segunda-feira, 23 de setembro de 2013

"Eu sou" , Descartes* dentro de um processador


Maitreya, o Buda do futuro
 (continuação)
Não fazemos, então, essa distinção e sim dizemos que tudo está conectado. Teoricamente, para nós Budistas, o surgimento de outro ser com um cérebro mais complexo que o nosso, ou uma conexão homem/máquina, que permita ao homem ter mais conhecimento ou ter mais capacidade de raciocínio, ou até mesmo uma máquina suficientemente complexa pode ela mesma desenvolver a noção de “eu sou”, e permitir que uma consciência se manifeste.

Pode ser que no futuro nós tenhamos uma discussão, podemos matar essa consciência que surgiu ou não podemos? Mais complexa, mais inteligente, mais consciente e até mais vital que nós? Assim como no passado nós discutíamos se os escravos tinham alma, no futuro discutiremos se consciências não humanas e aparentemente criadas por nós mesmos têm direitos legais, direitos à vida e coisas desse tipo. Discutiremos até sua psicologia e pode muito bem ser, e talvez não tarde muito, que o homem seja plenamente superado. Daqui a duzentos anos olharão para nós e se referirão a nós como seres primitivos, extremamente ignorantes. Se pensarmos bem, nós hoje olhamos para cem anos atrás e os seres humanos não tinham noção do que ocorria no mundo, não tinham o nível de informação minimamente parecido com o que temos hoje. Para comunicar-se enviavam cartas que levavam semanas, tinham idéias tacanhas sobre o mundo natural e o universo. O que poderá acontecer em cem anos à frente? Que religião irá sobreviver ao surgimento de uma entidade capaz de dizer “eu sou” dentro de um processador? Será um grande problema.

* René Descartes -  http://pt.wikipedia.org/wiki/Ren%C3%A9_Descartes