não tem um eu inerente,esse eu que acreditamos tão sólido e nítido é uma ilusão proporcionado pelo funcionamentoda nossa mente, assim como existe um funcionamento do gás com o líquido na garrafa, que faz com que a bolha pareça ter uma existência, nós, por pensarmos, termos memoria,conceituarmos, percebermos, sentirmos, termos formações mentais e consciência,acreditamos que temos um eu. Esse “eu” é essencialmente ilusório. Se não escaparmos desse “eu” ilusório não conseguiremos perceber nossa verdadeira natureza nem nos integrarmos ao universo como um todo, ficamos pensando como nós mesmos separados. Essa ilusão, ignorância fundamental, provoca uma coisa nessa consciência que faz com que ela continue se manifestando repetidas vezes como fenômeno, com as mesmas características e impulsos, conservando-os e congelando-os nas suas existências. Por isso dizemos que existe um renascimento uma “re-manifestação” cármica no universo. Mas essa “re-manifestação” nada mais é do que a permanência da ignorância. Permanência da ignorância da existência de um “eu”. Essa ignorância é que faz com que surja o nascimento e todas suas consequências,
velhice, doença, sofrimento e morte.

Trecho de palestra de Monge Genshô, decupada por Ápio San.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

A Morte do Zen budista e vegetariano Steve Jobs


Faleceu há algumas horas, com 56 anos, nos EUA, o zen budista Steve Jobs, por duas vezes líder inconteste da Apple, foi ligado a Kobun Chino Otogawa um monge da escola Soto Zen, tentou domar um temperamento irascível e tão exigente que levava ao desespero seus colaboradores, ao mesmo tempo é cultuado como um realizador brilhante que com sua obsessão por produtos ideais mudou a face do mundo moderno.
Sua empresa lançou novidades que as pessoas sequer sabiam que queriam, produtos que se tornaram a seguir ícones do mundo digital, este sucesso guindou a Apple ao posto de uma das empresas mais valorizadas da terra.
A contradição aparente entre sua vida de CEO e empreendedor com sua ligação com o budismo aparecia em sua simplicidade na vida pessoal, seu hábito de andar descalço mesmo comprando no supermercado, seu vegetarianismo que partilhava com sua espôsa mãe de 3 dos seus filhos ( teve uma filha com uma namorada anteriormente) e a seu desapego por móveis suntuosos. Ele fazia o que queria, lutava por um resultado brilhante, mas não por enriquecimento em si e sim porque era o que desejava fazer, trilhava seu caminho sem se importar com a opinião alheia.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Batizado budista



José Carlos e Bruna batizaram seu filho Tomaz em uma cerimônia budista, o avô sorridente é Jeferson De Zorzi membro ativo da comunidade e que hoje está viajando pela China.
O batizado budista é uma cerimônia nova e com cara bem ocidental, não se trata de remover pecados mas sim de rememorar os preceitos com os quais um budista deve se educar e apor um nome do Dharma que seja um guia para a vida, este nome é dado em um momento de inspiração sem que seja preparado racionalmente.

Batizado

terça-feira, 4 de outubro de 2011

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Zen e fotografia, curso em Floripa



Clique na imagem para ampliar.

O Zen e a fotografia, este é o encontro que aqui
acontece. O zen e seu foco na atenção, na abertura da mente, e logo, do olhar, para cada instante.
A fotografia, uma ferramenta eletrônica para fixar o que também se chama instante.

Estar realmente presente é ter um olhar estético para o que se passa à volta. É o trabalho da fotografia - do fotógrafo. A prática do Zazen, a meditação vazia, nos traz para o momento atual, sempre, sempre aqui e agora. Assim treinamos a atenção plena. Não estar mais tão preso ao “filtro” da realidade, que são os nossos pensamentos, nos deixa livres para perceber a própria realidade como ela é. A máquina fotográfica passa a ser apenas uma ferramenta para enquadrar e fixar o Olhar sensível.

Além da prática da meditação Zen e de saídas para fotografar, o curso NADA NA CABEÇA E UMA CÂMERA NA MÃO irá apresentar ao público fotógrafos e suas obras, conceitos de composição associados à pintura e noções de luz e exposição fotográfica digital.

O curso é aberto para o público em geral, tanto fotógrafos iniciantes ou amadores, como para profissionais. Qualquer câmera fotográfica poderá ser usada.

Orientação: Bruno Mitih. Fotógrafo, videomaker e monge zen. 22 e 23 de outubro das 9 às 17h.