terça-feira, 26 de junho de 2012

Calar a boca



Então no sesshin nós trabalhamos isto. Nós tentamos não ter apego. Então trabalhamos as coisas mais básicas. Menos sono porque somos apegados ao sono, então acordamos as quatro da manhã; a comida: então comemos de forma bem simples e silenciosa prestando atenção nos sabores mas sem colocar eu gosto, eu não gosto disso, comemos o que tem e completamente, e sem pensar eu gosto, eu não gosto. Não agradecemos nem nos desculpamos porque isso é eu, ego.
Não corrigimos os outros (exceto entre os monges quando há hierarquia) porque quando corrigimos os outros o que está acontecendo é: eu acho que sei mais e por isso então vou corrigir ou vou ensinar. Não é o momento de ensinar, não é o momento de corrigir. No sesshin é o momento de calar a boca, não é o momento de fazer observações para mostrar que estou entendendo, porque fazer observações para mostrar que estou entendendo é mostrar que eu é que estou entendendo, eu que sou inteligente e estou entendendo, então calar é estratégia para tirar a força desse eu que quer se manifestar.
Atenção a cada detalhe do que estamos fazendo para quê? Para ficarmos presentes no momento e não viajarmos para o passado nem para o futuro. Agora durante o período do samu eu estava costurando e é maravilhoso costurar no sesshin, porque é silencioso, você está sozinho fazendo uma única coisa que parece que não tem fim, porque o manto é muito grande, e você dá pontos e pontos e acaba a linha ou arrebenta a linha e você tem que dar um nó de novo e recomeçar,  excelente para parar e não se importar porque a linha arrebentou. Não fazer nenhum comentário interno, nenhum comentário, nem de agrado, nem de desagrado, simplesmente continuar fazendo ponto por ponto, continuar, aí você erra, desmancha e começa de novo.