quinta-feira, 29 de agosto de 2013

A dualidade é uma boa ferramenta



Saikawa Roshi
: - "Quando sentados em “shikantaza”, que é a técnica do zazen, qualquer coisa que surja em suas mentes vocês devem deixá-las ir da mesma forma que vieram, sem tocá-las, compará-las ou julgá-las como boas ou ruins, certas ou erradas. Não toquem em nada. Com essa técnica estamos criando em nossa mente a não dualidade.

Na vida diária temos 100% de dualismo, bom ou ruim, eu e os outros, ganho ou perda, grande ou pequeno, vida ou morte e iluminação e delusão. Em todo o tempo, nessa dualidade, estamos checando e continuando com nossos pensamentos, mas a dualidade é um excelente instrumento para resolver problemas e nos comunicarmos com outras pessoas, assim, nossa mente cria a dualidade.

Toda a ciência e filosofia estão baseadas no dualismo, por isso a dualidade é uma grande ferramenta, mas também é capaz de criar grande sofrimento para a humanidade. Se vocês vão realmente fundo dentro de vocês, conseguirão ver que nós mesmos e todo o mundo não somos duais. Se vocês realmente virem esta verdade, poderão perceber que também a verdade é não dual. A base do mundo é não dual. Vendo essa verdade vocês poderão salvar a si mesmos e ir além de bem ou mal, poderão ir além de ganho ou perda, poderão ir além de vida ou morte, poderão ir além de iluminação e delusão.

Temos a tendência de usar nossa mente e dessa forma é muito difícil de entender um ser não dual. Na vida diária esse som (bate no chão) é um objeto e eu sou sujeito. Mas esse som (bate no chão) está além de sujeito e objeto. Na vida diária nós usamos eu, meu e minha ou seu e sua, por exemplo, dizemos esse é meu corpo, minha pele, meu sangue, meu rim e meus olhos, mas se vocês forem fundo dentro de vocês mesmos, verão que isso é apenas uma expressão. Se eu dôo meu rim pra Genshô, ele passa a ser o rim de Genshô. Se Genshô der esse rim para Tokushi, esse rim passará a ser de Tokushi, então, na verdade, esse rim não é meu. Se for assim com todas as partes do meu corpo, então esse “meu” não existe. Nós pensamos “minha mente”, “minha opinião”, mas mesmo essa opinião veio dos outros e não desse corpo. Minha mente e minha opinião também não existem. Tudo bem você dizer “meu sangue” na sua vida diária, mas sob o ponto de vista absoluto, “meu sangue” não existe. Isso que chamamos meu corpo e minha mente, é vazio."