quinta-feira, 12 de abril de 2012

INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ DE ANENCÉFALOS


Um enorme debate sobre o tema da interrupção da gravidez de crianças anencéfalas se estabeleceu e deve ter seu fim legal no dia de hoje. Vêzes sem conta se atribuiu à posições religiosas a oposição a esta intervenção que visa poupar mães de grandes sofrimentos físicos e morais. Como sempre se pensa que a visão religiosa é únicamente a de origem judaico-cristã. Não se perguntou, ou divulgou, qual poderia ser a visão budista à respeito. Como monge budista expresso aqui minha apreciação e ponho-me à disposição para defendê-la no forum que surgir baseado nas teses antigas do budismo.

O primeiro erro é julgar que a vida é o foco único do pensamento ético budista, embora a vida deva ser protegida, o sofrimento dos seres vem em primeiro lugar. Não faz sentido manter uma gravidez de um feto que não tem cérebro e vai falecer logo após o nascimento. Forçar uma mãe a sofrer toda uma gravidez sabendo que tem um ser sem o órgão mais importante do corpo apenas por um princípio legal , não passa de crueldade, a interrupção da gravidez libera a mãe de registrar o nascimento e o óbito de uma criança no dia de seu nascimento, além da angústia de meses para ela e a família.

O budismo não tem posições fechadas sobre nada, princípios legais que se sobreponham à compaixão, assim sendo, assumo a responsabilidade e todo o carma resultante, em recomendar e apoiar a interrupção da gravidez de um feto inviável que está tecnicamente morto, sobrevivendo apenas pela sua ligação ao corpo materno. E declaro esta como uma posição religiosa perfeitamente defensável dentro dos princípios compassivos do budismo.


Monge Genshô