terça-feira, 31 de outubro de 2017
segunda-feira, 30 de outubro de 2017
Zazen e Sofrimento
Aluno: Relaxar e estar presente no momento, é esse
o sofrimento que vem?
Monge
Genshô: Não! Vem todo tipo de
sofrimento. Uma pessoa pode sentar e entrar em fantasias prazerosas, sexuais,
por exemplo. Começar a relembrar e passar todo o zazen assim. Nós chamamos isso
de Naraka, zazen dos infernos: a pessoa mergulhou num prazer que é
aprisionante. Outra coisa é torpor, cansaço, sono, etc., vai dormir durante a prática e aquele zazen é inútil. A pessoa
tem que se sentar atenta, ouvindo a chuva cair no telhado; se ela estiver atenta,
qualquer coisa que aconteça na sala ela sente, se alguém abrir a porta lá atrás
ela não está vendo mas sabe; é outro tipo de atenção e percepção. Os primeiros
estágios são assim, você percebe com nitidez seu corpo, até pode ouvir seu
coração ou sentir o fluxo do sangue no corpo nitidamente. Isso significa que
você está atento, e só a partir daí que você pode ir mais fundo. A primeira
tarefa é parar essa turbulência na mente, e esse primeiro momento será diferente de pessoa para
pessoa, de acordo com a gravidade da turbulência. Então existem muitos
diferentes tipos de dificuldades.
[N.E.: transcrição de trecho de palestra realizada pelo Monge Genshô Sensei]
[N.E.: transcrição de trecho de palestra realizada pelo Monge Genshô Sensei]
sexta-feira, 27 de outubro de 2017
Pensar é Inútil
Monge
Genshô: Eu me lembro de passar um ano me levantando de madrugada para fazer
zazen e no fim do ano eu estava muito desiludido, ainda era leigo, e pensei:
“afinal de contas, o que eu aprendi em um ano me levantando de madrugada para
sentar?", e me veio a ideia do que eu tinha aprendido – “Pensar é inútil”. Você
está tentando resolver os problemas todos pensando, e devemos saber que não é
pensando que vamos resolvê-los.
Aluno: Como resolvemos?
Monge
Genshô: Eu não deveria responder,
mas é através de insights. Você resolve através de uma claridade que lhe vem e
que resolve tudo de uma vez só. Não é através de soluções raciocináveis. É por
isso que muitas pessoas vão fazer terapia psicológica anos e anos raciocinando
na frente do seu terapeuta, e passam 10 anos e ainda não resolvem, porque não é
pensando que nós resolvemos.
Contudo, isso não quer dizer, em absoluto, que as terapias sejam inúteis. Elas são úteis e devem ser usadas por pessoas que estão com dificuldades, mas não
vão alcançar iluminação com isso. Quando uma pessoa tem dificuldades sérias, eu
digo que precisa de uma terapia, ou mesmo um psiquiatra, como na anedota: - O
aluno chega e diz -”Eu acredito em homenzinhos verdes na galáxia de...” - e eu
digo: "sim, está bem. Eles falam com você?". Ele diz: "não". "Ah então não é grave. Se
eles falam com você, então lhe encaminho ao psiquiatra".
Se
essa pessoa sentar em zazen, virão outras alucinações na sua mente, porque mesmo
uma pessoa que está bem e tem discernimento do que é fantasia e realidade, ela
sofre. O Zen tem finalidade diferente: não serve para tratar de distúrbios.
[N.E.: transcrição de trecho de palestra realizada pelo Monge Genshô Sensei]
[N.E.: transcrição de trecho de palestra realizada pelo Monge Genshô Sensei]
quarta-feira, 25 de outubro de 2017
O Monge e a Família
Aluna (Suuen San): Para complementar
um pouco, eu acho que sofrimento existe em qualquer momento da vida. Ser monge
é só um caminho, não é ser um Ser Iluminado, é só um caminho que você escolheu
como qualquer outra profissão que tem as coisas positivas e negativas. Tem
gente que escolhe ser engenheiro da Nasa e tem que viajar, e aí abandona a
família em algum momento, e assim é a vida do monge também. De certa forma é
uma profissão, porque há uma dedicação, e a família tem que estar apoiando isso.
Monge
Genshô: Está muito bem colocado, porque a capacidade de se iluminar não é
diferente entre um monge e um aluno, exatamente como Suuen San disse. E ela
como esposa de monge sabe o que acontece. O monge chega e diz: "fui chamado e
tenho que passar três meses fora, incomunicável". É isso o que acontece. Então, se
tem um lado egóico, ele é contrabalançado por outras coisas, e normalmente, como
tinha dito, é uma fantasia das pessoas imaginar que depois que se tornam monges
é uma maravilha: não é! Só tem um sentido você se tornar monge: trabalhar para os outros.
[N.E.: transcrição de trecho de palestra realizada pelo Monge Genshô Sensei]
[N.E.: transcrição de trecho de palestra realizada pelo Monge Genshô Sensei]
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