segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Não adianta rememorar o passado



(Continuação) Nas cerimônias do Zen nós nunca giramos em sentido anti-horário, porque não adianta rememorar o passado, só podemos andar em frente e tentar construir um carma diferente. Não temos como refazer o passado, como aqueles filmes de viagem no tempo que acabam gerando paradoxos terríveis. Há uma frase que diz “é fácil saber se viagem no tempo existe, se houvesse teríamos viajantes do futuro nos visitando agora”. (Continua)

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Que bom que esquecemos do passado



(Continuação) Nosso problema não é o registro do passado, mas o acesso a ele. Como acessar? Seria impossível para nós vivermos, se nós rememorássemos toda a nossa vida em seus mínimos detalhes e por isso o esquecimento é necessário. Há um conto de Jorge Luis Borges, no livro Ficções, que chama-se Funes, o memorioso. Funes é um indivíduo que lembra cada mínimo detalhe de tudo que aconteceu em sua vida. Cada árvore, cada posição de pés das pessoas, cada palavra dita, cada expressão, tudo. E tudo está presente na mente dele em todos os momentos, então Funes tem que se isolar num quarto escuro e a cabeça dele não para, porque tudo está presente a todo momento. Parece zazen, não é? Então, o esquecimento na verdade é uma benção, é bom que o tenhamos . Todos nós já fomos covardes, abjetos, mentirosos, desonestos, em algum momento. Que bom que esquecemos para podermos viver novamente. (Continua)

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Todo o passado está registrado



(Continuação) Algumas pessoas dizem: mas eu amo meus filhos, minha família, e outras pessoas. Se eu morrer isso desaparece? E a resposta é: nada está perdido. Esse conceito foi construído no budismo há muito tempo e tem um nome chama-se alaya vijnana, o depósito de consciência universal. Alaya é o mesmo da palavra Himalaya, hima é neve, então Himalaya significa depósito de neve. Vijnana é consciência. Então alaya vijnana é o depósito de consciência universal e tem tudo o que aconteceu conosco em todas as nossas vidas. Quando alguém pergunta: como Buda pôde lembrar de 500 vidas quando se iluminou? Não é que ele lembrou 500 vidas, é que ele acessou alaya vijnana. Quando você acessa o depósito de consciência universal pode ver para o passado. Não é “eu lembrei”, mas “tudo já está em alaya vijnana”, o passado todo está registrado. (Continua)

terça-feira, 25 de outubro de 2016

O que fazer com as cinzas dos mortos

O que fazer com as cinzas dos mortos? Resposta: Para um budista espalhar as cinzas na natureza é uma boa idéia. Perceber que retornamos ao universo e podemos facilmente deixar nossos restos mortais se integrar a outros seres vivos é uma bela lição. Diminui o apego e além disto é uma providência ecológica que não causa ocupação e contaminação de terras e lençóis freáticos.

A cessação do sofrimento

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Nós somos o próprio sempre



(Continuação) Esses dias eu escrevi uma frase e achei muito boa: “nós somos o próprio sempre”, precisamos de um salto de compreensão para entender isso. Nada no universo está perdido, porque a informação não pode ser destruída. Algum tempo atrás eu estava lendo um artigo sobre astrofísica e havia a informação de que quando caiu um cometa ele causou determinadas alterações na superfície do planeta e nós podemos deduzir o que aconteceu voltando atrás, fazendo uma regressão. Vamos supor que vocês jogassem uma pedra dentro da água e estivéssemos filmando. Quando ela cai, faz ondas, então rodamos o filme ao contrário e você poderá ver tudo retornando, a pedra saindo da água e voltando para a mão. Nós temos no universo um registro semelhante a isso, de tudo o que aconteceu. Basta rodarmos o filme ao contrário para vermos. (Continua)

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

O budismo pede que nós olhemos um pouco mais longe



(Continuação) A memória do nosso cérebro tem um registro momentâneo e é esse registro sucessivo de momentos que nos dá a consciência de um eu separado. É porque eu me lembro que eu penso que “eu sou”. Mas esse “eu” só está acontecendo como um fenômeno no universo e é um fenômeno temporário. O budismo pede que nós olhemos um pouco mais longe. Em geral as pessoas desejam que o “eu” permaneça para sempre e por isso inventamos almas eternas, espíritos e quaisquer coisas desse tipo. Mas se nós virmos que o “eu” é uma construção, nós verificaremos que ele é evanescente. Nós não temos para onde ir porque jamais viemos, sempre estivemos aqui. (Continua)