quinta-feira, 31 de maio de 2012

Palestra em Maringá



Palestra em Maringá com Monge Genshô dia 02/06/12


02 de junho de 2012


“Introdução à Meditação”

Palestrante: Monge Genshô

Local: Auditório da ADUEM

Endereço: Rua Prof. Itamar O. Soares, 305

Inicio: 14:30h.


Palestra gratuita


Informações: lvargas@uem.br


Vagas para o Sesshin do dia 7

Restam apenas 4 vagas para o sesshin da Reserva Passarin, são reservadas na ordem em que chegam pelo e-mail rosana@daissen.org.br

Viver profunda e completamente








P. O texto diz: até mesmo cortar as paixões é uma doença...

R. Este que está liberto deixou o lar mentalmente, não tem apego por nada, embora seja amoroso com a sua família, como a lua no céu e como uma pérola rolando numa tigela, vê aquele que está livre no meio de uma cidade agitada, entende além do tempo enquanto está no mundo, sabe que tudo é interligado que nada nasce, que nada morre, está enxergando a vacuidade, portanto as coisas não tem a importância que parecem, realizando isto, ele sabe que até mesmo cortar as paixões é uma doença porque quem está cortando as paixões está no primeiro caminho, porque não tem apego a nada então não tem que cortar nada e segue uma vida livre como uma pérola rolando dentro da tigela, não tem nenhuma aresta, ela rola livremente, essa é a imagem. Uma vez chegou um aluno para mim, me escreveu e disse: eu tenho muitos desejos, sou muito jovem, tenho muita saúde, mas eu quero dominá-los, eu não vou mais cuidar da minha aparência, eu não vou mais namorar e eu escrevi para ele de volta: pare com isto agora mesmo, vá, você é jovem, vá à frente do espelho e penteie os seus cabelos, se vista e saia e namore, porque se ele ficar nisto vai virar uma tortura tremenda e ele nunca vai conseguir escapar do problema de tentar conter uma coisa tão forte, se ele quiser esmagar isto vai passar a vida inteira controlando este desejo, não é assim, primeiro ele tem que experimentar, viver, aí então entender intimamente a paixão, poder cultivar um amor verdadeiro, profundo, dedicado por alguém que não dependa de um desejo doentio, que seja livre, que saiba amar alguém sem medo da morte desta pessoa, que saiba chorar ao lado do túmulo, isto é a nossa vida, é Zen, não é estou Zen e livre de todos os sentimentos e sofrimentos, não é assim, o Zen Budismo é viver completa e profundamente.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Mudando os sonhos e a mente


P. Esta questão karmica que foi colocada, podemos considerar como uma lei, mas não necessariamente poderia ser assim, esta é uma questão que me preocupa...
R. O budismo não se preocupa porque o karma  é simplesmente um funcionamento universal, assim você caminha sobre as suas ações, você vai construindo a sua vida, construindo o seu caráter, as coisas que vão acontecendo, tudo o que acontece tem algum motivo. Nós estamos nesse mundo, alguém me fez uma pergunta: uma criança é atropelada por quê? Ela nasceu nesse mundo que é assim, ela tem karma para nascer nesse mundo onde coisas assim acontecem, embora doloroso ao longo de incontáveis vidas esse atropelamento não é nada, é no conjunto que nós poderíamos olhar o significado de como aquilo está indo, mas a gente não pode dizer que há um determinismo ou um destino, não é isto, nós podemos ir mudando nossas vidas à medida que nós vamos andando, primeiro a gente muda as ações,  depois nós mudamos nossas palavras,  mas continuamos pensando, um dia se nós praticarmos bem o pensamento não surge e aí nossos sonhos mudam, em vez de ter sonhos conflituosos nós temos sonhos dhármicos, se vocês querem saber como está a sua mente lá no fundo, olhem os seus sonhos, os sonhos também são kármicos, são manifestações da mente que nós alimentamos, pensem muitas coisas de lutas e vingança e você lutará nos seus sonhos, pense muitas vezes eu devia ter dito isso e você vai dizer nos seus sonhos aquelas coisas que você engoliu, tenha medos e você  terá pesadelos com os seus medos, com seus receios, cultive sentimentos de compaixão e amorosos e você perdoará e abraçará as pessoas nos seus sonhos...

Os sonhos são alimentados pelos nossos pensamentos, pelo nosso inconsciente trabalhando, nós somos bons nas nossas mentes de acordo com os conteúdos que nós colocamos e expressamos, quando nós treinamos estes conteúdos nossa mente se comporta de acordo, às vezes as pessoas não entendem como é ruim dizer palavrões, mas é, uma prática de mantras ao contrário, em vez de dizer uma coisa bonita, desejo paz, amor, felicidades você diz quero que você sofra, quero que você vá para o inferno, ou referências a coisas sujas e desagradáveis, etc ...ou insulta a mãe dele e assim por diante e no fim se você se habitua a usar estas palavras, você as usa na sua vida comum como mantras, a cada momento, teve que dar uma freada no carro – palavrão,  e depois você acha ruim que a sua mente seja daquele jeito, que haja tanto problema e insatisfação, infelicidade, agressão dentro da sua mente, mas se você treina aquilo todo o  dia, você faz o contrário de um monge católico cada vez que encontra o outro – louvado seja nosso senhor Jesus Cristo,  -  para sempre seja louvado - mesmo que seja automático – para sempre seja louvado. Eu vi este hábito na Baviera as pessoas se encontram e dizem uma frase religiosa a que o outro responde, assim é o cumprimento,  isso é muito bom, é construção de uma mente, nós vemos no Budismo Tibetano que usa muito mantra, repetindo milhões de vezes, repetindo o mantra, aquela frase...o que vai acontecer com o tempo? 
É a mesma coisa conosco, vejam aqueles ghatas (versos) que a gente repete quando vai no banheiro: que todos os seres.. é muito difícil colocar toda a força ali, mas você está repetindo ao lavar as mãos: que todos os seres desenvolvam mãos hábeis e sutis para desenvolver o Dharma, você quer reforçar, imagine todos os seres, imagine mãos hábeis e sutis, fazendo estas práticas nós vamos mudando, então é bom cortar da nossa vida todas as coisas que conduzem para baixo e cultivar as que condizem para cultivar o bem, comemos para praticar o bem, para evitar o mal, para seguir o caminho do Buddha, claro, é prática do pequeno caminho, claro! É dualista, tem bem e tem mal, mas para o nosso nível está muito bom, está bom demais...

terça-feira, 29 de maio de 2012

Palestra em Londrina


Mudar a mente muda o rosto



P. O monge que tem uma vida monástica, vive em mosteiro, passa uma vida lá meditando, pode se aprisionar e fugir deste mundo, mas se pensar em karma ele pode estar melhorando o seu karma para uma próxima vida e então pode não ter uma vida...
R. Poderia, vai depender muito dele, da mente dele, pode ser uma mente de fuga simplesmente e isso é que o texto está tratando, fugir fisicamente, renunciar fisicamente e renunciar mentalmente, este aqui é caracteristicamente um texto Mahayana ele está considerando a conduta física e está considerando depois a conduta de mente daquele que permanece no mundo.(COMENTÁRIOS,PERGUNTAS E RESPOSTAS)

Apesar de poderem ter esposas e filhos, de acordo com as circunstâncias, não são apegados a eles. Como a lua no céu, como uma pérola rolando em uma tigela, vêem aquele que está livre no meio de uma cidade agitada, entendem além do tempo enquanto estão no mundo, sabem que “até mesmo cortar as paixões é uma doença” e realizam que “objetivar pela verdadeira talidade também é errado”.(TEXTO) Talidade é um termo que significa as coisas tais como são. (COMENTÁRIO). Para eles tanto o nirvana quanto o samsara são ilusões; não estão preocupados nem com a iluminação nem com a aflição. Estas são as pessoas que deixaram o lar mentalmente.  
Portanto Shanavasa perguntou na Upagupta, “Você está deixando o lar física ou mentalmente?(TEXTO)


P. Desde ontem estou refletindo sobre a questão do caráter...o senhor acredita que o caráter é um determinante deste processo de lapidação da mente?

R. Ele é uma construção, nós construímos o nosso caráter, nós construímos o nosso rosto. Uma vez eu vi um ditado de um líder  cristão mórmon, e eu achei muito interessante David O. McKay, ele tinha mais de 90 anos, velhinho, mas a sua foto era linda, magnífico o rosto dele, um sorriso muito bonito, claro o rosto todo enrugado, muito velho, mas um sorriso belíssimo, perguntaram a ele como o senhor velho é tão bonito? E ele disse: - depois dos 40 anos qualquer homem é responsável pelo seu rosto. Antes não, antes é genético, pode ser muito bonito, mas o tempo passa e você pode fazer o seu rosto, tatuagem como Mike Tyson no rosto, você pode fazer como Michael Jackson e tentar mudar tudo e a gente vê o resultado por mais dinheiro que haja, mas se você mudar a mente muda o rosto, muda o olhar...

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Reencarnação - Uma palavra estranha no budismo




P. Por isso então que é confundido com reencarnação?
P.Sim, reencarnação, este termo implica que há uma alma que é verdadeira, a pessoa que simplesmente toma um outro corpo, no conceito budista não é isto, o karma manifesta por suas características uma outra identidade que tem as mesmas características, mas a nova identidade se sente única como cada um de vocês se sente único agora, ah, não eu sou único, pode ser que numa vida passada você em vez de Marly foi Joana, mas a Joana era muito parecida com a Marly, mesmo tipo de temperamento, caráter, angústia, mesmas coisas, se não resolvemos levamos para a frente, sempre repetindo como nas nossas vidas agora, nós tendemos a repetir os mesmos tipos de erro durante a vida, veja se não é verdade, examinem suas vidas, ah, fiz tal coisa, fiz um relacionamento assim, assim, deu errado por causa disso, aí você repete o ciclo, um pouco diferente, mas são as mesmas coisas que você vai repetindo porque você não mudou o seu karma, mas se você muda a sua mente, automaticamente o karma muda porque uma nova mente com outra maneira de ver as coisas é diferente, age diferente, gera karma diferente, se você muda nesta vida a maneira de ver as coisas, sua mente também faz coisas diferentes, de outra forma, e não repete o erro anterior, é muito importante a mente com a qual nós morremos, se você consegue até o momento da sua morte levar uma determinada mente isto vai influenciar muito o que vai acontecer depois, a próxima manifestação kármica, a próxima identidade, é complexo ensinar isso desta forma sofisticada e muitas vezes fica mais fácil e inclusive para professores budistas simplesmente falar em reencarnação ...


sexta-feira, 25 de maio de 2012

Palestra em Rio do Sul dia 26/5

Amanhã, dia 26 de maio, palestra na OAB de Rio do Sul, "Erradicando o  sofrimento através do Mergulho Meditativo" com Monge Genshô.
Horário: das 14 às 16 h
Local: Auditória da OAB de Rio do Sul
Rua Bulcão Viana, 121 - Jardim América - F: (47) 35212115


Para mais informações: poli@atomlig.com.br


Primeiro Sesshin em Brasília



Amigos do Dharma,

Compartilhamos as fotos do nosso Primeiro Sesshin em Brasília, coordenado pelo Monge Genshô e o lançamento do seu livro "O Pico da Montanha" no Restaurante Bliss no DF.
O livro se encontra disponível para a venda na Comunidade ZenPlanalto ou aqui

No Dharma,
Gasshô,
Comunidade ZenBuddhista ZenPlanalto
(61)9641.1818

Sesshin de inverno


(Restam ainda 5 vagas somente)

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Repetindo as mesmas vidas



P. Mas a gente vê este ego como uma coisa sólida, eu tinha botado um dente de leão no altar e parecia uma coisa só, mas não é, na hora que a gente dá um soprão isto se espalha e aí cadê este ego?
R. É exatamente assim.. a pergunta de.Shuryu Susuki é para onde vai meu punho quando eu abro a minha mão? Meu punho é só uma formação, mas para onde vai quando eu abro a minha mão? O ego só existe como potência, como possibilidade de manifestação, de agregados, mas verdadeiramente não nascemos e não morremos, não existe isto, como na imagem que eu fiz das bolhas dentro da garrafa de champagne, é gás carbônico, vai embora? Não, não vai embora. É bolha momentaneamente, mas todo tempo gás carbônico, a analogia não é perfeita porque em termos karmicos estes quantuns de karma se manifestam novamente porque tem grande energia de coesão, não chegamos a dizer que isto é ego, mas você manifesta uma nova vida com as características que você tem porque existe uma coesão desse karma individual, o ego é outro, mas o karma é o mesmo...

P. Tem um jogo do RPG que tem um personagem vai lá queima, constrói, daqui a pouco aquele morre e tem que fazer outro, vai ser outro nome, outro jeito, outra profissão, mas tem alguma essência de quem está construindo que vai ter semelhança, dá para pensar alguma coisa assim?  
R. É mais nítido. A imagem usada no budismo é a da fruta, a semente da manga, Nagasena responde assim num famoso sutra que é o Milindappada, Nagasena responde ao rei Milinda, Milinda provavelmente é o rei Menandro que governou aquela região do Afeganistão depois das conquistas de Alexandre – O Grande, Nagasena é um mestre budista e ele diz para ele: manga tem uma semente se plantamos uma semente nasce outra mangueira que dá mangas praticamente idênticas à mangueira anterior: é a mesma mangueira? São as mesmas mangas ou não? Então as sementes kármicas que nós plantamos manifestam uma vida quase indistinguível da nossa, as mesmas características, os mesmos impulsos, se nós não mudamos os impulsos é a mesma vida ..

quarta-feira, 23 de maio de 2012

O eu morre todos os instantes



P. Mas esse também é um processo de morte...
R. É e não é, se nós dizemos que é um processo de morte pareceria thanatos, pareceria a coisa negativa, triste, uma vez uma psicóloga, amiga minha disse: mas você se veste de preto? Isto é deprimente...eu não sinto que é deprimente, em absoluto eu não sinto isto, não sinto que este preto do zen é deprimente porque ele é tão misturado com branco, e esta cor significa tradicionalmente dignidade, abdicação, esquecimento de si, não querer aparecer,  é a cor mais fechada, mas em absoluto não tem significado para mim de deprimente...
A cor tradicional do budismo, na realidade, desde o tempo de Buddha, é o açafrão porque Buddha juntou tecidos de mortalhas, sujos de sangue, pus e cortou as partes que ainda estavam suficientemente boas, limpou tudo cuidadosamente e costurou e jogou dentro de açafrão, então o manto budista tradicional tem esta cor do açafrão, amarelo forte, na nossa tradição, na tradição Soto, o que também acontece no cristianismo os hábitos começam pretos e só depois é que eles mudam de cor...

P.É possível fazer uma analogia com a questão do ego e das ilusões, por exemplo, como se fosse uma gigantesca pedra de carvão com diamante lá dentro para ser lapidado...
R. Você leu esta imagem? Não? Esta imagem é usada no budismo, a pedra preciosa, diamante com carvão ou com barro em volta, é uma analogia fácil porque todos nós temos esta natureza búdica dentro de nós...

P. É neste sentido que o morrer não seria tão negativo, quer dizer cortar este carvão e... 
R. Na verdade, em última análise, morrer é impossível ...

P. E o ego?
R. Mas este ego ele morre todos os instantes porque a mente que você estava no início do sesshin não é a mesma agora, então aquele ego, aquele conjunto de funcionamento que a gente chama ego já morreu de lá para cá então isto está acontecendo a todo tempo nós é que não percebemos ...

terça-feira, 22 de maio de 2012

A inquietude mobilizadora


P. A flor de lótus só pode nascer...
R. Na lama. A flor de lótus não nasce na areia branca e límpida da praia, ela nasce num lago com lama.

P. A gente pode dizer que esta inquietude é uma força mobilizadora que movimenta as pessoas a buscar...
R. Com certeza. Só vem praticar zazen e permanece quem tem angústia e inquietação e esta é a história dos mestres também, mesmo a história de Buddha, só porque tinha percepção do que era angústia, velhice, doença e morte é que ele procurou a solução disto tudo, sem o sofrimento não haveria esta busca, esta noção de insatisfação em relação à vida porque a palavra dukka, do páli, que é traduzida por sofrimento, ela não expressa exatamente o que Buddha falou, porque dukka significa não satisfatório, muitas vezes ensina-se budismo dizendo isto – a vida é sofrimento, não, não é assim, a vida contém sofrimento e felicidade, mas como é impermanente, isto sempre é insatisfatório, nunca há nada permanente, nada que a gente agarre, você vê o filho brincando e é um momento muito feliz, maravilhoso, mas este mesmo filho um dia fica doente ou mesmo cresce e fica um “aborrecente” e não é mais a mesma coisa, depois ele deixa de ser adolescente, amadurece e volta para você com grande carinho, ah é outro momento feliz, mas aí vai embora para outro país e assim por diante, nunca é permanente, é sempre fluido e por isto mesmo insatisfatório, a maioria dos prazeres da vida dura muito pouco tempo, a mais gostosa refeição num restaurante fino ( depois do sesshin vamos...), esta maravilhosa refeição dura uma hora e meia, comendo caprichadamente, vocês podem imaginar agora, um pequeno aperitivo, depois uma entrada leve, depois um prato principal saboroso, talvez apimentado, depois uma maravilhosa sobremesa doce, bebendo vinho junto para ressaltar o sabor, temperando como queiramos e no fim, comi demais e não quero nem ver comida, e aí nós vemos como é, este prazer é caro e curto embora quando eu estive falando aqui agora algumas bocas tivessem saliva porque agora para nós parece hum...delicioso, afinal sentamos na frente do oryoki e vem só três alimentos, não vem bebida nenhuma para ajudar, só pode comer uma coisa de cada vez e todo mundo gosta de misturar arroz com feijão e tem que comer uma colherada de arroz, mastigar e engolir, depois uma colherada de feijão, mas certamente vocês nunca sentiram tão nitidamente aqueles sabores porque estão separados e como tem que prestar atenção em todos os  detalhes a mente não viaja para fora dali, esta é a maravilha da prática do oryoki, prática muito certa para o sesshin, porque ensina  como fazer as coisas durante a vida,  isto que vocês tem que fazer quando saírem do sesshin, quanto do que fazemos com o oryoki eu consigo levar para a minha atividade, aqueles pequenos princípios, elegância, concentração no que está fazendo, fazer com as duas mãos, cultivar um  sentimento de agradecimento por aqueles que nos servem. Estes dias eu vi um ditado que dizia assim: para escolher um amigo, não preste atenção em como ele é gentil com você, mas em como ele trata um garçon, isso fala sobre o fundo da pessoa, não é como ela trata as pessoas importantes, mas como ela trata as pessoas que não são importantes para ela, isso é muito, muito importante, muito,...e vocês tem que prestar atenção dentro de si como tratam as pessoas humildes que servem e não como tratam as pessoas superiores com quem tem contato, isso é que diz sobre o nosso verdadeiro caráter...
 É o primeiro caminho, o primeiro passo, todos começam a praticar pelas suas angústias pessoais e isso de querer se dedicar aos outros só vem depois, eu não vejo os praticantes chegarem no centro do Dharma e dizerem – eu quero praticar para todos os seres, não eles querem praticar para si e está bastante bom, pratique para si, quando chega um momento que a pessoa não sabe mais porque está praticando aí é que é o momento de dizer pense nos outros, não pense mais em si mesmo, pense o que eu posso fazer para outras pessoas aproveitarem o pouquinho que eu aprendi e quando este sentimento surge é o início da mente de bodicita, da mente compassiva e aí o caminho se abre muito, começa a ficar mais poderoso e muito mais cheio de emoção e de compensação, nós sofremos muito, achamos que estamos perdidos, mas estamos perdidos só por nós mesmos por coisas que só nós  acreditamos ou sobre que tínhamos expectativas, sobre nossa realização, mas não há muito para realizar na verdade, o que nós precisamos realizar é só esta mente que esvaziada  de preocupações, de apegos, sai e acha tudo muito, muito lindo. Esta mente que quando vê a emoção nos outros automaticamente a sente , então esta percepção partilhada é porque a mente está suficientemente vazia para poder sentir os outros, sentir o que acontece no resto...

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Até mesmo cortar as paixões é uma doença


Apesar de poderem ter esposas e filhos, de acordo com as circunstâncias, não são apegados a eles. Como a lua no céu, como uma pérola rolando em uma tigela, vêem aquele que está livre no meio de uma cidade agitada, entendem além do tempo enquanto estão no mundo, sabem que “até mesmo cortar as paixões é uma doença”...(TEXTO)

Aqueles que renunciam ao mundo mentalmente eles descobrem que até mesmo cortar as paixões é uma doença. Naquela primeira situação que nós falamos aqui ... aqueles que deixam o mundo fisicamente é aquele primeiro caminho que nós chamamos de pequeno caminho. O grande caminho é mergulhar no mundo sem ser do mundo, sem ser possuído pelo mundo...

P. Ser como uma flor de lótus...
 R. Ser uma flor de lótus...,mergulhar no mundo sem ser possuído pelo mundo porque os problemas existem, vocês que vão até a minha casa sabem que conosco mora minha velha mãe com noventa e quatro anos e com Alzheimer e que para outras pessoas seria um seríssimo problema ter alguém assim com eles, na nossa casa não é problema, mesmo que cada dia ela piore, por quê? Porque não pensamos que é um problema, como não pensamos que é então não é, se pensássemos que era um grande problema aquela doença, demência senil, em que a pessoa faz coisas, às vezes, desagradáveis, então seria um drama e fonte de atritos. Se você não assumir que é um problema ele não é, se você pensar que é um problema então é realmente um grande problema.
 Vocês imaginem um mundo em que as pessoas não tivessem que evacuar, imaginem, um mundo em que as pessoas não expelissem  matéria mal cheirosa todos os dias, imaginem que vocês chegassem neste mundo e tivessem o corpo que tem, com orifício pelo qual todos os dias sai matéria que cheira mal, vocês seriam profundamente infelizes por serem diferentes dos outros, porque vocês teriam uma tremenda doença, uma doença que todos os outros olhariam com horror...oh! ele expele matéria mal cheirosa e gazes todos os dias!. Os homens em média expelem um litro e meio de gás por dia, as mulheres mais ou menos metade disto, embora os homens não desconfiem (risos), mas neste mundo especial que fosse assim, e isto não sucedesse, nós seríamos pessoas extremamente doentes e profundamente infelizes, no entanto, aqui estamos nós todos sentados e até achamos ah, aquela pessoa é uma pessoa maravilhosa ou digna de grande afeto e amor, mas, na realidade ela tem esta condição, mas é que todos nós temos e nas nossas mentes isto é natural, como é natural, não é sofrimento. Se nós olhássemos as coisas que acontecem na vida, com os nossos filhos, esposa, marido, empregados, nós pensássemos são seres humanos, acontece isto com os seres humanos, eles cometem enganos, seres humanos fazem errado, seres humanos expelem substâncias mal cheirosas e nós aceitamos, se nós aceitarmos com naturalidade, pronto, não é mais problema, então o problema está onde? Na nossa mente.

P. A gente poderia dizer que ter a mente vazia, vazia assim relativamente, isso implicaria num comportamento, numa cultura não cristalizada, por exemplo, uma pessoa tem cultura, mas não tem uma cristalização dela própria, o seu self não está cristalizado então a gente poderia dizer que a pessoa tem uma mente mais vazia que as outras...
R. Isto tem algo a ver com a noção de inocência onde houvesse uma inocência seria mais fácil, no entanto, os inocentes ou ignorantes não procuram a iluminação, é necessário mergulhar no sofrimento e na angústia para procurar a iluminação, senão esta qualidade não é buscada ou desenvolvida acaba-se agindo de forma reativa...

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Nada gruda na mente vazia


Suas mentes são como a claridade pura da lua de outono, seus olhos são como a perfeição de um espelho brilhante. Não procuram a mente ou uma essência, nem mesmo praticam as verdades sagradas, não têm apegos mundanos, não permanecem no estado dos mortais comuns, nem são confinados ao estado dos sábios e santos - são viajantes sem mente.(TEXTO)

Este estado de não-mente, de desistir, de esquecer, é que é o estado perfeito, feliz. Quando depois de três dias de seshin, em momentos em que vocês saem e olham as árvores, as flores, o céu e vêem as coisas, e os pensamentos já cansaram e foram embora porque nós não os alimentamos mais, nós não os ficamos mexendo, então esse estado surge, o estado de não-mente, esse é um estado profundamente feliz. Eu estou sempre insistindo: não conversem, não falem, por quê? Não agitem suas mentes. Nós temos muito trabalho pra fazer a mente se acalmar aqui, sentados no zazen, olhando para a parede; muito trabalho, muito sofrimento; depois nós vamos lá e jogamos parte desse trabalho fora por simplesmente trocar algumas frases, depois saímos com um pensamento qualquer: ah, aquela pessoa disse-me isso..., ... tem aquilo que aconteceu...,...será que gosta de mim?...,...será que está me olhando mal? Esses sentimentos são agitações e vão atrapalhar o processo do seshin; por isso, o silêncio é necessário e, por isto, quando a gente recebe uma tarefa, simplesmente faz a tarefa, mais nada.(COMENTÁRIO)

Aqueles que deixaram o lar mentalmente não raspam seu cabelo, nem usam roupas especiais. Apesar de viverem em casas e de estarem no meio dos problemas do mundo, são como lótus não maculados pelo barro, como jóias não afetadas pela poeira.(TEXTO)

 A lótus é a flor símbolo do budismo, por quê? Porque nasce na lama, mas surge em cima da água pura e imaculada e é muito difícil sujar uma flor de lótus, você pode derramar água suja em cima dela que toda a água escorre, pelas características das pétalas, são como o teflon, nada gruda. Na realidade, os verdadeiros praticantes tem que atingir esse estado, esse estado de nada gruda, tudo escorre por mim, todo sofrimento, todo os eventos, todas as coisas simplesmente passam e nada gruda, o que me faz lembrar que vocês podem ter o koan do teflon, um koan bem moderno. O koan do teflon é assim: nada gruda no teflon, como é que o teflon gruda na panela? Isso é muito interessante e, na realidade, foi um grande problema para se resolver, um problema industrial, mas para nós é outro ponto: nada gruda em nós, tudo deve escorrer. Como é que nós podemos permanecer nós se nem este eu consegue ficar grudado em nós?(COMENTÁRIO)

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Autógrafos no Bliss em Brasília

MONGE GENSHÔ visita Brasília e autografa seu último livo "O Pico da Montanha, é onde estão meus pés" no Bliss, durante o almoço, nesta sexta feira. dia 18 de maio. A obra, estará disponível no Bliss - Restaurante de culinária saudável localizado no Setor Bancário Sul.http://blissculinariasaudavel.blogspot.com.br/

Setor Bancário Sul, Quadra 1, Bl. C, Lj. 3, Ed. Financial Center. Asa Sul.
Brasília, DF.
3322 0021

Os dois tipos de renúncia


Nós vamos comentar hoje o texto OS DOIS TIPOS DE RENÚNCIA de Keisan Jôkin.

Quando Upagupta raspou a sua cabeça com a idade de 17 anos, Shanavasa perguntou a ele, “Você está deixando o lar em corpo ou mente?” No Buddhismo, há basicamente dois tipos de [renúncia, isto é, de] deixar o lar – a do corpo e a da mente.(TEXTO)

Temos a célebre história de um homem que foi procurar um mestre e disse eu quero treinar consigo e o mestre: -volte quando você tiver matado em seu coração o seu pai e a sua mãe, a sua esposa, os seus irmãos, os seus filhos - porque para renunciar é preciso ter uma grande angústia, para haver  enregia para deixar todas as coisas. Nós temos também o caminho Mahayana em que você permanece no mundo e trabalha para os outros seres e é muito tratado no Sutra de Vilamarkiti, o Sutra fala de um grande comerciante no tempo de Buddha e que era um discípulo excepcional,  neste Sutra,  Vilamarkiti, este personagem, aparece derrotando cada um dos principais discípulos de Buddha em debate. Ele é um Sutra Mahayana, provavelmente escrito depois do século I depois de Cristo, ou seja posterior uns seiscentos anos a morte de Buddha. Ele representa uma grande revolução no Buddismo que é abrir o caminho para os leigos e permitir que o Dharma saia de dentro dos mosteiros e se espalhe no mundo, e a nossa ordem, a nossa escola Soto é muito marcada por este comportamento, noventa por cento dos monges hoje da escola Soto são casados e tem família e trabalham no mundo, isto aumenta enormemente as possibilidades, embora enfraqueça o caminho monástico tradicional, deveríamos preservar ambas as formas de prática dentro da ordem, este caminho nosso é o caminho do Bodhisattva, aquele que se dedica aos outros seres por compaixão. Mas então este Sutra marca o caminho de uma Sangha como a nossa, de pessoas leigas e de monges que tem família e trabalham para se sustentar e isso é o grande caminho Mahayana, é maha de grande realmente e yana veículo, então é como grande veículo, é como um ônibus, leva muita gente, enquanto que um pequeno caminho, o caminho individual daquele que se retira e pratica sozinho, longe da sociedade é como uma bicicleta leva apenas  a ele então é um pequeno caminho.


Aqueles que deixam o lar fisicamente abandonam os sentimentos social e pessoal, deixam seu lugar natal, raspam suas cabeças, vestem-se de preto e não têm quaisquer servos, tornando-se monges. Trabalham sobre o caminho vinte e quatro horas por dia, então não perdem tempo e não têm desejos estranhos; portanto, não são felizes por estarem vivos e não temem morrer. Suas mentes são como a claridade pura da lua de outono, seus olhos são como a perfeição de um espelho brilhante. Não procuram a mente ou uma essência; nem mesmo praticam as verdades sagradas, muito menos têm quaisquer apegos mundanos. Deste modo, não permanecem no estado dos mortais comuns nem são confinados ao estado dos sábios e santos - são viajante sem mente. Estas são as pessoas que deixaram o lar fisicamente.(TEXTO)

Nós estamos falando sobre a antiga prática da renúncia budista: deixar o lar e todas as coisas e vestir o manto amarelo, o manto do renunciante. Aqui, essa descrição, que é muito bonita, dos filhos que fazem coisas como raspar suas cabeças, o que tem o antigo significado de desistir de toda vaidade, porque os cabelos sempre fizeram parte da vaidade, desistir da beleza, propositadamente. E também, ao cortar os cabelos, corta-se simbólicamente os fios da ignorância que estão sempre crescendo, nós queremos que não cresçam, mas eles crescem; por isso a palavra sesshin vem da raiz de consertar ou limpar a mente, porque mesmo no mosteiro a mente se perde, estamos trabalhando todos os dias etc meditamos de manhã e de noite, mas mesmo no mosteiro começam a acontecer os atritos entre os monges, as fofocas, o desejo de se sobressair, então uma vez por mês, sesshin, para quê? Para consertar, fazer voltar à mente para o lugar certo. Então eles não perdem tempo e não têm desejos estranhos, não são felizes por estarem vivos e não temem morrer. Não ser feliz por estar vivo é porque não é necessário, você não vai embora daqui, também é um erro pensar: “esta vida”, nós somos muito metidos no “esta vida” , na realidade “esta vida” é ilusório, nós pertencemos a uma natureza original, essa natureza original não nasce nem morre; portanto, não existe, em última análise, esta vida; é só uma ilusão nossa do borbulhar do nosso karma, somos como bolhas dentro de uma torrente, dentro de uma garrafa de champagne, nós somos bolhas. Mas, essencialmente, essas bolhas, que são gás carbônico não deixam de ser gás carbônico, elas estouram e o gás continua. É só aquele quantum, aquela individualidade de bolha que ainda permanece nessa analogia. Nós confundimos a nossa natureza última que é gás carbônico com o fato de sermos bolhas, somos bolhas agora, mas na verdade somos gás carbônico e o gás carbônico não nasce como bolha, nem morre como bolha. Só a bolha, que é um fenômeno e uma aparência, surge e desaparece como bolha.(COMENTÁRIO)

terça-feira, 15 de maio de 2012

Palestra em Brasília dia 17 de maio


Palestra gratuita:
"Aspectos da tradução do Sânscrito e Pali  para as línguas ocidentais e os mal entendidos decorrentes na compreensão do pensamento budista"

Sutra do Coração da Sabedoria em Sânscrito.

> Dia 17 de maio às 19h (AUDITÓRIO JOAQUIM NABUCO - FACULDADE DE DIREITO - UnB)

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Casamento zen budista - Celso e Tatiana


Casaram-se em Florianópolis, à beira mar, Celso e Tatiana, na tradicional cerimônia zen budista.

As núpcias no ritual zen budista, tem como marca a emoção. Esta cerimônia se destina a pessoas que não desejam estar filiadas a uma fé, ou cumprir exigências ligadas a um sistema de crenças. Não há qualquer pré-requisito religioso. Apenas o pedido para que as pessoas redijam e façam em público o compromisso que desejam assumir para com seu cônjuge. O oficiante conduz uma cerimônia em que os nubentes se casam, não são casados por ele. Dentro do zen o casamento, marcado pela impermanência da própria vida, não é um sacramento, mas um ritual civil. Porém a beleza da emoção causada por uma participação tão ativa dos noivos e dos agradecimentos as famílias, troca de alianças, incenso perfumando o ar e flores, transforma tudo em uma lembrança inesquecível.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Na rede de livrarias Cultura


                    A partir de segunda o livro acima estará disponível na rede de livrarias Cultura.

Escola gradual e escola abrupta


P. Fala-se muito nos textos na questão de iluminação, mas é o caminho do passo a passo, no momento que começa a sentar e meditar e vai tendo um progresso...
R. Duas abordagens, existe abordagem gradual e abordagem súbita ou abrupta então no Budismo nós temos os dois tratamentos, a escola Soto é mais conhecida pelo seu treinamento gradual, é a nossa, treinamento seguro e calmo, a escola Rinzai é conhecida pelo seu tratamento abrupto, koan, pressão, pressão mesmo, dura, kyosaku é aplicado de frente, senta-se de frente para a sala não para a parede, entrevistas com o professor até cinco vezes ao dia, com grande pressão, gritos etc com a intenção de quebrar o ego, insultos, idiota, imbecil, saia daqui, vá sentar de novo, não me venha aqui sem uma resposta, aí os alunos mais velhos vão até o aluno novo na hora da entrevista com o mestre, mas eu não tenho respostas ainda, eles pegam pelos braços e pelas pernas e jogam para dentro da sala do mestre. Um monge que  treinou num mosteiro Rinzai me disse que o kyosaku era aplicado de uma forma tal que quando ele ia tirar a roupa ela estava grudada com sangue na pele, então é outro processo, esta é conhecida como escola abrupta.  Ele diz assim:  "vocês não podem acreditar o que acontecia na sala de meditação" e esta cena de pegar pelos braços e pernas e jogar aconteceu com ele, depois mestres como Yasutani Roshi vieram para o ocidente e misturaram um pouco o Soto com o Rinzai, estão usando koans, mas com uma prática não tão rígida e na semana passada eu estive com uma amiga que é mestre Rinzai da Escola Son Coreana   que descende de Lin Chi, ele tem a mesma forma de prática, os kinhin são rápidos, senta-se de frente para a sala, eu já fiz retiro com ela, mas existe esta pressão mesmo do koan, o mestre usa bastão, ameaça bater com bastão em você na entrevista e mesmo fizemos uma prática que não existe praticamente no Soto, que é quando o professor vai embora os alunos ficam na sala até a manhã seguinte, zazen sem parar nem dormir, não agüenta mais, faz kinhin, volta para a almofada, sem intervalo, sem refeição, sem nada, até a manhã seguinte, aí na manhã seguinte começa às  quatro horas o sesshin normal de novo, tudo e não teve sono. 

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Dia de Buda Shakyamuni no calendário oficial brasileiro


LEI No
12.623, DE 9 DE MAIO DE 2012
Institui o Dia do Aniversário do Buda Shakyamuni e o inclui no Calendário Oficial
de Datas e Eventos Brasileiro.
A   P R E S I D E N T A   D A   R E P Ú B L I C A
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono
a seguinte Lei:
Art. 1
o
Fica instituído o Dia do Aniversário do Buda Shakyamuni a ser comemorado, anualmente, no segundo domingo de maio.
Art. 2
o
A data comemorativa ora instituída passará a constar

do Calendário Oficial de Datas e Eventos Brasileiro.




Fogo sobre a Neve


quarta-feira, 9 de maio de 2012

Textos confiáveis


P. Como seria visto a ficção Matrix no Zen?
R. Bom, naquele filme tem muitas coisas misturadas, elementos Budistas foram usados no primeiro episódio do filme Matrix, principalmente a questão ser um ilusório reproduzido na sua mente, mas estas abordagens podem atrapalhar também porque quando nós misturamos as coisas, coisas boas vem junto com concepções errôneas, temos muitos livros sendo vendidos também nas livrarias que misturam conceitos Budistas com outras coisas e na realidade eu sempre digo é melhor não ler isto porque é difícil distinguir o que está certo do que está errado, vem misturado, então este tipo de espiritualidade perturba, melhor ler mestres comprovados não os livros de auto-ajuda ou coisa assim, é claro que textos como estes que a gente está lendo aqui são mais difíceis do que os livros de auto-ajuda ou os livros escritos assim desta espiritualidade fast-food, espiritualidade rápida, o grande problema é a falta de acuracidade nas afirmações.

P. Então a leitura destes mestres iluminados também dá discernimento para saber o que é certo e o que é errado...
R. Sim, os grandes textos, e eles não são tantos assim e você tem na biblioteca da Sangha textos selecionados e nunca deixo entrar textos duvidosos então você pode ler estes livros sem problemas mesmo quando são autores que não são Budistas, mas são autores sérios, por exemplo, Thomas Merton que nós temos aqui, que era um monge trapista católico ele escreve seriamente sobre espiritualidade...

terça-feira, 8 de maio de 2012

Estado Laico

É importantíssimo para a liberdade e respeito a diversidade de crenças, religiões e também aos que não crêem em coisa alguma, que o estado se conserve à parte de quaisquer manifestações de apoio a uma ou outra forma de pensamento. Quando uma assembléia legislativa, como aconteceu recentemente, aprova uma lei para ler um trecho canônico de uma denominação religiosa ela quebra o princípio do estado laico, distante de apoiar ou combater algum conjunto de idéias.
É extremamente perigoso que se diga que se deve combater os descrentes, ou os ateus, como recentemente um líder religioso aventou. O estado deve prover a mais perfeita liberdade e estar longe de parecer apoiar ou combater diferentes tradições. Os ateus tem direito a sua descrença, os religiosos direito as suas imagens e fé. Mas nem os espaços onde o estado exerce seu poder, nem seus rituais, nem sua moeda, devem servir a mostrar que a nação deixou de ver todos como iguais e passou a privilegiar esta ou aquela tradição religiosa.
A Justiça é representada com uma venda porque o estado não pode ver a quem distribui sua justiça, para que os homens andem em liberdade nenhuma crença ou sistema pode ter privilégios que não sejam dados a todos, assim a lógica é não dar a quem quer que seja algum destaque no âmbito onde o estado manifesta seu poder, justiça ou elabora leis.
Monge Genshô

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Olhos de filha

Sei que sou suspeita, mas o livro "O pico da montanha é onde estão os meus pés" foi realmente muito inspirador para mim. Faz a gente pensar sobre como dar significado à nossa atuação no mercado de trabalho... Houve um tempo em que eu tinha a impressão de que "trabalhava para comer e comia para ter energia para trabalhar" e que nada do que eu estava fazendo realmente fazia muito sentido. Era uma operação de sobrevivência, não tinha lucro! A vida tinha que ter outras razões, tinha que "fazer sentido" tanto esforço, tanta energia empregada no trabalho. Acompanhar a trajetória do meu pai, como um empresário e consultor de empresas que, aos poucos, foi mergulhando no zen budismo e se tornando um monge, até que recebeu o nome de "Monge Genshô", foi muito revelador. Neste livro, reconheci muitos dos meus próprios questionamentos no personagem Ido, e as respostas que ele encontra fizeram muito sentido para mim. Espero que gostem tanto quanto eu, e que seu "retorno" ao mundo comum, depois da grande aventura espiritual, que é esse livro, traga novos horizontes para as suas vidas.
É também um instrumento revolucionário para aplicar na empresa - estimular seus colaboradores a terem essa revelação certamente dará um gás diferente aos seus trabalhos.
Comprem, leiam, recomendem!

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Lançado o livro O Pico da Montanha é onde estão os meus pés


Está disponível no site da Editora Rima o livro "O Pico da Montanha é onde estão os meus pés", uma obra de ficção dármica escrito especialmente para o proveito dos que estão mergulhados no mundo do trabalho. Ele pode ser adquirido aqui:

O Pico da Montanha é onde estão os meus pés
 


Descrição
A verdadeira viagem não é feita com os pés, mas com o coração e a alma. No decorrer dos milênios, homens e mulheres cruzaram fronteiras, navegaram os mares e subiram montanhas, e muitos deles procuraram não apenas a aventura das paisagens diferentes e excitantes, mas também se interessaram pelo que iriam encontrar a respeito de si mesmos. A viagem interior deverá ser longa, profunda e sujeita a incertezas. (...)

Petrúcio Chalegre, consultor de empresas renomado, conhece bem o olho do homem ordinário, tendo participado ativamente, durante décadas, no mundo dos negócios, com suas paixões e ambições, competições e sofrimentos, como um consultor responsável por trazer o equilíbrio necessário. Genshô, o monge do budismo zen, tem praticado o caminho do Buddha durante décadas e dirigido uma comunidade devotada à disciplina e à beleza dessa forma japonesa do Budismo. Agora os dois se juntam para escrever um livro sobre alguém comum, Ido, alguém como qualquer um de nós, envolvido nos caminhos do mundo, com suas alegrias e dificuldades, mas que um dia resolveu sair.

(...) Nós andaremos junto com ele, convivendo no ambiente zen budista de tranquilidade e desafio, participando de seu novo dia a dia à medida que tenta mudar de vida. Nesse caminho teremos oportunidade de conhecer o cotidiano numa comunidade budista, desde o amanhecer até a hora de dormir. Ouviremos conselhos, frases sábias dos superiores do mosteiro e saberemos como Ido superará as dificuldades. Mais importante, poderemos viajar com Ido também para nosso próprio interior e dar os primeiros passos para a transcendência.

Ricardo Sasaki
Diretor do Centro de Estudos Buddhistas Nalanda
Dhammacariya Dhanapala
Mahasadhammakotikadhaja


Mundos em uma almofada de meditação



P. Dentro da lógica Budista para passar para um outro mundo, o mundo dos deuses ou dos semi-deuses não teríamos que acreditar no divino?
R. Mas como eu expliquei estes mundos já estão aqui, eu disse você pode entrar neste mundo agora  na sua almofada.

P. Mas parece que tem um guardião no limiar...
R. Estas são imagens esotéricas, guardiões de portais etc são imagens esotéricas que o Budismo não usa. Isso é uma imagem para explicar, para fazer um acesso qualquer você precisa passar por determinadas condições, mas as condições estão acessíveis ali na sua almofada, na sua almofada você tem condições para entrar em qualquer dos mundos porque as chaves estão dentro da sua mente, os guardiões são os obstáculos mentais que você mesma tem.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

O reino dos deuses


P. Como situar quando está num nível mais animal? O monge falou que há até uma certa inocência, a princípio dá para considerar que na maioria os seres vem de uma origem mais animalesca e o próprio karma é uma força que impulsiona todos estes seres no caminho até todos chegarem a uma evolução e a um processo de iluminação?
R. No sentido espiritual, tanto pode acontecer uma coisa assim como pode não acontecer e tanto você pode melhorar no seu caminho como você pode regredir, alguém tem um karma que se manifestou como ser humano, mas age terrivelmente e pode se manifestar no reino animal, se ele tem um karma assim é esta consequência, agora se ele pratica muito maravilhosamente mas não se ilumina e se manifesta num reino maravilhoso, não num mundo como o nosso, mas no reino dos deuses, grandes prazeres, sabedoria, sem maldade,  num lugar aonde ninguém ofende ninguém, onde todos ajudam os outros, onde todos servem os outros e agradecem quando são servidos, onde todos ficam juntos e se apóiam, onde é assim? Este é o reino dos deuses, qual é o perigo do reino dos deuses? É que se não houver sofrimento você fica lá até que o seu karma de deus se esgote e você caia para um lugar onde haja sofrimento e aí você possa procurar o Dharma, porque os Buddhas tem muita dificuldade para ensinar os deuses , os deuses não estão interessados, já está tudo muito bem, não há sofrimento. Trazendo esta imagem para o nosso mundo nós temos pessoas que vivem por mérito, tem vidas maravilhosas nasceram muito lindas e daí recebem muito dinheiro ou tem grandes talentos e daí conseguem ganhar facilmente bens materiais com grande abundância e aí vivem sem nenhuma dificuldade, tudo é fácil, basta estalar os dedos e pronto, tudo está resolvido, não tem dificuldade nenhuma. Este é o mundo dos deuses, para estas pessoas praticar espiritualmente é muito difícil, é preciso surgir um sofrimento para que este interesse surja,  com um mundo perfeito não surge à prática espiritual, não surge à necessidade de libertação porque parece que tudo está muito bom e a gente finge que não vai envelhecer, que não vai morrer, que esta vida não vai acabar, que isto tudo é permanente, alguns então metidos nesta loucura, mandam congelar os seus corpos para que um dia quem sabe a ciência descubra um jeito de fazê-lo ressuscitar e nascer perfeitos de novo.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Diferentes mundos


Originalmente, este samadhi é o lugar de prática sagrado, como o oceano de todos os Buddhas. Então, é o maior e mais sagrado de todos os fundamentos transmitidos diretamente pelo Buddha através da prática sagrada universal. Como é um discípulo do Buddha, você deve praticar a meditação sentada tranqüilamente sobre seu assento.
Não se sente sobre a almofada do inferno, dos pretas,(TEXTO) os pretas são os fantasmas famintos (COMENTÁRIO) dos animais ou asuras,(TEXTO) asuras são semideuses (COMENTÁRIO) nem mesmo dos humanos ou deuses. (TEXTO) Aqui é uma repetição tradicional dos reinos como foi ensinado no Budismo originalmente. Há reinos diferentes. Existe o reino dos infernos, o reino do inferno é o reino onde o sentimento predominante é o ódio e a raiva. Neste lugar é o inferno, é o mundo infernal. Se você se sentar na sua almofada cheio de raiva e ódio é a almofada do inferno, se você sentar sobre a almofada da ganância é dos pretas, dos fantasmas famintos que por mais que se dê nunca estão satisfeitos, eles tem corpos imensos como montanhas e gargantas finas como fios de cabelo e por isto estão sempre mortos de fome e sede e na realidade é uma imagem da ganância, das pessoas que precisam ter sempre mais, mais, sem limites e que nunca estão satisfeitas. Na realidade todos nós passamos por estes mundos nas nossas vidas, tem o momento da raiva, o momento da ganância, o mundo dos semideuses é o mundo da inveja, da inveja e da competição, sempre queremos ganhar este é o mundo dos semideuses, uma boa prática para o mundo dos semideuses é torcer por um time de futebol, você pratica a oposição ao outro, o desejo de ganhar e o desejo que o outro perca, é o mundo dos semideuses.

É o mundo também dos executivos, do mundo de negócios, temos que ganhar, não é um mundo de ganância por incrível que pareça, é um mundo de semideuses, o importante é derrotar a concorrência e esta é uma prática que leva ao mundo dos semi-deuses, é um mundo de poder, de armas   um mundo de competição. Já que eu estou explicando todos os mundos o mundo dos animais é um mundo da obscuridade, da ignorância, é um mundo onde não há clareza alguma e há seres humanos que agem assim mesmo sem nenhuma clareza, destroem o mundo a sua volta, derrubam as matas, matam os seres vivos, jogam esgoto nos rios, esta é uma mente animal, uma mente ignorante, uma mente que não percebe o efeito do que está fazendo e não se preocupa, nem percebe o sofrimento que está causando nos outros. Existe uma certa inocência nisso porque não percebe nada, é uma mente animal, e existe um mundo humano, o mundo humano é o que mais facilmente permite a iluminação é um mundo aonde existem todas as coisas misturadas, você experimenta todas, mas tem a grande vantagem de ter uma mente que tem a possibilidade de ter clareza, você tem a capacidade de aprender, de ouvir o Dharma e tem a capacidade de compreender, porque tem a capacidade de compreender você pode escapar desses mundos aprisionantes e ainda existe o mundo dos deuses, de grande mérito, prazer e felicidade, mas ainda sujeito a decadência pois nele é difícil ouvir o Dharma, o mundo dos deuses...

P. Foi falado hoje de manhã, tem que descer até o teu inferno, lutar com ele e caminhar, mas às vezes é difícil não sentar magoado ou não sentar com raiva,  buscar se acalmar ou que isto se dissipe. Como fazer?
R. Você é um ser humano, você entrou no inferno, tem um problema de raiva, de ódio, alguém que você amava traiu você, agora você tem um grande privilégio porque você tem uma mente humana e tem clareza de compreender, ah, isso é raiva, isso é ódio, isso é mágoa, eu estou sentindo assim então eu vou caminhar aqui dentro deste inferno porque eu vou sair, agora se você mergulha naquele sentimento e não sai dele você está no inferno e não está caminhando mais. Tem uma fábula sobre o inferno que é assim, um castigado do inferno empurrando uma carroça na lama sendo chicoteado por demônios, esta é a imagem, e aí séculos ali, sendo torturado, sempre escravo, sempre sofrendo, fazendo um trabalho terrível, mas um dia um cai na lama, sempre tem gente caindo na lama ali, mas ninguém se importa, simplesmente pisam em cima e continuam, afinal de contas vem o sofrimento e chicote atrás, mas mesmo com chicote um dia cai um e outro olhando aquilo larga tudo e vai puxá-lo da lama porque sente compaixão, neste momento ele sai do inferno. A saída do mundo dos infernos é a compaixão, aquele que sentiu ah, eu sei como ele sente, eu sei o que aconteceu, eu sei como é a tentação, eu sei como é o desejo, eu sei como as pessoas se perturbam, eu sei como os seres humanos erram, eu também sou capaz de errar,  que pena, aí quando você sente compaixão então você começa a sair do seu inferno.