sexta-feira, 29 de setembro de 2017

O Caminho Óctuplo - Introdução




Quando terminamos de abordar as Quatro Nobres Verdades, a declaração essencial é: “existe um caminho para remover o sofrimento”. Começamos com o Caminho Óctuplo. O Caminho Óctuplo tem três partes: a primeira parte é a sabedoria; a segunda parte é a moralidade; e a terceira parte é a realização espiritual propriamente dita. 

Então as primeiras partes são, na prática, pré-requisitos para alcançar a iluminação. Como vocês sabem, essa é uma linhagem dentro de uma escola que está focada na realização espiritual, na própria iluminação, que é uma coisa bastante complexa de ser obtida, porque o simples fato de querer chegar a ela é um obstáculo, porque esse desejo é um desejo egóico. Então vamos examinar cada um dos passos do Caminho Óctuplo.

Os dois primeiros abrangem a sabedoria. São a Compreensão ou a Visão Correta e a Intenção, o Pensamento ou o Entendimento Correto. O terceiro é a Fala. O quarto é a Conduta ou Ação Correta. O sexto passo é o Esforço. Os dois últimos são Consciência Correta e Concentração Correta. 

(continua)

[N.E.: transcrição de palestra realizada por Monge Genshô Oshô em novembro de 2016]

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Não há Alma




O ensinamento básico de Buda é anatman: o “a” é como em português (o sânscrito é parente do português, é uma língua descendente do próprio hindo-europeu), esse “a” é negação. Anatman significa sem alma, sem átman. Então, basicamente, o ensinamento budista é  que não existe dentro do homem, nem de nenhum ser, uma partícula permanente, eterna, indivisível que é ele mesmo e que independe do corpo, e que transmigra de corpo para corpo, reencarna ou qualquer coisa que o valha. Este não é o ensinamento de Buda. O ensinamento de Buda é que o carma é que continua, ou seja, existe uma onda de energia no universo que nos manifesta e que tem uma certa coesão e, portanto, quando nós morremos essa onda continua e se manifesta em outro ser, que acaba por dizer a si: "eu sou", e tem noção de uma identidade. 

Então, a identidade própria de cada um de nós é construída nesta vida. Vocês constroem a sua identidade através da operação de suas mentes. Isso explica porque nós perdemos as nossas identidades quando temos uma doença séria como um Alzheimer, um AVC ou uma amnésia - perdemos nossa memória; perdemos a noção de nós mesmos com o ser. 


Portanto, o budismo está analisando que não existe um eu dentro de coisa alguma, nenhum ser tem um eu, individual, próprio, nem nenhuma coisa tem um eu individual.

[N.E.: transcrição de trecho de palestra realizada por Monge Genshô Sensei]