quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

As sementes do carma



Um dos melhores símiles a respeito de como o carma funciona é a símile da semente. A palavra em sânscrito para impregnar e permear é Vachana. Imaginemos como se faz um chá de jasmim. Colocamos flores de jasmim dentro de uma caixa misturado com folhas de chá, e deixamos durante semanas. Desta forma o perfume do jasmim impregna as folhas de chá e quando vamos tomar o chá ele possui perfume de jasmim. Quando cultivamos energia de hábito, esses hábitos integram a nossa vida e impregnam sementes, essas sementes dentro de nós ficam aguardando o momento propício para despertar.

Nós temos sementes de todas as nossas existências ou existências de toda a humanidade, não importa, não importa muito o que pensamos a esse respeito, o que importa é que dentro de nós existem sementes guardadas prontas para despertar. Existem dentro de cada um de nós, sementes de raiva e sequer imaginamos isso. Habituamo-nos a praticar bondade, cultivar pensamentos de compaixão, amorosidade, perdão. Mas um dia alguém vai lá e diz a palavra certa. Muitas vezes as pessoas com quem se convive muito, a família, os cônjuges, aprendem exatamente o que fere. E nesse momento em que a palavra certa é dita, a raiva explode, surge. E pensávamos que estava adormecida, estava, mas era como uma semente em uma terra seca que ao colocarmos água brota. Quanto mais água e adubo colocarmos, quanto mais cuidarmos da semente, mais a arvore cresce, fica forte e poderosa.

As sementes da raiva são consideradas no budismo como as piores, o pior veneno da mente. Quando ela desperta pode destruir o mundo em sua volta. Como vemos no oriente médio hoje em dia. Cultivamos muitas sementes de raiva, ódio e diferença. Dia destes um amigo me escreveu, “Por que os judeus são isso e aquilo outro, os árabes, sunitas e alauítas, vivem brigando por que uns invadem as terras dos outros e etc”. na Síria hoje (2012) nós temos alauítas, sunitas e cristãos e todos tem medo uns dos outros, e esse medo faz com que nenhum deseje que o outro assuma o poder. Esse medo gera uma guerra civil. Matam. Isso cria raiva, ressentimento, ódio. Mais medo. Mais raiva, mais ressentimento e mais ódio. E isso não tem fim, só cresce. E nos perguntamos como podem há tantos séculos estarem brigando? Esse ódio vai sendo passado de geração em geração, onde são narrados os casos de assassinatos dos avós, irmãos, tios e pais, construindo assim uma mente vingativa. Como a única maneira de resolver as coisas que eles enxergam é através da vingança e da vitória final com a aniquilação dos oponentes, e como essa aniquilação nunca é conseguida, o ódio e a raiva nunca tem fim.